ARTIGO*
Assim como as exchanges descentralizadas (DEXs), as carteiras digitais (wallets) também ganharam carinho especial no coração dos entusiastas criptos após o colapso da FTX: depois de os investidores terem aprendido a importância de deixar ativos em uma wallet física, as vendas das famosas Trezor e Ledger explodiram em número de vendas no Brasil e no mundo.
No Brasil, por exemplo, conforme fala do Jefferson Rondolfo, sócio e fundador da KriptoBR, a procura por esses dispositivos aumentou 450% desde a polêmica da FTX. Para se ter uma ideia, o estoque da maior revendedora oficial no país, que estava previsto para durar três meses, acabou em apenas dois dias.
Contudo, apesar de parecer, a procura pelas wallets físicas não é apenas um “hype”, mas sim uma consequência natural do amadurecimento do grau de consciência dos criptoinvestidores, visto que o conhecimento sobre os fundamentos desse mercado está cada vez mais disseminado.
O relatório da empresa Mordor Intelligence, por exemplo, mostrou que o negócio global de carteira de hardware (wallets físicas) foi avaliado em US$ 202,40 milhões em 2020. Espera-se que alcance US$ 877,69 milhões até 2026, registrando um CAGR de aproximadamente 29,24%.
Portanto, seja para comprar criptos ou apenas para efetuar assinaturas de serviços online, as carteiras digitais físicas parecem ser a nova tendência no mercado financeiro.
Cuidado, exchange não é banco!
Ao criar uma wallet, um usuário recebe 2 pares de chaves, a chave pública e a chave privada, que têm as seguintes funções:
- A chave pública: é o endereço que uma pessoa pode compartilhar e usar para receber ativos.
- A chave privada: serve para assinar transações e confirmar a propriedade da carteira; ou seja, é, de fato, a assinatura digital.
Desse modo, toda wallet possui uma chave privada, que dá acesso às criptomoedas. O verdadeiro dono delas é o real dono dos ativos. E, no caso de uma exchange, ela é a que detém tais chaves, prometendo entregar os fundos de um usuário quando solicitada.
Em geral, os investidores costumam manter apenas um percentual pequeno de criptos em hot wallets e a maior parte em dispositivos físicos para garantir acessibilidade e maior proteção na hora de guardar e transacionar fundos.
Em última instância, caso o usuário perca acesso a sua wallet por qualquer motivo, pode recuperar seus criptoativos através da frase semente (seed phrase) relacionado a chave privada que, normalmente, é uma composta por uma sequência de 12 a 24 palavras em inglês.
Em outras palavras, não é recomendado deixar saldos parados nas exchanges, uma vez que ficam suscetíveis a hacks, perdas ou até mesmo bloqueios por parte de terceiros, como aconteceu no caso da FTX.
Segurança
Ao contrário das carteiras conhecidas como “hard wallet”, as carteiras físicas são dispositivos que armazenam as chaves privadas longe da internet, de modo que hackers não conseguem roubá-las.
Pelo nível de segurança que oferece ao usuário, as hardware wallets têm um custo, não são gratuitas como as hard wallets. Na revendedora oficial do Brasil, por exemplo, os modelos de marcas Ledger e Trezor custam em torno de R$ 700 até R$ 1.900.
‘Not your keys, not your coins’ é a 13 Lei Universal
“Not your keys, not your coins” (algo como: “não são suas chaves, não são suas moedas”) se refere à necessidade de um usuário ter as chaves privadas associadas aos seus criptoativos, pois, sem isso, uma pessoa não é a verdadeira proprietária dos seus saldos.
Especialmente ao entrar em um espaço em que as exchanges centralizadas correm risco de roubos e hacks, e ainda têm autoridade para suspender saques, é crucial estar ciente que ser seu próprio banco, preferencialmente através de uma hardware wallet, é a melhor opção para manter os ativos digitais em segurança.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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