Depois da forte queda de 2,95% no Ibovespa na véspera, a sexta-feira (26), último pregão do mês, indica ser de cautela para os investidores já que a taxa de juros (treasuries) com vencimento em dez anos continuando a subir, agora em 1,60%, patamar mais alto em um ano. Assim, com as bolsas asiáticas e europeias em queda enquanto os futuros dos índices americanos oscilam entre ganhos e perdas, a pressão vinda do exterior deve impactar negativamente enquanto, por aqui, o dia também será movimentado.
No cenário político, o principal destaque é para o adiamento da leitura do relatório da PEC Emergencial, com as falas de Jair Bolsonaro de que o novo auxílio se estenderá por quatro meses num valor de R$ 250 e que voltará a partir de março.
Entre os indicadores macroeconômicos, as atenções se voltam para a taxa de desemprego relativa a dezembro no Brasil, que caiu para 13,9%. Apesar da queda, o número veio dentro do esperado e representa a maior taxa para o ano desde 2012.
Por fim, no cenário corporativo, Vale, Localiza, BRF, Minerva e Fleury divulgaram seus resultados do quarto trimestre de 2020. Entre eles, os números de Vale chamam a atenção. Com uma receita líquida 48% maior e um Ebitda também 20%, ambos em relação ao 4T19, a empresa alcançou uma geração de caixa de US$ 5 bi e ainda anunciou o pagamento de dividendos de R$ 4,26 por ação. As despesas com Brumadinho e Covid somaram US$ 4,7 bi no trimestre, ainda sim a companhia reportou um lucro líquido de US$ 739 mi.
Outro destaque desta sexta-feira são os números de Localiza (RENT3). Apesar da receita líquida abaixo do esperado, o Ebitda e o lucro líquido vieram acima da expectativa. Outro destaque da companhia é o anúncio de mudança no CEO. Em meio à combinação de negócios com a Unidas, a empresa anunciou que Bruno Lasansky ocupará o cargo de presidente a partir de 27 de abril no lugar de Eugênio Mattar.
Na companhia desde 2016 e atual COO da Localiza, a mudança no comando não deve trazer maiores impactos já que Mattar continuará presente, agora como presidente do conselho de administração.
Análise Gráfica – IBOV
Depois de ter furado o suporte dos 115k o próximo mais forte estaria apenas na faixa dos 106k, mas por enquanto a linha de retorno do canal de baixa é respeitada na região dos 112k. Essa formação no primeiro momento nos leva a pequenos topos e fundos descentes com isso temos uma resistência um pouco antes do último topo, 119.800. Lembrando que no atual momento o semanal estaria trabalhando abaixo da média exponencial de 9 períodos.
Cenário global e bolsa brasileira no pregão anterior
Volatilidade, cenário externo negativo, Petrobras voltando a cair forte e apenas duas empresas em alta no Ibovespa. Esse é um pequeno resumo do que está por trás da forte queda de -2,95% do principal índice de ações brasileiro nesta quinta-feira (25).
Antes de comentar sobre a estatal brasileira, o próprio cenário externo já não era positivo diante de uma nova alta nas treasuries de 10 anos, que renovaram máxima. A alta dos juros nos títulos de renda fixa americanos torna investimentos de risco como ações na bolsa menos atrativos, pois as treasuries são consideradas os ativos mais seguros do mundo.
Já no cenário doméstico, apesar do dia ter começado bem após o presidente Jair Bolsonaro ter ido à Câmara dos Deputados para entregar pessoalmente o projeto de lei que abre caminho para a privatização dos Correios, o cenário externo e virada na Petrobras (PETR3/PETR4) foram importantes na virada de humor da bolsa brasileira.
Apesar do forte resultado alcançado no 4T20 divulgado na véspera, as ações da Petrobras caíram 5%. A principal explicação pode estar no comentário do presidente Bolsonaro. Segundo ele, a “nova dinâmica” na Petrobras “vai surpreender positivamente quem depende dos seus produtos”. A reação negativa do mercado se deu pois a declaração pode ser interpretada como uma intenção de intervir nos preços de combustíveis vendidos pela estatal.
Além de Petrobras, Ambev (ABEV3), Ultrapar (UGPA3) e AES Brasil (TIET11) também divulgaram seus números. Entre elas, o principal destaque é para a Ultrapar. Segundo maior queda do Ibovespa ao recuar -7,5%, a companhia foi impactada pela pior performance operacional da Ipiranga, seu principal negócio, e viu seu Ebitda, excluindo os efeitos não recorrentes, recuar 11% na comparação anual e mostrando resultados piores que os do trimestre anterior.
O mercado agora espera pelos dados da mineradora Vale (VALE3) a serem divulgados na noite desta quinta-feira.
* Esse é um conteúdo de análise de um especialista de investimentos da Easynvest, sem cunho jornalístico.