Enquanto os principais índices de Wall Street registraram desempenho negativo em 2022, o Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, terminou o ano com alta de 12% considerando a variação em dólar.
O desempenho foi em direção oposta à performance negativa de 33% do Nasdaq, 19% do S&P500 e 8,6% do Dow Jones, em um ano marcado por preocupações dos investidores com o ciclo de elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed) e perda de ímpeto da economia dos Estados Unidos.
Com isso, o índice brasileiro teve seu terceiro ano seguido descolado do mercado norte-americano, segundo levantamento feito pelo TradeMap. Nos dois anos anteriores, no entanto, o cenário foi diferente: enquanto os índices norte-americanos subiram em 2020 e 2021, no Brasil a variação do Ibovespa em dólar foi negativa. Veja abaixo:
Especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que, enquanto o ano foi de incertezas para os investidores em Wall Street, alguns fatores ajudaram a puxar o Ibovespa para cima no Braisl. Entre os principais foi o comportamento do preço das commodities. “Nossa bolsa é a maior do mundo em matéria de exposição em commodities, acima de 38% do volume total negociado”, aponta Ricardo Aragon, sócio-fundador da Matriz Capital.
Outro fator que acabou influenciando o Ibovespa no ano foi a alta da Selic. Especialistas apontam que, apesar de juros altos geralmente impactarem a bolsa para baixo, no Brasil o movimento foi iniciado de maneira antecipada pelo Banco Central. Com isso, a elevação da Selic chegou a impactar negativamente algumas ações na bolsa, mas outras saíram beneficiadas.
“Ao passo que a gente ia fazendo política monetária restritiva (alta de juros), ia ancorando expectativa, colocando inflação na meta, a gente viu algumas ações que precisam mais de capital de giro e têm grande parte dos seus fluxos de caixa no longo prazo, essas ações sofreram mais. Mas a gente também viu as ações dos setores mais resilientes irem bem depois que as autoridades conseguiram ancorar as expectativas para o mercado brasileiro”, diz Thiago Calestine economista e sócio da DOM Investimentos.
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