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Coronavírus: pandemia, mas e agora?

Entenda porque a OMS decidiu declarar pandemia.

Após a classificação do coronavírus como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando o estágio de transmissão global, autoridades e governos intensificaram as ações para conter a doença e o pânico entre a população.

Na Bolsa, pela segunda vez na semana, os negócios entraram no “circuit breaker”. As negociações foram paralisadas, a fim de interromper a forte queda dos papeis. Economias do mundo todo refazem suas projeções de crescimento, e analistas temem recessão global.

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Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a OMS recebeu informações de quase 125 mil casos do coronavírus em 118 países e territórios. A atualização é desta quinta-feira (12).

Em discurso enviado por e-mail, Tedros ainda diz que, nas duas últimas semanas, o total de casos relatados fora da China — onde a doença teve origem — aumentou quase 13 vezes e que o número de países afetados quase triplicou.

Na Europa a situação é muito mais crítica. A Itália, que inclusive foi o destino de viagem de brasileiros contaminados, é o país com mais casos confirmados fora da China: 12.462, segundo o mapa da Universidade Johns Hopkins de Maryland (EUA). Isso para uma população de aproximadamente 60 milhões de pessoas.

No foco do coronavírus, a China começa a conter a expansão da doença. De terça-feira (10) para a quarta-feira (11), o aumento no número casos novos foi de aproximadamente 0,02% (de 80.778 para 80.793). No pico de contaminação na China, o número de casos aumentava quase 32%, segundo dados da plataforma Worldometer.

Com o surto na Europa, Donald Trump anunciou a suspensão de todas as viagens da Europa para os Estados Unidos pelos próximos 30 dias, a partir de sexta-feira.

No Brasil

O Ministério da Saúde atualizou hoje o número oficial de casos para 60, e anunciou, com início até 7 de abril, a contratação de 5,8 mil médicos para atender a demanda que deve ser gerada pelo novo coronavírus. 44% destes profissionais vão atender nas capitais e regiões metropolitanas.

O Hospital Israelita Albert Einstein confirmou só na quarta-feira (11), 16 novas infecções pelo coronavírus. A atualização dos casos com dados do governo, deve demorar 24h para entrar na conta oficial.

Ontem o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmou que o Brasil deve viver semanas “duras” após o começo da transmissão comunitária do novo coronavírus. “Vamos passar por isso. Vai ser duro. Vão ser quatro meses que vamos viver, mais ou menos umas 20 semanas duras”, disse Mandetta.

O primeiro governador a agir foi Ibaneis Rocha, do Distrito Federal. Ele editou Decreto que dispõe sobre a suspensão das aulas da rede pública e privada em todas as escolas, universidades e faculdades; de eventos, de qualquer natureza, que exijam licença do poder local, com público superior a 100 pessoas, por cinco dias, prorrogáveis por igual período. A expectativa é que o governador João Doria seja o próximo a agir, após ter o primeiro caso na Universidade de São Paulo (USP), com um estudante de geografia contaminado.

Hoje a Universidade de Campinas (Unicamp) informou em comunicado a suspensão, de 13 a 29 de março, de todas as suas atividades. “Serão mantidas apenas as atividades essenciais, a ser definidas e informadas à comunidade pelo comitê de crise criado pela Reitoria”, diz a nota.

Nas empresas

A rotina das empresas brasileiras também foi afetada, com suspensão de congressos, viagens canceladas, funcionários em home office, campanhas de prevenção, distribuição de álcool gel, reuniões por videoconferência e quarentena para quem voltou de viagem do exterior.

Nos últimos dias a Tim, Gerdau e Cosan, suspendeu eventos importantes nos EUA. O Google também cancelou um evento que reuniria 10 mil mulheres no Ginásio do Ibirapuera. A empresa também ofereceu aos funcionários a alternativa de trabalhar de casa, medida adotada pelo Facebook até 10 de abril.

A Toyota distribuiu aos funcionários de suas três fábricas um guia sobre o covid-19 e fechou os centros de visitação dessas unidades até o fim do mês. A FCA Fiat Chrysler reduziu o número de acessos às fábricas “ao necessário às funções operacionais”.

A partir de segunda-feira, os funcionários da EDP farão um rodízio onde alguns funcionários trabalham na empresa e outros em casa. A medida deve ser implantada para os próximos seis meses. A empresa também montou um comitê de gestão de crise para preparar ações de prevenção e já adquiriu 5 mil máscaras.

O escritório da Mastercard, em São Paulo, que teve um caso de contaminação, ficou fechado um dia para higienização e os funcionários podem trabalhar de casa. Na XP, que teve dois casos, os procedimentos de higienização foram intensificados. Na CSN, também com um caso, a empresa pediu para os funcionários seguirem as recomendações do Ministério da Saúde.

O iFood passou a incentivar o home office e as reuniões internas e com fornecedores passaram a ser por videoconferência. Já a Nestlé pede a qualquer funcionário que tenha viajado para áreas de risco nos últimos 14 dias para trabalhar de casa por duas semanas.

Nas unidades da Volkswagen, qualquer executivo ou operário tem de passar em avaliação no ambulatório médico antes de viajar para receber orientações e encaminhamento para vacinação contra influenza (gripe comum). Após a viagem, o funcionário deve trabalhar de casa por duas semanas.

A General Motors também adota restrições de viagens e prática de quarentena para quem esteve em algum dos países foco das epidemia.

O escritório de advocacia L.O. Baptista antecipou a campanha de vacinação da gripe e uma equipe de saúde vai vacinar os funcionários. A empresa está criando uma linha direta para as pessoas reportarem situações de risco relacionadas ao Covid-19.