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Finanças

Fundo quer aportar R$ 120 mi em empresa no Brasil: ‘Selic não reduz apetite’

Recém-criado, search fund levantou recursos de investidores para adquirir e impulsionar negócio de médio porte no país.

Recém-criado, o search fund Oumua Capital está em busca de uma empresa brasileira para comprar e investir R$ 120 milhões. O objetivo é operar a companhia para acelerar seu crescimento no longo prazo. Ao InvestNews, seu fundador, André Iaconelli, afirmou que a Selic atual não reduz o apetite do fundo pelo Brasil. Segundo ele, o cenário reforça a ênfase em negócios de baixa alavancagem e boa geração de caixa.

André Iaconelli, do Oumua/Divulgação

Search funds, ou fundos de busca, são uma categoria de fundo de investimentos na qual seu administrador levanta recursos para adquirir uma empresa, geralmente de pequeno e médio porte, para ser administrada por ele. Desta forma, o gestor é também empreendedor. Enquanto no venture capital (modelo semelhante) adquire parte de um negócio, os search funds compram 100% da operação.

O modelo é mais popular em países como Estados Unidos, onde existe desde a década de 1980. No Brasil, só ganhou espaço nos últimos anos. Desde 2016, aconteceram 12 aquisições por search funds no país, cinco delas nos últimos dois anos, segundo dados da Universidade Stanford, nos EUA.

O Oumua procura por empresas de qualquer setor, mas o negócio precisa ter resultado operacional (Ebitda) acima de R$ 10 milhões e possuir uma base diversificada de clientes. Ao contrário de outros fundos que investem em empresas, o novo search fund busca empresas com saúde financeira estável, que geralmente se englobam no perfil de médio porte e que já demonstraram ser capazes de sobreviver e se adaptar no mercado.

Para Iaconelli, mesmo relativamente incipiente no Brasil, o modelo de search funds possui forte potencial de crescimento. Segundo ele, o atual momento macroeconômico, com a taxa de juros básica no patamar de 13,75% ao ano, não é um impeditivo para investir no país.

“Uma taxa de juros elevada reforça a ênfase em duas das características principais do nosso investimento: a baixa alavancagem e boa geração de caixa operacional. No entanto, vale destacar que a Selic de hoje não reduz nosso apetite por investir no país, pois nosso horizonte de investimentos é de longo prazo”.

O Oumua tem entre seus investidores institucionais a Kviv e a KYR Capital, no Brasil, AIJ Holdings, Invesiones Cabeides, JB46 e Istria, na Europa, Alza e Cerralvo, no México, e Kinderhook, nos EUA, além de outros investidores e operadores individuais ligados ao segmento.

Iaconelli respondeu a algumas perguntas do InvestNews sobre a criação do Oumua no atual cenário macroeconômico. Confira:

InvestNews: O que uma empresa precisa ter para ter chances de ser adquirida por um search fund?

André Iaconelli: Não existe uma regra explícita sobre quais empresas podem ou não ser adquiridas por um search fund, basta olhar para os tipos de negócios que já foram adquiridos no Brasil: há desde empresas de logística e distribuição de reagentes, até locação de eletrônicos e cursinhos preparatórios para a faculdade. O que há são características mais comuns: baixo endividamento e uma trajetória previsível de receita, bem como uma boa geração de caixa.

No entanto, cada search fund tem uma estratégia específica: na Oumua, damos preferência para negócios mais tradicionais e consolidados. Outros fundos preferem teses com crescimento mais acelerado. Há oportunidades para todos.

Com a taxa de juros em 13,75% ao ano, como este cenário deve influenciar na escolha da empresa?

Uma taxa de juros elevada reforça a ênfase em duas das características principais do nosso investimento: a baixa alavancagem e boa geração de caixa operacional. No entanto, vale destacar que a Selic de hoje não reduz nosso apetite por investir no país, pois nosso horizonte de investimentos é de longo prazo.

Quais setores no Brasil têm sido vistos com mais cautela e mais receptividade pelos search funds?

O Brasil é um país com suas peculiaridades: historicamente a taxa de câmbio é bastante volátil, os juros estruturais são mais elevados e a produtividade é mais baixa quando comparada a alguns dos nossos vizinhos próximos.

Esta conjuntura acaba favorecendo alguns setores que apresentem menos demanda por investimento em ativos imobilizados ou estoques, por isso, historicamente, empresas de software e serviços têm sido mais atraentes para search funds.

No entanto, acredito que qualquer setor possa ser atraente. Estamos ativamente olhando para oportunidades, desde manufatura leve até importação e distribuição de insumos. Gosto de enfatizar que somos abertos a estudar todos os tipos de tese de investimento.

Mesmo em época de juros elevados, o momento é favorável para que os search funds passem a investir mais em empresas brasileiras?

Certamente. A taxa de juros de hoje tem menos impacto quando olhamos para nosso horizonte de investimento e pode até abrir possibilidades de investimentos em empresas que se beneficiariam de uma capitalização para expandir suas operações, mas que estão sujeitas a custos de dívida proibitivos no mercado atual.

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