Ter um gato ou cachorro é a pergunta que já passou pela cabeça de muitos que enxergam em um animal de estimação uma companhia. No Brasil, há pelo menos 80 milhões de cães e gatos nos domicílios, segundo a Abinpet. Já segundo o IBGE, quase 55 milhões de pessoas têm animais de estimação em suas casas.
No entanto, ter um pet faz aumentar as despesas, o que precisa ser levado em consideração no orçamento familiar antes de adotar ou comprar.
A fintech de previdência privada Onze fez um levantamento onde constatou que os gastos com pets podem chegar em média a R$ 450 por mês, considerando gatos ou cachorros de porte médio. No entanto, ter gato acaba saindo mais barato, uma vez que os felinos consomem menos ração assim como os banhos em petshop não são recorrentes. Logo, o custo mensal médio para quem deseja ter um gato é estimado em R$ 150. Dado a expectativa de vida do bichano ser de 13 anos, o investimento médio fica em R$ 24 mil – o que equivale a um terço do valor despendido ao longo da vida de um cachorro.
Mas os pets não geram só gastos, já que é possível investir no setor. O mercado pet cresceu 21% em 2021 impulsionado pela pandemia. Com as medidas de restrição, muitos buscaram nos animais de estimação companhia durante o isolamento. O que fez movimentar uma indústria bilionária de produtos e serviços.
No Brasil, a principal empresa do setor é a Petz (PETZ3), que aumentou sua rede em 40% no ano passado. A companhia já tinha caído no interesse dos investidores quando fez o seu IPO em 2020 e captou cerca de R$ 780 milhões. Porém, quase dois anos depois, a instituição está no grande grupo das estreias de 2020 e 2021 mas que seguem no prejuízo em meio à crise. São 36% de queda acumulada nas ações da rede até meados de julho.
Para o analista Luiz Nuin, da Levante Investimentos, o ambiente de mercado ruim explica a mudança. São poucas as ações com valorização positiva em 2022. E, para ele, Petz é uma tese de investimentos muito boa, de médio prazo. Mas essa tese não resiste, no curto prazo, a todos os problemas por quais passam os mercados mundo afora. Nuin ainda explica que o Brasil tem um dos maiores mercados de animais de estimação do mundo, mas há muita fragmentação. As duas principais marcas, Cobasi e Petz, têm, juntas, cerca de 15% do mercado. O que mostra que 85% está nas mãos do clássico comércio de bairro, do petshop da esquina.
Apesar de ser a única empresa do setor listada na B3, a Petz tem Cobasi e Petlove como concorrentes. Nos Estados Unidos, o setor pet é mais maduro e tem como principais nomes Petco e Chewy. Fundada em 1965, a Petco começou vendendo direto para veterinários, mas se transformou em uma empresa de saúde e bem-estar animal, que busca várias inovações nesse sentido. A empresa também tem programa de assinatura.
Listada na Nasdaq, a Petco (WOOF) também registra queda. Nos últimos 12 meses até final de julho foram mais de 28% de desvalorização. Outro grande nome pet nos EUA, as ações da Chewy (CHWY) despencaram 50% nos últimos 12 meses. O especialista da Levante explica que a leitura para o mercado internacional é a mesma feita no Brasil:
“Na hora do pânico, o mercado bate em tudo, e agora está sem direção”.
Luiz Nuin, analista da Levante
Para ele, algumas questões impactam mais o resultado das ações hoje do que a análise das empresas. Alguns exemplos, são: virá uma recessão? Se sim, de qual magnitude? A inflação global vai diminuir? Como fica a questão de energia na Europa? E a Zona do Euro pode entrar em recessão também?
Enquanto não há resposta para essas perguntas, resta aproveitar a companhia dos animais de estimação, seja gato ou cachorro.
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