Dólar sobe 2%, acompanhando exterior; Ibovespa cai, pressionado por Vale

O dólar encerrou em forte alta nesta quarta-feira (19), voltando a superar a marca de R$ 5, acompanhando a valorização da moeda norte-americana no exterior, mas também refletindo cautela de investidores sobre detalhes do arcabouço fiscal enviado ao Congresso. Já o Ibovespa caiu mais de 2%, diante de queda das ações da Vale (VALE3) após a mineradora registrar vendas de minério de ferro abaixo do esperado no primeiro trimestre.

No dia, o dólar subiu 2,21%, a R$ 5,0860. O Ibovespa caiu 2,12%, aos 103.912 pontos.

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Repercussão do arcabouço fiscal

No Brasil, o governo formalizou na terça (18) a entrega do projeto da nova regra fiscal ao Congresso, em evento no Palácio do Planalto. O texto estabelece que as despesas poderão crescer até 70% do aumento observado nas receitas recorrentes, visando dar sustentabilidade à trajetória da dívida pública, além de definir limites mínimos e máximos para a alta dos gastos.

Por outro lado, levantando preocupações entre investidores, a proposta prevê exceções à regra de gastos, uma lista com mais de dez tipos de desembolsos que não serão contabilizados nos limites anuais, como a capitalização de estatais e gastos em situações de emergência.

“Em linhas gerais, não houve grandes surpresas no texto, mas o destaque ficou para as exclusões de classes de despesas das regras do novo teto de gastos”, disse equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.

“Dessa forma, o mercado chegou a reagir inicialmente de maneira positiva à apresentação do arcabouço, mas logo devolveu a maior parte dos ganhos.”

Agora, investidores ficam atentos à tramitação da regra fiscal no Congresso, com ampla expectativa de que a proposta avance rapidamente, o que é, num geral, visto como positivo para o sentimento do mercado.

Cenário externo

A alta do dólar sobre o real esteve em linha com o comportamento do mercado internacional. No fim da tarde, o DXY, índice que compara o dólar a uma cesta de seis pares fortes, subia 0,23%, em meio ao salto dos rendimentos dos títulos do governo norte-americano.

“As preocupações com a inflação global e o consequente aperto das condições financeiras se sobrepõem à melhora de mercado impulsionada pelos dados mais fortes da economia chinesa no começo da semana”, disse o Bradesco em relatório desta quarta.

Investidores repercutiram a notícia de que a atividade econômica dos Estados Unidos mudou pouco nas últimas semanas, com moderação leve no crescimento do emprego e aparente desaceleração dos aumentos de preços, de acordo com um relatório do Federal Reserve (Fed) publicado nesta quarta.

“As expectativas de crescimento futuro também permaneceram praticamente inalteradas; no entanto, dois distritos viram as perspectivas se deteriorarem”, disse o banco central dos EUA na mais recente edição do compilado de pesquisas e entrevistas conhecido como “Livro Bege” realizado em seus 12 distritos até 10 de abril.

Na Europa, foram divulgadas as inflações da zona do euro e do Reino Unido. A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro desacelerou fortemente em março, a 6,9%, atingindo o menor nível em 13 meses, segundo a agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado veio em linha com a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal. Em fevereiro, o CPI anual do bloco havia sido de 8,5%.

Já o Reino Unido era o único país da Europa Ocidental com inflação de dois dígitos em março depois de a taxa desacelerar menos do que o esperado, mostraram dados oficiais nesta quarta, reforçando as apostas de que o Banco da Inglaterra aumentará a taxa de juros novamente em maio.

A inflação dos preços ao consumidor caiu para uma taxa anual de 10,1%, disse o Escritório Nacional de Estatísticas, abaixo dos 10,4% em fevereiro, mas bem acima dos 9,8% previstos por economistas consultados pela Reuters e dos 9,2% projetados pelo banco central em fevereiro.

Destaques da B3

Vale

A mineradora Vale (VALE3) caiu 2,88%, a R$ 76,28, após divulgar alta de 5,8% na produção de minério de ferro no primeiro trimestre ante igual período de 2022, enquanto as vendas do fino recuaram 10,6%, dado que foi destacado negativamente por analistas.

Hapvida

A administradora de hospitais e planos de saúde Hapvida (HAPV3) caiu mais de 1,67%, a R$ 2,36, configurando a quinta queda consecutiva. O desempenho negativo na sessão ocorre apesar de o Itaú BBA ter reiniciado a cobertura da ação com recomendação “outperform”.

Petrobras

Os papéis da petroleira Petrobras (PETR4; PETR3) recuaram mais de 3%, negociadas abaixo de R$ 30, com a queda do petróleo diante de temores de que maior elevação dos juros nos Estados Unidos possa pesar no crescimento econômico e reduzir a demanda pela commodity. Além disso, investidores mantiveram no radar notícias sobre as conversas da estatal junto ao Cade em relação a seu programa de desinvestimentos.

Ações fora do Ibovespa

A empresa de gestão de resíduo Orizon (ORVR3) cedeu 7,16%, a R$ 33,60, após anunciar oferta de ações.

A empresa de medicina diagnóstica Dasa (DASA3) teve forte declínio 13,09%, a R$ 6,97, após a empresa precificar oferta primária de ações a R$ 8,50 cada papel, contra R$ 8,02 no fechamento de terça, levantando cerca de R$1,67 bilhão.

Bolsas mundiais

Wall Street

O índice S&P 500 encerrou o pregão quase sem alteração nesta quarta, conforme investidores digeriram um conjunto misto de balanços corporativos, que incluíram relatórios favoráveis de empresas de tecnologia médica, compensados pela fraqueza das ações da Netflix.

O Dow Jones caiu, pressionado por quedas nos papéis da Walt Disney e UnitedHealth Group,  após os resultados de rivais em seus respectivos setores.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 fechou estável, em 4.154,69 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq teve variação positiva de 0,03%, para 12.157,49 pontos. O Dow Jones caiu 0,23%, para 33.898,92 pontos.

Europa

As ações europeias fecharam em leve queda nesta quarta após um alerta da empresa holandesa de chips ASML ter pressionado o setor de tecnologia, enquanto um aumento nos papéis de seguradoras limitou o declínio geral.

O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,1%, a 468,13 pontos, mas ainda pairava em torno dos maiores patamares em 14 meses. Declarações de autoridades do Banco Central Europeu sinalizando mais alta de juros também pesaram sobre o humor dos investidores.

• Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,13%, a 7.898,77 pontos.
• Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,08%, a 15.895,20 pontos.
• Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,21%, a 7.549,44 pontos.
• Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,15%, a 27.933,61 pontos.
• Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,77%, a 9.494,80 pontos.
• Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,38%, a 6.222,32 pontos.

Ásia

As ações chinesas fecharam em baixa nesta quarta devido à recuperação econômica impactada depois que o país abandonou sua política de covid zero e com dados macroeconômicos desiguais do primeiro trimestre pesando sobre o sentimento.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,18%, a 28.606 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,37%, a 20.367 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,68%, a 3.370 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,90%, a 4.124 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,16%, a 2.575 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,62%, a 15.770 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,44%, a 3.324 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,07%, a 7.365 pontos.

Com informações da Reuters.