Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) – A MRV&Co projeta lucro líquido entre 250 milhões e 290 milhões de reais este ano para sua unidade MRV Incorporação, após lucro atribuível aos acionistas de 168 milhões de reais para a operação em 2023.
Para o ano que vem, a previsão é que esse o lucro fique em um patamar entre 700 milhões e 850 milhões de reais, mais que o dobro do resultado esperado em 2024, mas abaixo de projeção anterior, que previa lucro líquido de 700 milhões a 1 bilhão de reais para 2025.
As projeções foram divulgadas durante evento da MRV&Co para investidores nesta sexta-feira, com a presença do presidente, Rafael Menin, e do diretor financeiro, Ricardo Paixão.
O presidente do grupo afirmou que o cenário atual é de inflação controlada e de um ecossistema “extremamente favorável” para o programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.
“O que estamos vendo hoje certamente é o melhor ambiente para a incorporação econômica em muitos e muitos anos, talvez o melhor ambiente dos últimos dez anos”, disse Menin durante a transmissão, citando ajustes no MCMV e na taxa de juros, a recente regulamentação do Regime Especial de Tributação (RET) de 1% e as expectativas pelo lançamento do FGTS Futuro.
A margem bruta da MRV Incorporação deve ficar entre 26% e 27% em 2024 (de 26-28% esperado anteriormente) e 29,5% e 31% em 2025 (de 30-33% antes previsto), segundo os executivos.
A companhia também prevê receitas operacionais líquidas (ROL) maiores para o segmento em 2024 e 2025 versus o “guidance” apresentado no ano passado.
Agora, a MRV&Co espera receita operacional líquida de 8 bilhões a 8,5 bilhões de reais para a incorporação este ano, acima da faixa de 7,5 bilhões a 8 bilhões de reais prevista anteriormente; e no ano seguinte, de 9 bilhões a 9,5 bilhões de reais, em vez de 8 bilhões a 8,5 bilhões de reais.
Em geração de caixa, a expectativa é de que a MRV Incorporação apresente fluxo positivo de 300-400 milhões de reais em 2024, e de 500-700 milhões em 2025.
A dívida líquida sobre patrimônio líquido para este ano é esperada entre 36% a 34% (vs. 39-47%), enquanto, para 2025, o indicador deve ficar entre 26% a 20% (vs. 20-30%), de acordo com a empresa.
Os executivos esperam uma margem bruta de novas vendas em torno de 35% ainda este ano. As projeções não consideram o lançamento do FGTS Futuro, nem outras modificações estudadas pelo governo no MCMV, segundo o diretor financeiro.
ESTRATÉGIA PARA A RESIA
Os executivos também disseram nesta sexta-feira que avaliam algum “movimento societário” na subsidiária norte-americana Resia, a fim de trazer maior flexibilidade à companhia em relação à decisão de venda de ativos.
Menin explicou que um dos objetivos para a companhia este ano é “acertar o timing da venda de cada propriedade”, e que em alguns momentos precisou vender ativos com margens mais baixas do que se fossem vendidos mais tarde.
“A gente fez porque a Resia está debaixo da MRV&Co, que consolida a dívida da Resia. Então, se a Resia, de alguma forma, não impactar na dívida da MRV, a decisão de venda talvez se postergue um pouco, porque claramente o mercado americano vai melhorar nesse ano, e no ano que vem vai melhorar muito”, acrescentou o CEO.
“Caso haja alguma mudança societária de Resia, a decisão de vender ativos provavelmente muda também.”
Separadamente, o diretor financeiro disse a jornalistas que ainda não há um modelo definido para a operação. “A gente quer passar por algum caminho em que no futuro a gente tenha as duas companhias separadas”, afirmou Paixão.
“Agora, se é uma cisão, um spin off, um split off, se é abertura de capital, entrada de parceiro, a gente não tem isso definido ainda”, acrescentou. O executivo não revelou se já havia um assessor contratado para a operação.
A empresa sediada nos Estados Unidos prevê a venda de quatro projetos este ano, mas sem data exata estabelecida. Eles ainda reforçaram o compromisso de não queimar caixa em 2024 na subsidiária.
Adquirida pela MRV&Co em 2020, a Resia é uma companhia especializada na construção de imóveis residenciais para locação e posterior venda.
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