As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) futuros registravam elevação nesta quinta-feira (23), com o mercado repercutindo o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que na véspera decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. A decisão veio em linha com a expectativa do mercado.
O contrato com vencimento em janeiro de 2025, por exemplo, abriu a 12,27% e, no início da tarde, atingia 12,19%, contra 12,03% do fechamento de ontem.
Copom mais ‘hawkish’
Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, explica que o comunicado foi visto como mais “hawkish” (com tendência de elevação de taxa de juros) pela ampla maioria dos analistas, o que esfriou as apostas de um corte da Selic no curto prazo.
“Cabe destacar a elevação das projeções de inflação, o aumento da preocupação do Comitê com a desancoragem das expectativas, a manutenção da frase referente à possibilidade de voltar a elevar os juros e a não inclusão, como risco baixista, da possibilidade de o novo arcabouço fiscal ser visto como crível”, explicou.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, avaliou o comunicado como sóbrio e duro.
Na análise de Alves, o comitê foi na contramão das expectativas de agentes de mercado mais otimistas, que esperavam um tom mais leve e até mesmo uma eventual antecipação de corte de juros para o curto prazo.
“Apesar das reiteradas críticas (do governo) ao Banco Central e ao Roberto Campos Neto, o BC manteve a postura de que fará o necessário ‘independentemente’ para conduzir a inflação para a meta, e ele avalia que a melhor forma para a desancoragem das expectativas de inflação de longo prazo é através da manutenção da taxa de juros em 13,75% por mais tempo”.
IDEAN ALVES, SÓCIO E CHEFE DA MESA DE OPERAÇÕES DA AÇÃO BRASIL INVESTIMENTOS
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