Embora investidores estejam impacientes para que o Federal Reserve entregue seu último aumento de juros para reforçar a aposta em renda variável, o histórico do mercado acionário recomenda cautela nessa estratégia enquanto a inflação continuar elevada, de acordo com estrategistas do Bank of America.
Análise de Michael Hartnett e equipe mostrou que as bolsas tiveram melhor desempenho depois que o Fed parou de subir os juros durante os períodos de desinflação nos últimos 30 anos.
No entanto, durante a era da inflação persistentemente alta nas décadas de 1970 e 1980, os índices acionários caíram após o último aumento das taxas, escreveram em nota. No ciclo atual, a equipe espera que o último aumento dos juros pelo Fed ocorra em março de 2023.
As bolsas dos EUA já recuaram esta semana em meio ao rali recente neste quarto trimestre. Sinais de uma economia resiliente reforçaram temores de que o Fed possa manter o aperto da política monetária por mais tempo, levando ao risco de uma retração no próximo ano. Cerca de US$ 5,7 bilhões saíram de fundos globais de ações na semana até 7 de dezembro, informou o Bank of America, que cita dados da EPFR Global.
Alerta sobre retornos fracos em 2023
Nesta semana, estrategistas do Citigroup ecoaram alertas sobre retornos mais fracos em 2023, dizendo que a recuperação deixou os “valuations” caros novamente.
Uma pesquisa da Bloomberg News com gestores de fundos globais também destacou a persistência da inflação e a recessão como os principais riscos para o mercado acionário em 2023. Ainda assim, a maioria dos entrevistados está otimista e espera ganhos de dois dígitos após o pior ano para as bolsas desde a crise financeira global.
Hartnett, do Bank of America, recomenda a compra de ativos com bom desempenho em um cenário de inflação alta, mas estável, bem como apostas em commodities, bancos, empresas de pequena capitalização (“small caps”), ações de valor, além de ativos europeus e de mercados emergentes. Os investidores devem evitar ações de tecnologia, private equity e crédito privado, disse em nota.
Os dados de fluxos, por sua vez, mostraram que fundos de ações europeus tiveram saídas pela 43ª semana consecutiva. Por estilo, fundos com ações de valor dos EUA tiveram entradas, enquanto portfólios com “small caps”, companhias de grande capitalização e ações de crescimento registraram resgates.
Entre setores, consumo e serviços de comunicação receberam baixos volumes, enquanto matérias-primas e tecnologia registraram saídas de US$ 300 milhões e US$ 200 milhões, respectivamente.
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