Siga nossas redes

Finanças

Momento é de otimismo para a bolsa brasileira; é hora de investir?

Especialistas apontam espaço para alta, mas recomendam cautela na escola dos ativos.

Os bancos de investimentos e especialistas do mercado estão cada vez mais otimistas com a bolsa brasileira diante do iminente corte na taxa básica de juros, a Selic, previsto para agosto. Com isso, diversos especialistas têm elevado as estimativas para o principal indicador da B3, o Ibovespa. Mas, se tudo o que o investidor quer é comprar barato e vender caro, ingressar na bolsa em um momento no qual o Ibovespa supera o patamar dos 118 mil pontos é vantajoso?

B3 (Crédito: Adobe Stock)
Bc (Foto: Adobe Stock)

Especialistas apontam que, considerando o movimento do Ibovespa, a indicação é que ainda há espaço para subir. No entanto, é preciso se atentar aos riscos.

Aline Cardoso, head do research e estrategista de ações do Santander, avaliou em relatório recente que a bolsa pode estar no estágio inicial do chamado bull market cíclico (quando os preços das ações sobem e os investidores ficam mais confiantes), que pode durar até 18 meses.

“A recente melhora nos dados macroeconômicos e de sentimento sinaliza que as partes complexas do cenário de investimentos estão começando a se alinhar, criando um quadro mais coerente e promissor para as ações brasileiras”

Aline Cardoso, head do research e estrategista de ações do Santander

Além disso, recentemente, uma pesquisa comandada pelo Bank of America (Bofa) com gestores de fundos de investimento da América Latina apontou que quase metade dos respondentes (45%) disseram acreditar que o Ibovespa deve atingir entre 120 a 130 mil pontos até o fim de 2023, contra fatia de 20% do estudo anterior.

Entrar ou não na bolsa?

Para Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, há uma janela de oportunidade, uma vez que ainda há bastante espaço para o avanço do indicador – a projeção da casa é que o Ibovespa alcance o patamar de 140 mil pontos em junho de 2024.

“A bolsa está menos descontada hoje do que há cerca de dois meses, mas o nível de valuation (avaliação) das empresas brasileiras ainda não retornou à média histórica de negociação”.

Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora

Peretti explica ainda que a estratégia de esperar o corte na taxa de juros – e a renda fixa menos atrativa – para buscar o investimento em ações pode não ser uma opção vantajosa.

“A grande maioria dos investidores espera os juros baixarem para começar a rotacionar os portfólios para renda variável. Apesar de otimizarem o ganho em renda fixa, muitos acabam se alocando em bolsa de forma tardia ou a preços menos atrativos”, avalia.

Cuidados

A avaliação não é unânime. Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, avalia que a janela de oportunidade ocorreu quando o Ibovespa atingiu a casa dos 96 mil pontos e as ações das empresas se desvalorizaram devido ao cenário macroeconômico naquele momento (com aumento de inflação e da taxa de juros), apesar dos bons resultados operacionais.

“Agora, o Ibovespa deu uma boa esticada. Precisamos entender uma definição de cenário e ver como o mercado vai responder aos próximos passos do Banco Central e às outras pautas econômicas, como as reformas, para que possamos chamar o momento de janela de alocação”, avalia.

Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero

Nicola explica que muito mais do que identificar se o momento é ideal ou não para a entrada da bolsa, o recomendado é analisar a qualidade de cada ativo. Nesse sentido, o especialista lembra que, enquanto há boas empresas que não acompanharam o momento de otimismo recente e, portanto, têm ainda grande possibilidade de valorização, há também ações que tiveram forte elevação e agora são consideradas “caras”.

“Por isso, orientamos o investidor a entender o que faz aquela empresa, quem são os seus concorrentes, como ela é afetada pelos juros ou por outros eventos macroeconômicos globais”, diz.

Onde investir?

Ricardo Peretti, da Santander Corretora, recomenda aos investidores que estão em busca de retornos de médio e longo prazos a formação de uma carteira de ações diversificada. Além disso, a recomendação é alocar os recursos em ações cíclicas – aquelas com forte correlação com o contexto macroeconômico e que devem responder ao esperado ciclo de corte de juros.

“Alguns exemplos de setores que podem ter alívio nas despesas financeiras e melhores resultados com menor pressão sobre o orçamento dos consumidores são: varejo, shoppings, construtoras, logística, locadoras de veículos e bancos”

Ricardo Peretti, da Santander Corretora

O especialista orienta ainda que o investidor evite “concentrações exageradas de portfólio; contrate produtos e serviços condizentes com o seu perfil de risco; acompanhe os investimentos de forma recorrente e baseie suas decisões de investimento em análises fundamentadas e racionais”.

Movimentação na B3

A B3, a bolsa brasileira, tem reportado queda no volume financeiro médio de ações negociadas. No último balanço, referente ao mês de maio, por exemplo, o recuo chegou a 10,9% quando comparado ao mesmo mês do ano passado. Porém, diante do maior otimismo do mercado, o cenário pode ser modificado em breve.

“O cenário-base é que, com o aumento do preço das ações e do interesse dos investidores, o volume da bolsa comece a melhorar gradativamente”, diz Ricardo Peretti.

Nesse sentido, Heitor De Nicola também acredita que a queda nos juros pode ser um catalizador para aumentar a negociação e o volume de negociação na bolsa, “já que a tendência é que, conforme a taxa Selic entre num ciclo de baixa, a renda fixa comece a perder essa atratividade”.

Ao mesmo tempo, o especialista lembra que o corte dos juros será feito de forma gradativa “para ver como a economia e como os dados, principalmente a inflação, vão reagir as reduções nos juros”, e que o aumento no volume de negociações das ações pode levar de um a dois anos.

Segundo dados da B3 sobre opção de Copom, na sexta passada o mercado via 48% de chance de corte de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião de agosto. Hoje, esse percentual já está em 61%. Ao mesmo tempo, as projeções de manutenção caíram de 28,5% na semana passada para apenas 14% agora.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.