A Vale (VALE3) encolheu a sua distribuição de dividendos em US$ 1,8 bilhões neste 1º trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o levantamento da gestora Janus Henderson, divulgado nesta quarta-feira (24). À vista disso, a mineradora saiu do ranking das 20 maiores pagadoras de dividendos do mundo.
Os números também mostram que o total da distribuição de dividendos de empresas brasileiras caiu 12,2% na comparação dos períodos, de US$ 3,9 bilhões para US$ 3,4 bilhões. O movimento no Brasil veio na contramão do resultado no exterior, já que os dividendos globais saltaram 12% no período, partindo de US$ 287,4 para US$ 326,7 bilhões.
Quem são as maiores pagadoras de dividendos?
Observando os resultados do 1º trimestre de 2023, a companhia que distribuiu mais dividendos no mundo foi a transportadora dinamarquesa Maersk (US$ 11,7 bilhões), seguida da mineradora australiana BHP (US$ 9,3 bilhões) e da farmacêutica suíça Novartis (US$ 8,4 bilhões). Veja abaixo:
O relatório analisa as 1.200 maiores empresas do mundo por capitalização de mercado, representando 90% dos dividendos globais pagos.
Futuro da Vale
Quanto às perspectivas para a Vale, analistas dizem que é difícil prever a volta da companhia ao topo do ranking das maiores pagadoras de dividendos.
A companhia reportou queda de 58,7% do lucro no 1º trimestre de 2023, para US$ 1,837 bilhão, informando que o desempenho refletiu, principalmente, os menores preços de finos de minério de ferro e pelotas, menores vendas e maiores custos.
Para João Abdouni, analista da Levante, os resultados e o pagamento de dividendos sempre dependem bastante das cotações do minério de ferro, o que é muito incerto. “No entanto, como as ações da empresa estão negociando em um preço atrativo, os dividendos pagos pela Vale devem se manter elevados. Com o atual patamar de minério de ferro, o dividend yield deve seguir acima de 9% ao ano, o que certamente a colocará entre as maiores pagadoras do Brasil”, diz.
Na mesma linha, Luan Alves, analista chefe da VG Research, menciona que é difícil estimar se a Vale irá voltar ao topo do ranking, mas que os acionistas podem esperar dividendos elevados da companhia ainda neste ano, “considerando a baixa necessidade de investimento e forte geração de caixa, mesmo em um cenário de preços deprimidos”. “Nossa expectativa para o ano de 2023 é de 11% de Dividend Yield”, comenta.
João Romar, head de internacional na InvestSmart, crê que a companhia volte ao topo do ranking, mas não no curto prazo.
“Considerando que os Bancos Centrais (BCs) no mundo estão fortemente empenhados na redução da inflação e, portanto, mantendo a trajetória de alta das taxas de juros, o nível de crescimento econômico, em especial das economias desenvolvidas, deve desacelerar. É possível que tenhamos uma queda de demanda por commodities e, consequentemente, os preços reflitem essa menor demanda. Portanto, no curto prazo os dividendos da Vale devem ser menores.”
João Romar, head de internacional na InvestSmart.
Pagamento de dividendos em R$
Analisando em moeda local, a mineradora pagou cerca de R$ 17,8 bilhões de dividendos neste 1º trimestre de 2023, contra R$ 9,4 bilhões pagos no mesmo período do ano anterior, segundo levantamento do TradeMap.
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