Finanças
Dólar fecha em alta e Ibovespa cai, de olho em cenário político
Dólar, que chegou a voltar a ficar acima de R$ 5, é afetado ainda por formação de Ptax.
O dólar fechou em alta, acima de R$ 5 nesta quarta-feira (30), enquanto o principal indicador da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, teve queda. Investidores seguem de olho na reforma tributária, em dia também de repercussão de denúncias de corrupção do governo Bolsonaro na compra de vacinas contra a covid-19. Além disso, ao final da tarde entidades e partidos protocolaram pedido de impeachment de Jair Bolsonaro.
O Ibovespa caiu 0,41%, aos 126.802 pontos. Veja a cotação do Ibovespa hoje. Já o dólar subiu 0,63%, aos R$ 4,9728. Mais cedo, a moeda alcançou a máxima do dia de R$ 5,0222.
O dólar também é afetado por volatilidade devido à formação da Ptax de fim de mês. “Em paralelo, o dólar está trabalhando muito perto de um importante suporte que foi em junho do ano passado: R$ 4,82. Com isso, no curto prazo seria normal começar a ter uma briga entre compradores e vendedores”, explica Hugo Carone, analista da Easynvest by Nubank.
No radar dos investidores brasileiros, “enquanto as incertezas quanto à reforma tributária seguem tirando fôlego dos ativos locais, a nova acusação de corrupção contra o governo na compra do imunizante da AstraZeneca promete manter tensões elevadas em Brasília”, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
O Ministério da Saúde anunciou na noite de terça-feira a exoneração do servidor Roberto Ferreira Dias, acusado de pedir propina a um representante de uma empresa vendedora de vacinas para que a companhia assinasse um contrato de fornecimento do imunizante da AstraZeneca com o governo federal.
Segundo especialistas, a notícia representa escalada nas investigações da CPI da Covid-19 no Senado. “A CPI ajuda a fragilizar a situação do Executivo”, escreveu em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “As propostas de reformas vindas do Executivo devem ‘custar mais caro’ politicamente, assim como sua posição política perante a sociedade fica mais fragilizada à medida que o tempo passa.”
Além disso, no final da tarde, partidos e parlamentares de diversos campos ideológicos, incluindo de direita, além de movimentos sociais, entidades e pessoas físicas protocolaram um requerimento coletivo de impeachment de Jair Bolsonaro, um “superpedido” que aponta crimes cometidos pelo presidente desde o início do mandato.
“Não vemos impacto no curto prazo para o mercado. Apesar do pedido reunir movimentos sociais de diferentes vertentes e alguns congressistas de diferentes posições no espectro político, uma eventual reação mais negativa só deve ocorrer caso a base aliada do governo comece a se esvaziar – o que não parece ser o caso”, comentou Felipe Berenguer, analista político da Levante.
Mais dados do cenário interno
Além do cenário político conturbado, o mercado reage ainda a dados econômicos divulgados nesta quarta. Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) divulgou que o desemprego e o número de desempregados no Brasil permaneceram em taxas recordes nos três meses até abril. Apesar de esperado, tal cenário é desfavorável para uma aceleração no consumo no país.
Para o estrategista-chefe do banco digital modalmais, Felipe Sichel, contudo, nos próximos meses, a aceleração da vacinação deve ajudar no controle da pandemia e na melhora dos indicadores do mercado de trabalho.
Os sinais de agravamento da crise hídrica também estão no radar, segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimento, Newton Rosa, por causa dos potenciais efeitos no comportamento da inflação.
Lá fora
Já no exterior, o foco dos investidores internacionais estava na disseminação da variante Delta do coronavírus, mais infecciosa. Indonésia, Malásia, Tailândia e Austrália estão enfrentando surtos e apertando as medidas contra a covid-19, enquanto Espanha e Portugal anunciaram restrições para turistas britânicos não vacinados.
Ao mesmo tempo, os mercados aguardavam ansiosamente dados sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, que podem fornecer pistas sobre o futuro da política monetária do Federal Reserve (Fed). Este mês, os investidores foram surpreendidos por uma guinada “hawkish” (favorável a alta de juros nos EUA), ou dura com a inflação, na perspectiva de juros do banco central norte-americano.
Dados separados, menos abrangentes, desta quarta-feira mostraram que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA aumentou de forma sólida em junho.
Destaques da bolsa
CCR (CCRO3) valorizou-se 1,28%, após acordo preliminar sobre disputas judiciais com o Estado de São Paulo envolvendo aditivos de concessões acertados em 2006. Pelo acordo, controladas da companhia se comprometeram com pagamento total de R$ 1,2 bilhão de ao governo paulista.
B2W (BTOW3) perdeu 3,8%, com outras varejistas também em queda, após números ainda negativos sobre a recuperação do mercado de trabalho no país. Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,4%, tendo ainda no radar anúncio de que iniciou investimentos para abrir 50 lojas no estado do Rio de Janeiro este ano.
CVC (CVCB3) recuou 0,68%, com os dados de emprego corroborando alguma correção nos papéis, que no mês ainda acumulam valorização de cerca de 13%.
Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) caíram 1,16% e 1,42%, respectivamente, ainda sofrendo com as potenciais mudanças propostas na segunda fase da reforma tributária. Já a unit do Banco Inter (BIDI11) subiu 5,36%, após aprovar pagamento de juros sobre capital próprio e em meio a movimento recente de estrangeiros comprando participações em fintechs brasileiras.
Bolsas mundiais
Wall Street
O S&P 500 registrou nesta quarta-feira sua quinta sessão consecutiva com máximas recordes de fechamento, mas com variação muito discreta, à medida que investidores terminaram o mês e o trimestre ignorando dados econômicos positivos e mirando no amplamente aguardado relatório de empregos dos Estados Unidos.
- O Dow Jones fechou em alta de 0,61%, a 34.502,51 pontos
- O S&P 500 subiu 0,13%, a 4.297,50 pontos
- O Nasdaq Composite recuou 0,17%, a 14.503,95 pontos
Ásia e Pacífico
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,65%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,5%, também auxiliado por dados sobre a atividade industrial fracos que acalmaram temores de um aperto da política monetária.
O índice de start-ups ChiNext, de Shenzen, subiu 2,1% nesta quarta-feira, para uma máxima em seis anos, enquanto o índice STAR50, de Xangai, focado em tecnologia, subiu 1,7%.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,07%, a 28.791 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,57%, a 28.827 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,50%, a 3.591 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,65%, a 5.224 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,30%, a 3.296 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,89%, a 17.755 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 1,33%, a 3.130 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,16%, a 7.313 pontos.
(*Com informação da Reuters)
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