Finanças

Ibovespa e dólar fecham em queda após dado de inflação nos EUA

No Brasil, as expectativas ficaram voltadas para o anúncio do novo arcabouço fiscal do país.

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O Ibovespa fechou queda nesta terça-feira (14) pelo quarto pregão seguido, prejudicado nesta sessão pelo tombo de Natura após resultado trimestral fraco, que refreou o efeito positivo de Wall Street, em meio a expectativas relacionadas à próxima decisão de juros do Federal Reserve (Fed). O dólar à vista fechou em baixa ante o real, em meio à cautela dos investidores com a crise bancária nos Estados Unidos.

No dia, o principal índice acionário da B3 caiu 0,18%, aos 102.932 pontos, após acumular perda de 3,2% nos últimos três pregões. O dólar caiu 0,23%, cotado a R$ 5,2563.

Os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram em fevereiro, em meio aos salgados custos de aluguel de moradias, mas economistas estão divididos sobre se o aumento da inflação será suficiente para pressionar o Federal Reserve (Fed) a aumentar a taxa de juros novamente na próxima semana, após a falência de dois bancos regionais.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,4% no mês passado, após avanço de 0,5% em janeiro, informou o Departamento do Trabalho. Isso reduziu o aumento na base anual para 6% em fevereiro, o menor ganho nessa base de comparação desde setembro de 2021. O índice havia subido 6,4% nos 12 meses até janeiro.

Agora, a expectativa é que o Fed aumente sua taxa de juros de referência em 0,25 ponto percentual na próxima semana, além de adotar outro aumento da mesma magnitude em maio.

Os juros futuros refletem cerca de 90% de chances de uma alta de 0,25 ponto percentual neste mês, com cerca de 10% de chance de manutenção. O intervalo atual é de 4,5% a 4,75%. Até o final da semana passada, os mercados financeiros vinham precificando uma alta de 0,5 ponto nos juros na reunião do Fed de 21 a 22 de março para conter a inflação.

Quebra do SVB

Já quanto ao colapso do Silicon Valley Bank, as ações de bancos globais continuaram sendo afetadas nesta terça, com investidores preocupados com a saúde financeira de alguns credores, apesar das garantias do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e de outros formuladores de políticas.

Um indicador de risco de crédito no sistema bancário da zona do euro atingiu seu nível mais alto desde meados de julho, conforme as tensões com o risco de contágio elevaram as preocupações dos investidores sobre o impacto nos credores do aumento das taxas de juros.

Cenário interno

O ministro da economia, Fernando Haddad, apresenta nesta terça o novo desenho do arcabouço fiscal para o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Na segunda (13), o ministro avaliou que, se o governo “acertar a mão” no novo arcabouço fiscal, o impacto sobre a economia será muito mais relevante do que discussões em torno da meta de inflação, que ele defendeu sejam feitas sem ruído.

Destaques corporativos

Natura (NTCO3)

A ação da Natura (NTCO3) caiu 17,49%, a R$ 12,22, após divulgação do balanço da empresa no 4º trimestre.

A fabricante de cosméticos Natura&Co divulgou prejuízo líquido de R$ 890,4 milhões no quarto trimestre, pressionada em parte por receitas menores em todas as linhas de negócios. O resultado é uma piora na comparação com o lucro líquido de R$ 695,5 milhões apurado no ano anterior.

Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4)

As ações preferencias da Gol (GOLL4) avançaram 1,11%, a R$ 7,28. Os papéis da Azul (AZUL4) também registraram alta de 2,83%, negociadas a R$ 12,73, retomando o fôlego que marcou a última semana, em meio a uma série de notícias de ambas, incluindo resultado trimestral, dados de demanda/oferta, acordo com empresas de leasing e investimento.

Raízen (RAIZ4)

A Raízen (RAIZ4) registrou alta de 3,44%, cotadas a R$ 2,71, após o conselho de administração da companhia de açúcar e etanol aprovar o pagamento aos acionistas de R$ 919 milhões em dividendos intermediários. Os dividendos terão como base a posição acionária de 16 de março, e serão pagos no dia 27 deste mês, acrescentou o comunicado.

CVC (CVCB3)

A CVC Brasil (CVCB3) recuou 7,89%, cotada a R$ 3,27. Analistas do JPMorgan cortaram a recomendação das ações para “underweight” e abandonaram o preço-alvo, mesmo após apresentação de reperfilamento da dívida pela operadora de turismo.

“As tendências de crescimento da receita estão aquém das expectativas, refletindo um ambiente de consumo mais desafiador, bem como menor aprovação de crédito ao consumo, especialmente para um segmento de viagem de ‘risco mais alto'”, argumentaram, entre outros pontos, em relatório a clientes.

Destaques Globais

Wall Street

As ações dos Estados Unidos se recuperaram nesta terça, depois que dados de inflação em grande parte dentro da meta e menos nervosismo com o contágio no setor bancário arrefeceram expectativas em relação ao tamanho do aumento da taxa de juros na reunião de política monetária do Fed na próxima semana.

Todos os três principais índices de ações dos EUA fecharam em território positivo.

Segundo dados preliminares, o S&P 500 ganhou 1,67%, para 3.920,02 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 2,14%, para 11.428,55 pontos. O Dow Jones  subiu 1,03%, para 32.145,80 pontos.

Europa

As ações europeias registraram nesta terça seu maior ganho em um único dia em quase três meses, ajudadas por uma perspectiva resiliente para o setor bancário da região em face do colapso do SVB e o crescente otimismo com uma desaceleração nas altas de juros do Fed.

O índice STOXX 600 fechou em alta de 1,5% com ganhos amplos, recuperando-se após acumular queda de 3,9% em três dias.

As ações de bancos europeus subiram 2,5% depois de registrar sua pior queda diária em mais de um ano na segunda, quando medidas dos reguladores dos Estados Unidos para garantir os depósitos do SVB não conseguiram tranquilizar os investidores.

Os investidores também estão aguardando a decisão do Banco Central Europeu (BCE) após sua reunião na quinta, que deve determinar uma alta nos juros de 50 pontos base, segundo expectativas de analistas.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 1,17%, a 7.637,11 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,83%, a 15.232,83 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,86%, a 7.141,57 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 2,36%, a 26.800,98 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 2,23%, a 9.159,00 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 1,40%, a 5.978,61 pontos.

Ásia

As ações da China e de Hong Kong caíram para o nível mais baixo em mais de dois meses nesta terça, à medida que persistiam temores de contágio do colapso do Silicon Valley Bank (SVB).

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,6%, após atingir o menor nível desde o início de janeiro, enquanto o índice de Xangai recuou 0,72%. O Índice Hang Seng, de Hong Kong, teve queda de 2,27%.

As ações de bancos caíram na China e em Hong Kong, pois o medo de uma crise bancária nos Estados Unidos derrubou os mercados asiáticos, apesar das medidas de Washington para fortalecer a confiança após o colapso do Silicon Valley Bank.

Papéis do setor financeiro chinês caiu 1,1% e as ações dos bancos perderam 0,6%.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 2,19%, a 27.222 pontos
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 2,27%, a 19.247 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,72%, a 3.245 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,60%, a 3.984 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 2,56%, a 2.348 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,29%, a 15.360 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,08%, a 3.129 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,41%, a 7.008 pontos.

*Com informações da Reuters.

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