As posições favoráveis ao real parecem agora “esticadas” depois de meses de valorização da divisa brasileira, disseram estrategistas do Morgan Stanley, que passaram a ter visão “neutra” para a taxa de câmbio.
Esse entendimento causou o fechamento de uma posição comprada em real contra o peso mexicano. Entre os motivos para a maior cautela com o real, os profissionais citaram leitura de que a barra para surpresas “hawkish” por parte do Banco Central está alta, uma vez que a curva de juros embute aumento de 100 pontos-base da Selic na próxima reunião do Copom (3 e 4 de agosto), com taxa de 7% ao fim do ano.
“Dessa forma, embora o ciclo de alta (de juros) em curso deva continuar a fornecer suporte para o real, achamos que o carregado posicionamento comprado e um dólar potencialmente mais forte (no mundo) podem desencadear alguma retração da moeda (brasileira) no curto prazo“, disseram estrategistas em relatório.
“Passamos a ficar neutros no real, mas poderíamos reavaliar (essa recomendação) uma vez o posicionamento e os valuations do real ficarem mais limpos.”
Os juros mais altos ajudam o câmbio uma vez que aumentam os diferenciais de retornos oferecidos na comparação com rivais como o peso mexicano.
De forma geral, o Morgan Stanley mantém visão negativa para as moedas da América Latina, deixando intacta preferência por apostas na alta do dólar contra os pesos colombiano e mexicano. O real ainda é a moeda preferida pelo banco na região, mas com as ressalvas citadas anteriormente.
Numa análise mais ampla, os estrategistas seguem com avaliação pessimista para moedas emergentes, num contexto de dólar globalmente mais forte na esteira da mudança de tom do Federal Reserve (banco central dos EUA), de dados mais robustos nos EUA e de um posicionamento mais limitado na moeda.
“Ao mesmo tempo, os riscos da covid-19 nos mercados emergentes permanecem altos, com a variante Delta circulando em meio a taxas de vacinação relativamente baixas. O impacto deste último fator fica claro nas crescentes restrições em mercados emergentes e na recente amenização nos dados de PMI”, disseram estrategistas do Morgan Stanley.
As divisas emergentes tinham perdas generalizadas nesta terça-feira (06), com o dólar em forte alta de 2% e voltando a R$ 5,20, em meio à ansiedade geral sobre a ata do Fed (a ser divulgada na quarta-feira (07)).
O dólar no Brasil acumulava alta de 5,8% desde a mínima de R$ 4,9062 atingida em 24 de junho, quando registrou baixa de 14,9% em relação à máxima de 29 de março (R$ 5,7681).
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