O Drex (real digital) ainda está em piloto no Brasil, mas já promete revolucionar o mercado de capitais brasileiro em termos de custos e acessibilidade, segundo Alessandro Fraga, especialista em infraestrutura financeira no Banco Central.
“Trazendo um exemplo, a gente estima que vai baixar muito o custo fixo da formação dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Hoje, estimamos captação necessária entre R$ 20 milhões a R$ 50 milhões para que um FIDC seja viável e colocado no mercado”, afirmou Fraga durante participação no XSummit, fórum online organizado pela Bloxs, plataforma focada em Capital Markets as a Service (CMaaS).
Mas por que o Drex pode baratear essas operações? Jéssica Mota, diretora de desenvolvimento de negócios da Bloxs, explica que a atividade dos agentes de mercado é, muitas vezes, redundante.
Um exemplo é no processo de securitização (que é a transformação de uma dívida por exemplo, em título financeiro), como ocorre na emissão de CRIs e CRAs. A operação envolve agente fiduciário, escriturador, agente custodiante, banco liquidantes, dentre outros.
Com o Drex, os únicos agentes necessários para uma securitização serão uma securitizadora e uma depositária.
“O controle de titularidade, por exemplo, é feito pela depositária, pelo escriturador e pelo custodiante do investidor, mas a grande maioria das atividades é automatizável. O smart contract (contrato inteligente que permite que as transações financeiras sejam concluídas quando todas as condições forem cumpridas) pode substituir a participação de um agente, de fato, por um protocolo inteligente”.
O Drex também poderá agilizar processos, já que centralizará as informações. “É possível ter um fluxo de estruturação mais rápido, porque essa troca de informações hoje é feita totalmente por email, o que acaba demandando muito tempo para estruturar uma operação. Se for pensar numa operação de CRI e CRA, estamos falando de três a quatro meses para conseguir ser liquidada”, diz.
O custo de crédito, que fica mais caro com a assimetria informacional – quando as informações não são padronizadas para todo o mercado – também poderá ser reduzido com o Drex.
“A partir do momento que se tem uma plataforma que centraliza as informações, as transações e traz confiança para os negócios, esse custo do crédito tem de a diminuir”.
Fraga, do BC, avaliou que essa facilidade permitida pelo Drex abre a possibilidade para que pequenas empresas também captem recursos por meio dos instrumentos financeiros.
“É uma maneira de não depender tanto dos investidores institucionais (empresas e fundos, por exemplo) para viabilizar as captações de maneira geral no mercado”, disse.
O que é Drex?
O Drex é o real em formato digital. Ainda não há uma data específica para o lançamento, mas ele está em fase de testes em ambiente restrito.
O Drex vai permitir que vários tipos de transações financeiras seguras com ativos digitais e contratos inteligentes estejam feitas.
Para ter acesso à Plataforma Drex, será necessário, de acordo com o Banco Central, um intermediário financeiro autorizado, como um banco. Esse intermediário fará a transferência do dinheiro depositado em conta para uma carteira digital do Drex, para que o cidadão possa realizar transações com ativos digitais.
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