O Ibovespa caiu mais de 2% nesta sexta-feira (19) e acumulou a primeira perda semanal em um mês, com dúvidas sobre o rumo da política monetária nos Estados Unidos corroborando movimentos de realização de lucros no pregão paulista após cinco altas seguidas. Já o dólar ficou no vermelho no encerramento das operações no mercado interbancário e chegou ao fim de uma semana em que a cotação valorizou.

No dia, o Ibovespa recuou 2,04%, aos 111.496 pontos. Na semana, o indicador teve baixa de 1,12%. Nesta sessão, o dólar caiu 0,8%, negociado a R$ 5,1675. Na semana, a moeda subiu 1,87%.

Expectativas sobre o Fed

O dia foi marcado por temores econômicos generalizados diante de sinalizações mais duras de autoridades do banco central dos Estados Unidos.

Várias autoridades do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, disseram na quinta-feira (18) que a instituição precisa continuar elevando os juros para controlar a inflação, mesmo em meio aos temores crescentes de que um avanço intenso demais das taxas derrube a economia numa recessão. 

Num contexto de foco intenso no Fed, investidores devem ficar atentos à conferência anual global de bancos centrais de Jackson Hole, Wyoming, na semana que vem. O chefe do Fed, Jerome Powell, discursará no evento na próxima sexta-feira, e pode fornecer pistas sobre o futuro da taxa de juros.

Cenário interno

Com relação à cena local, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, chamou a atenção para notícias “mistas” no que diz respeito à corrida eleitoral.

Ele avalia que o mercado não vê uma diferença tão grande entre um desfecho de vitória do atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e resultado em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a comandar o Planalto, mas acredita que um cenário de definição do pleito no segundo turno, em vez de já no primeiro, seria visto de forma mais benigna, uma vez que forçaria ambos os principais concorrentes a moderar seus discursos e se aproximar do centrão.

Em meio ao cenário externo adverso e à corrida eleitoral local, Cruz disse que, mais do que tentar prever altas ou baixas do dólar daqui para a frente, “a melhor operação agora é tentar ganhar com a volatilidade”, que deve permanecer elevada pelos próximos meses.

Bolsas mundiais

Wall Street

As ações dos Estados Unidos caíram nesta sexta-feira, em uma ampla liquidação liderada por papéis de megacapitalização, à medida que os rendimentos dos títulos do governo dos EUA subiram. O índice de referência S&P 500 registrou perdas semanais após quatro semanas consecutivas de ganhos.

O rendimento do Treasury de dez anos se aproximou de 3%, máxima em quase um mês. Ações de megacapitalização como as de Amazon.com, Apple e Microsoft cederam, o que pressionou o S&P 500.

Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 1,29%, para 4.228,37 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,99%, para 12.707,00 pontos. O Dow Jones caiu 0,86%, para 33.704,50 pontos.

Europa

As ações europeias caíram nesta sexta-feira e registraram perda semanal, já que o salto recorde nos preços ao produtor alemão em julho aumentou o desânimo sobre as perspectivas econômicas para a maior economia da região e reacendeu os temores de uma recessão.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,77%, a 437,36 pontos, com os papéis de viagens na lanterna.

Ásia e Pacífico

Telão em Xangai mostra flutuações dos mercados acionários 06/01/2021 REUTERS/Aly Song

As ações da China fecharam em baixa nesta sexta-feira em meio à preocupação com o aumento dos casos de Covid-19 e uma recuperação econômica lenta, enquanto as incorporadoras imobiliárias brilharam na semana por expectativas de apoio.

*Com informações da Reuters.