As ações da Eletrobras (ELET3) operam em queda nesta terça-feira, chegando a perder quase 4%. O mercado repercute o anúncio feito na noite anterior sobre a saída de Wilson Ferreira Júnior, CEO da companhia privatizada no ano passado. O executivo Ivan de Souza Monteiro foi eleito para o posto, saindo assim do cargo de presidente do colegiado.
Às 11h30, as ações amargavam queda de 3,19%, cotadas a R$ 35,24. Na mínima do dia, os papeis chegaram a cair 3,81%, a R$ 35,01.
Apesar de o comunicado não informar o motivo da renúncia de Ferreira Júnior, analistas do BTG e do Santander não descartam especulações de interferência do governo ou divergências com o conselho.
Em relatório divulgado ao mercado pela manhã, os especialistas do BTG apontaram surpresa com a notícia, uma vez que haviam se reunido na véspera com Ferreira. A falta de detalhes sobre o motivo da saída do executivo chama atenção, em especial, por especulações da imprensa sobre o movimento poder vir a ser uma articulação do próprio conselho.
“O comunicado não detalhou os motivos sua saída, mas vários meios de comunicação especulam que isso pode estar ligado a: (i) pressão do governo; e/ou (ii) divergências com o conselho. Nós acreditamos que seja o último”.
trecho de relatório do btg pactual
Reportagem do jornal “Valor Econômico” aponta que a renúncia de Ferreira estaria associada a opiniões divergentes que ele tinha com o conselho da elétrica sobre como administrar a companhia. Para o BTG, não foi exatamente algum evento específico que levou à renúncia, mas sim, “uma sequência de pequenos eventos”.
A análise do Santander é semelhante, uma vez que cita possíveis especulações de que a saída de Wilson tenha alguma relação com a interferência do governo.
“De acordo com o Brazil Journal, a relação entre o Sr. Wilson e a Eletrobras e o conselho de administração estava tenso há algum tempo, criando uma razão mais lógica para uma saída, em nossa visão”.
santander, em relatório
O site de notícias apontou que a troca do executivo vem em um momento delicado, uma vez que o governo Lula vem atacando não é de hoje a privatização da elétrica.
O substituto
Os analistas disseram ainda acreditar que o CEO recém nomeado tem o “background” certo para “navegar adequadamente no cenário político, levando a um benefício potencial no longo prazo”.
O Santander e o BTG destacam o fato de Ivan de Souza Monteiro ser considerado um dos principais do setor e provavelmente o “maior conhecedor de Eletrobras”.
Os mandatos como CEO entre 2016 a 2021 e de 2022 até o momento foram considerados bem sucedidos pelos analistas, assim como as posições-chave como CFO do Banco do Brasil, CEO da Petrobras e Presidente do Credit Suisse.
“Esperamos que o novo CEO junto com esta nova equipe de gerenciamento continue na direção certa para entregar sua tão esperada reviravolta”
BTG, em relatório
O BTG recomenda compra para os papeis ELET3 a um preço alvo de R$ 53 para daqui 12 meses. Já os analistas do Santander apontam o preço alvo de R$ 59,49 com desempenho “outperform” (acima da média do mercado).
Mas a área de research do banco espanhol pondera que a saída de Wilson aumenta a incerteza sobre a capacidade da companhia de manter o ritmo de recuperação operacional, como vinha sendo demonstrado ainda antes da privatização – mas sob o comando do agora ex-CEO.
“Apesar de nossa expectativa de um mercado negativo nas primeiras horas do pregão de hoje, esperamos uma recuperação parcial durante o dia. O senhor Ivan Monteiro é um gestor respeitado, com passagens positivas na Petrobras e no Banco do Brasil, mitigando qualquer interrupção significativa no processo de recuperação, em nossa opinião”.
trecho de relatório do santander
Os analistas comentaram ainda que veriam qualquer movimento de baixa na cotação dos papeis como uma oportunidade de compra.
Veja também
- Eletrobras assina conversão de contratos de termelétricas compradas pela Âmbar
- A rotatividade no topo das empresas brasileiras é alta. Os headhunters tentam mudar isso
- Com dívida “impagável” e o maior furto de energia do país, Amazonas Energia abre o jogo
- Com R$ 18 bilhões de subsídios, empresas mergulham na corrida do hidrogênio verde
- Governo vai antecipar R$ 7,8 bilhões de recebíveis da Eletrobras para tentar baixar a conta de luz