Apesar do dólar ter conseguido segurar alta no acumulado da semana, as reações positivas do mercado financeiro à aprovação da reforma tributária na Câmara, somadas à divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, fizeram a moeda recuar mais de 1% ante o real nesta sexta-feira (7). Já o Ibovespa encerrou em alta tanto na sessão quanto na semana.

No dia, o dólar caiu 1,28%, a R$ 4,86. Na semana, a alta da moeda norte-americana foi de 1,63%. O Ibovespa subiu 1,25%, aos 118.897 pontos, nesta sessão. Na semana, a elevação do indicador foi de 0,69%.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,785%, ante 12,844% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,685%, ante 10,828% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,06%, ante 10,234% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,1%, ante 10,296%.

Cenário interno

O mercado de câmbio já vinha mostrando bom humor desde a abertura, depois que a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada o texto-base da reforma tributária em segundo turno e iniciou a votação de destaques.

A aprovação da medida, que após a conclusão da análise dos destaques em segundo turno será encaminhada ao Senado, é um primeiro passo histórico após décadas de discussão do tema no Congresso. A aprovação da matéria é uma vitória não apenas para o governo, que a considera prioritária, mas também ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que abraçou a proposta e trabalhou ativamente por sua aprovação.

Brasília (DF) 06/07/2023 Comemoração da aprovação em primeiro turno da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.
Brasília (DF) 06/07/2023 Comemoração da aprovação em primeiro turno da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

“Depois de um começo do ano com discussões negativas que aumentaram a incerteza e os prêmios de risco no mercado, chegamos no segundo semestre com a aprovação da reforma tributária do consumo, uma surpresa positiva, que traz um enorme avanço na complexa legislação”, disse Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.

Já o JPMorgan chamou o avanço da reforma no Congresso em relatório a clientes de “importante passo que pode levar a melhorias notáveis ​​do ponto de vista econômico”.

Cenário externo

Acentuando o viés positivo dos mercados, dados do Departamento do Trabalho desta sexta-feira mostraram que a criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em junho. O resultado do relatório conhecido como payroll dissipou temores despertados na véspera por uma surpreendentemente forte abertura de postos privados registrada no relatório da ADP, instituição desvinculada do governo norte-americano.

“O dado de contratações do setor privado em junho veio mais baixo que o esperado e muito mais baixo que o da ADP, de ontem”, disse Pedro Paulo Silveira, gestor da Nova Futura Investimentos. “Com 149 mil contratações, o risco de apertos adicionais (na política monetária dos EUA) pode ser menor.”

Destaques da bolsa de valores

A PCAR3 avançou 10,15%, a R$ 22,14, com o papel ainda reagindo a expectativas envolvendo sua fatia no Éxito. No radar também está o seu maior acionista, o francês Casino, que alertou recentemente sobre o aumento do risco de “default”, enquanto negocia com credores e analisa ofertas. No setor, CRFB3 valorizou-se 5,82%.

A RRRP3 subiu 7,04%, a R$ 32,25, após divulgar dados de produção de junho. A negociação dos papéis também tinha como pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior. No setor, PETR4 cedeu 0,51% e PRIO3 fechou com acréscimo de 3,15%.

A ITUB4 ganhou 1,89%, a R$ 29,14, respondendo por um relevante suporte ao desempenho do Ibovespa, com BBDC4, em alta de 0,68%, a R$ 16,28, ajudando. BBAS3 avançou 1,94% e SANB11 subiu 0,44%.

A CIEL3 fechou em alta de 4,97%, a R$ 4,65. Analistas do BTG Pactual reuniram-se na véspera com executivos da empresa, incluindo o presidente, e afirmaram que a mensagem passada por eles foi construtiva e que enfatizaram que a Cielo continuará a ser mais racional e focada em rentabilidade.

A VALE3 reagiu e terminou com elevação de 0,94%, a R$ 65,46, mesmo com queda dos futuros de minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com queda de 1,9%, a 812,50 iuanes (US$ 112,16) por tonelada métrica. Na mínima, mais cedo, as ações caíram 0,8%.

A EMBR3 recuou 1,99%, a R$ 18,23, entre as poucas baixas da sessão.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta sexta-feira, após dados do payroll.

Dow Jones Industrial Average caía 0,25% na abertura, para 33.837,07 pontos. O S&P 500 abriu em queda de 0,16%, a 4.404,54 pontos, enquanto o Nasdaq Composite perdia 0,08%, para 13.668,07 pontos.

Europa

As ações europeias obtiveram ganhos nesta sexta-feira

O STOXX 600 fechou em alta de 0,10%, a 447,65 pontos, após passar a operar no positivo no meio da sessão depois que dados mostraram que a economia dos Estados Unidos criou o menor número de empregos em dois anos e meio em junho.

As ações europeias sofreram o impacto nesta semana de mensagens “hawkish” (duras contra a inflação) de bancos centrais globais, o que impulsionou os rendimentos e levou investidores a acreditar que as taxas de juros permanecerão altas por mais tempo, e conforme leituras econômicas fracas da zona do euro e da China alimentaram preocupações de uma desaceleração global.

No dia, o setor de químicos liderou os ganhos com uma alta de 1,6%.

O STOXX 600 caiu 3,1% na semana, seu pior desempenho desde meados de março.

Setores como os de construção e materiais, saúde e viagens e lazer lideraram as quedas, com baixas de mais de 4% cada na semana, enquanto o setor imobiliário foi o único a obter ganhos, com um avanço de 0,4%.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em baixa nesta sexta-feira, pressionadas por empresas de computadores e semicondutores, enquanto investidores cautelosos aguardavam mais estímulos econômicos de Pequim e sinais que podem afetar as relações com os Estados Unidos.

*Com informações da Reuters.