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Finanças

Itaú, BTG e Santander adotam blockchain para apoiar BC com Drex

Bancos estão aumentando o número de funcionários e adicionando recursos na preparação para a estreia da moeda digital oficial do país.

Os maiores bancos do país estão apoiando o Banco Central nos preparativos para lançar a versão digital do real, o Drex.

Itaú Unibanco, BTG Pactual e Santander Brasil estão aumentando o número de funcionários e adicionando recursos na preparação para a estreia da moeda digital oficial do país. A plataforma de blockchain que acompanha a nova moeda impulsionará o mercado de ativos digitais, dizem os bancos.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao contrário de alguns de seus pares em outros países, defende a tecnologia de blockchain desde que assumiu o cargo em 2019. Ele argumenta que ela ajuda o sistema financeiro e que a tecnologia veio para ficar.

As tecnologias de ledger distribuído — tipicamente usadas por criptomoedas — já estão sendo experimentadas em vários partes do setor financeiro. A plataforma Drex, criada e regulamentada pelo Banco Central, utilizará a tecnologia para criar um novo sistema onde os instrumentos financeiros — desde ações a títulos — podem ser “tokenizados,” ou representados digitalmente.

Crédito: Pixabay

O processo permitirá a transferência de ativos por meio de transações digitais, que serão liquidadas na plataforma Drex por bancos e demais agentes autorizados pela autoridade monetária, segundo um porta-voz do Banco Central. A plataforma Drex em si não fornece produtos, apenas oferece um ambiente onde eles podem ser desenvolvidos, disse o Banco Central em resposta a perguntas.

Para os bancos, o movimento do banco central para lançar o Drex contribui para o movimento em direção à digitalização como uma nova fonte de receitas.

O Itaú, que divulga balanço na próxima semana, este ano lançou um produto para a custódia de seus próprios ativos digitais, com planos de estender o serviço aos correntistas. Cerca de 85% dos clientes que negociam criptomoedas têm interesse em manter seus ativos no banco, disse em entrevista José Augusto Antunes Filho, chefe de ativos digitais do credor.

“O Banco Central percebeu que existe um novo investidor, que é nativo do mercado digital. Há uma mudança sócio-geracional em curso e os bancos precisam estar preparados para isso”, afirmou Antunes.

O lançamento do Drex ocorre em um momento em que Singapura, EUA e União Europeia procuram introduzir regulamentações mais rigorosas para ativos tokenizados.

Os reguladores brasileiros, por outro lado, afrouxaram as regras. A CVM agora permite que os fundos multimercado invistam até 10% dos recursos sob gestão em moedas digitais.

Antes da mudança, os fundos de investimento do país não podiam investir diretamente em criptomoedas porque elas não eram classificadas como ativos financeiros.

O Itaú aumentou a sua equipa de ativos digitais de 10 para 66 pessoas nos últimos dois anos sob Antunes. Depois de ingressar no banco como chefe da equipe de ativos digitais no ano passado, ele assumiu a liderança de uma equipe dedicada a Drex.

No BTG, o chefe de ativos digitais André Portilho disse que no ano passado o banco lançou sua própria plataforma de negociação de criptomoedas, a Mynt, com uma equipe de 30 membros que ele pretende expandir.

“Todas as áreas vão ter que estar prontas para implementar essa estrutura nas operações do banco”, afirmou.

O Santander Brasil montou uma equipe dedicada a ativos digitais e tecnologia blockchain este ano, disse Jayme Chataque, chefe sênior da divisão. Chataque preferiu não divulgar o número de profissionais envolvidos.

Espera-se que o Drex seja lançado em 2024, com um programa piloto previsto para terminar em maio. O Banco Central pretende testar a moeda digital junto à população até o final de 2024.

“O impacto potencial é generalizado no banco, porque pode impulsionar não só novos produtos, mas também alterar os existentes”, disse Chataque.

O Brasil tem a vantagem de uma população com alto nível de adoção de criptomoedas. O país teve um aumento de 30 vezes no número de pessoas que negociam criptomoedas desde 2020, segundo a Receita Federal.

Os bancos estão otimistas. O Santander pretende permanecer “fortemente envolvido” com a agenda de inovação do Banco Central, disse Chataque.

“O Banco Central está reunindo todos os participantes para discutir e se envolver sobre como integrar os ativos digitais ao setor financeiro existente, e isso acrescenta clareza e segurança.”

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