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Finanças

Penalizadas por Selic alta, ‘small caps’ devem ganhar tração em 2024

Essa é a perspectiva de especialistas; volta do investidor estrangeiro deve puxar também papéis de grandes companhias.

Após um longo período de juros altos que beneficiou a renda fixa, os investimentos em renda variável devem ter sua atratividade aumentada de forma paulatina ao longo de 2024. Nesse cenário, por motivos diferentes, as perspectivas são favoráveis tanto para ações de empresas maiores como menores: enquanto as chamadas “blue chips” podem se beneficiar da volta do investidor estrangeiro com mais força para o mercado brasileiro, as small caps devem se recuperar após terem sido mais penalizadas pela política monetária apertada.

imagem decorativa: fachada B3 ibovespa
Vista externa da B3, em São Paulo (SP) 26/02/2020 REUTERS/Rahel Patrasso

Nos últimos meses, o Banco Central reduziu a Selic em 2 pontos percentuais, a 11,75% ao ano, em um cenário de inflação mais controlada. A previsão é de que os juros continuem caindo, podendo chegar a 9% em 2024. Assim, a atenção do investidor se volta às empresas que devem se beneficiar dessa mudança de contexto na política monetária.

“A gente saiu de uma taxa de juros de 2% para uma taxa de juros de 13,75%. Foi bastante ruim para as empresas dos setores sensíveis a juros, que são normalmente as voltadas para o mercado local”, comenta Isabel Lemos, gestora de renda variável do Fator. 

Ele observa que 2024 deve começar com reformas caminhando, inflação abaixo do esperado. “É aí você tem um viés muito mais positivo para as empresas, principalmente para as empresas que foram muito penalizadas”, complementa.

Mas Caio Schettino, head de alocações da Criteria, pondera que “a transição para renda variável será paulatina, até porque há temos dívidas de alta qualidade de crédito com remuneração média de CDI+ 2% a.a., o que garantirá o desejado 1% ao mês com liquidez e segurança ao longo de 2024”. 

Assim, ele diz que, “olhando para 2024, será necessária uma mudança no comportamento dos investidores, que nos últimos anos procuraram teses geradoras de caixa e alta distribuição de dividendos em renda variável.”

“O modelo [Luis] Barsi deu certo, mas não será assim para sempre.”

Caio Schettino, head de alocações da Criteria.

A mudança nos juros não é o único ponto que deve direcionar as tendências para a renda variável em 2024, como aponta Lemos, do Fator.

“Junto com esse cenário de curvas inclinando, tem o valuation das empresas. Quando você olha tanto para o fluxo de caixa como por análise por múltiplos, elas parecem bastante atrativas. Claro que não são todas as empresas. Mas uma seleção aparece bastante atrativa”

Isabel Lemos, gestora de renda variável do Fator.

Há ainda outra perspectiva favorável para o ano que vem: a expectativa de volta dos estrangeiros com mais força para o mercado brasileiro, especialmente se confirmado o cenário de juros mais baixos nos Estados Unidos, como se prevê.

“Se de fato essa curva de juros americana começar a cair no ano que vem, em maio a gente pode ter até uma entrada maior de fluxo de investidores estrangeiros”, diz Lemos.

Bolsa: setores e empresas promissores para 2024

Com visão de espaço para crescimento, as empresas com menor valor de mercado (as chamadas small caps) então no foco dos especialistas para 2024. Schettino, da Criteria, afirma que “setores mais alavancados devem se destacar”. 

“Em cenários de corte da taxa Selic, o índice small cap, que tem maior exposição a teses de crescimento, sempre superou o Ibovespa. Entendemos que desta vez não será diferente”, diz ele. 

No Fator, também há olhares direcionados para esse tipo de companhia, conta Lemos. “Essas empresas, pela característica delas, foram muito penalizadas pela alta de juros e quando a gente teve outras incertezas”.

Reviravolta das ‘small caps’

O Ibovespa, principal indicador da B3, terminou 2023 com alta de 22,28%, o melhor desempenho desde 2019. Já o índice de Small Caps fechou o ano com uma valorização de 17,12%, “marcando uma reviravolta positiva após três anos de rentabilidades negativas, de 2020 a 2022”, destaca Einar Rivero, diretor da Elos Ayta Consultoria.

De olho no cenário previsto para o mercado, Lemos cita alguns setores da bolsa vistos como promissores para os próximos meses. “São setores como imobiliário, uma ou outra dentro do setor de varejo, de vestuário, empresas dentro do setor industrial, do setor de transportes”, lista ela, mencionando ainda “algumas empresas do setor de shoppings, uma ou outra empresa no setor de alimentos e também no setor de serviços”. 

Já Schettino comenta as perspectivas traçadas pela Criteria e as empresas que devem trazer retorno positivo ao investidor em renda variável – incluindo grandes companhias. “Priorizamos as empresas blue chips que foram as primeiras a se destacar com a entrada do fluxo estrangeiro, ações como: Itaúsa, Localiza, Banco do Brasil, Ambev, Vale, Petrobras, Cosan e Suzano”

Ele conta que, “olhando para 2024, a mesa de renda variável está analisando teses com maior valor a destravar em seus balanços conforme a taxa básica de juros retraia”. Ele cita empresas como: Aeris, Kepler Weber, Jalles Machado, Smart Fit, Porto Seguro, Iguatemi, Allos, JHSF e Cyrela.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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