A Vale (VALE3), que paga nesta quarta-feira (22) um total bruto de R$ 9,449 bilhões em proventos, pode desembolsar, em 2023, um dividend yield – porcentagem de lucro distribuído pela companhia ao longo do ano em relação ao valor de cada ação – de até 9%, segundo cinco casas de análises que atuam na cobertura da companhia.
O maior percentual, de 9,6%, é esperado pelo Itaú BBA, enquanto o Bank of America (BofA) calcula o menor percentual: 3,2%. As informações constam em relatórios recentes dos bancos consultados pelo Investnews.
Entretanto, segundo a XP Investimentos, o consenso das estimativas de mercado prevê um rendimento de cerca de 7% para 2023, o que representa uma fatia menor do que a registra no ano passado.
Em 2022, a empresa distribuiu um total de US$ 6,6 bilhões (cerca de R$ 34 bilhões) em dividendos, o que representou dividend yield de 8,3% sobre o market cap (valor de mercado) atual.
Ainda assim, na visão dos analistas Andre Vidal, Helena Kelm e Juliana Kirihata, da XP, a empresa “continua comprometida com a disciplina de capital, com a maior parte de sua geração de caixa retornando aos acionistas”.
Em relatório divulgado no dia 6 de março, a equipe da XP manteve a recomendação de compra para a ação da companhia ao afirmar que, no longo prazo, gosta da tese de investimento da Vale e enxerga um cenário mais positivo para commodities metálicas.
“Entretanto, no curto prazo estamos receosos com a discrepância da alta do preço de minério de ferro em relação a outras commodities (principalmente petróleo)”.
Em relatório divulgado no último dia 16, Daniel Sasson, analista do Itaú BBA, e equipe elevaram a recomendação do papel da mineradora para compra.
“Prevemos uma alta de 15% do DCF (fluxo de caixa descontado) e um sólido rendimento do FCF (fluxo de caixa livre) de 11% para 2023, que acreditamos que será quase totalmente distribuído por meio de dividendos ou recompras de ações (o que deve representar, em média, 10% de yield)”, escreveram os analistas.
Banco | Projeção de dividend yield em 2023 (em %) |
Itaú BBA | 9,6% |
BTG Pactual | 9% |
Goldman Sachs | 7,6% |
Santander | 6,3% |
BofA | 3,2% |
Fonte: Relatórios dos bancos
Proventos atuais
A Vale paga nesta quarta-feira (22) mais de R$ 9 bilhões de proventos aos seus acionistas. Do total desembolsado, R$ 8,130 bilhões, ou R$ 1,827 por ação, serão na forma dividendos. O montante foi anunciado em fevereiro, quando a empresa divulgou seu balanço financeiro de 2022 com lucro de R$ 95,9 bilhões.
O montante foi o terceiro maior da história entre empresas listadas na bolsa B3, segundo dados do TradeMap. O maior lucro histórico foi registrado pela própria empresa em 2021, seguido pela Petrobras.
A quantia restante, de R$ 1,319 bilhão será paga em juros sobre o capital próprio (JCP), correspondente ao valor total bruto de R$ 0,292 por ação.
Os titulares de ADRs receberão o pagamento a partir de 29 de março de 2023.
Data de corte
A data de corte para pagamento dos dividendos aos detentores de ações a Vale negociadas na B3 foi no dia 13 de março de 2023, e a record date para os detentores dos recibos de ações (ADRs) negociados na New York Stock Exchange (Nyse) 15 de março de 2023.
A data de corte para o pagamento de JCP aos detentores de ações de emissão da Vale negociadas na B3 foi o dia 12 de dezembro de 2022 e a record date para detentores de ADRs negociados na Nyse foi o dia 14 de dezembro de 2022.
O pagamento dos dividendos e dos juros sobre o capital próprio ocorrerá em 22 de março de 2023. Os titulares de ADRs receberão o pagamento a partir de 29 de março de 2023.
Diferença entre dividendos e JCP
O JCP é um tipo de provento que só existe no Brasil, e é muito semelhante à distribuição dos dividendos. A diferença é que, enquanto o acionista que recebe dividendos fica isento do pagamento do Imposto de Renda, no caso do JCP ele está sujeito a tributação de 15% diretamente na fonte. Nesse caso, porém, são as empresas que têm a vantagem de não arcarem com o imposto.
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