Finanças
Dólar fecha acima de R$ 4,80; Ibovespa cai para 116 mil pontos
Mercado acompanhou discursos de autoridades de bancos centrais.
O dólar à vista fechou a quarta-feira (28) com alta firme ante o real, sob influência do exterior e com parte dos investidores recompondo posições compradas na moeda norte-americana, em movimento de realização de lucros, na esteira da divulgação da ata do Copom no dia anterior.
Já o Ibovespa fechou em queda, com o declínio das ações da Vale (VALE3) prevalecendo sobre o avanço dos papéis da Petrobras (PETR3, PETR4), assim como também pesou o recuo de bancos em meio a dados mostrando desaceleração no crédito e aumento da inadimplência no país.
No dia, o dólar subiu 1,01%, a R$ 4,84, enquanto o Ibovespa caiu 0,72%, aos 116.681 pontos.
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Taxas de juros do mundo
O chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou em um fórum do Banco Central Europeu (BCE) que a maioria das autoridades do BC norte-americano ainda vê duas altas de juros neste ano, e não descartou mais aumento de juros na próxima reunião do banco central norte-americano.
Os operadores agora veem uma chance de aproximadamente 80% de o Fed elevar os juros nos Estados Unidos em 25 pontos-base, para uma faixa de 5,25% a 5,5% em julho, e esperam que o BC mantenha os juros inalterados até o final de 2023, de acordo com a ferramenta Fedwatch do CMEGroup.
No dia anterior, dados econômicos norte-americanos melhores do que o esperado pintaram um quadro mais otimista para a atividade dos EUA, o que pode alimentar expectativas de que o Fed precisará elevar os juros mais duas vezes este ano.
Christine Lagarde, presidente do BCE, disse que o órgão ainda não está vendo evidências suficientes de que a inflação subjacente está em uma trajetória descendente.
“Não estamos vendo evidências tangíveis suficientes do fato de que a inflação subjacente, particularmente os preços domésticos, está se estabilizando e caindo”, disse Lagarde ao Fórum do BCE sobre BCs.
O BCE frequentemente cita a necessidade de uma queda consistente na inflação subjacente como um critério determinante para interromper os aumentos dos juros.
Já o presidente do Banco do Japão (BOJ), Kazuo Ueda, disse que o órgão terá boas razões para mudar a política monetária se ficar “razoavelmente certo” de que a inflação acelerará em 2024 após um período de moderação.
O BOJ espera que a inflação desacelere “por um tempo” devido ao efeito cada vez menor de aumentos anteriores de preços das importações, antes de se recuperar novamente em 2024. “Mas estamos menos confiantes sobre a segunda parte”, disse ele, destacando incertezas sobre se a inflação voltará a acelerar após um período de moderação.
“Se tivermos certeza de que a segunda parte acontecerá, será um bom motivo para mudar a política”, disse ele sobre o que pode levar o BOJ a eliminar gradualmente seu estímulo massivo.
O que tem movimentado o real?
O dia foi marcado ainda pela fraqueza do petróleo no exterior, mas alta dos futuros do minério de ferro na China, enquanto agentes financeiros permanecem ajustando posições após o avanço recente e com a proximidade do encerramento do semestre.
Além disso, no Brasil, por trás do enfraquecimento do real havia “movimento de proteção interna com a possibilidade de novas saídas de investidores estrangeiros do país em função do encerramento do primeiro semestre”, explicou Jefferson Rugik, da Correparti Corretora. Comportamentos sazonais desse tipo ao encerramento de semestres são muito comuns.
Enquanto isso, operadores aguardam a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira em meio a especulações sobre os próximos passos da política monetária. Na terça-feira, a ata da última reunião do Copom mostrou que a maioria dos membros do BC apoiaria uma queda dos juros em agosto caso se mantenha o cenário de arrefecimento da inflação.
A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o BC comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano.
Destaques da B3
A Vale recuou 3,16%, mesmo com o avanço dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com alta de 2,47%. O ScotiaBank, por sua vez, cortou a recomendação dos ADRs (recibos de ações negociados no exterior) da para “sector perform”, de “sector outperform”, bem como reduziu o preço-alvo de US$ 20 para US$ 16.
A Azul (AZUL3) subiu 1,96%, em sessão positiva para o setor, tendo ainda no radar anúncio de que um grupo que representa cerca de 86% de detentores de bônus da empresa com vencimento em 2024 e 2026 concordou com uma proposta de troca de dívida feita pela companhia para prorrogar os vencimentos para 2029 e 2030.
A Petrobras teve alta de quase 1% em ambos papéis em dia de oscilações modestas dos preços do petróleo no exterior. Na véspera, numa atitude rara, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista do julgamento de recurso da Petrobras e adiou uma decisão que pode anular a maior condenação trabalhista já imposta à petroleira
Bolsas mundiais
Wall Street
Os índices S&P 500 e Dow Jones fecharam em baixa nesta quarta-feira diante da perspectiva de novos aumentos na taxa básica de juros dos Estados Unidos.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,02%, para 4.377,37 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq ganhou 0,27%, para 13.591,75 pontos. O Dow Jones caiu 0,19%, para 33.862,84 pontos.
Europa
As ações europeias subiram nesta quarta-feira. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,70%, a 456,05 pontos, acompanhando os ganhos em Wall Street.
As ações da fabricante de equipamentos de chip ASML Holding subiram 2,3%, enquanto a Nordic Semiconductor saltou 6,4%, o que colocou o desempenho do setor de tecnologia como um dos melhores dentre os demais setores.
As ações de semicondutores estavam em foco depois que um relatório afirmou que os EUA consideram novas restrições sobre exportações de chips de inteligência artificial para a China.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,52%, a 7.500,49 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,64%, a 15.949,00 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,98%, a 7.286,32 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,86%, a 27.637,46 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,94%, a 9.481,30 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,36%, a 5.931,64 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China e de Hong Kong fecharam praticamente estáveis nesta quarta-feira, com dados mostrando que os lucros das empresas industriais chinesas caíram em maio e com os investidores preocupados com notícias de que os Estados Unidos estão avaliando novas restrições sobre exportações de chips de inteligência artificial para a China.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 2,02%, a 33.193 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,12%, a 19.172 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ficou estável, a 3.189 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,12%, a 3.840 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,67%, a 2.564 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,28%, a 16.935 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,06%, a 3.207 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 1,10%, a 7.196 pontos.
*Com informações da Reuters.
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