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Guerra de Putin deve encolher PIB russo em US$ 190 bilhões

Economia que já quis ser uma das 5 maiores está a caminho de perder US$ 190 bilhões do PIB até 2026.

A Rússia evitou um desastre econômico após a guerra iniciada por seu presidente Vladimir Putin na Ucrânia, no que foi a estreia de uma lenta crise com consequências nos próximos anos.

Uma economia que Putin já quis transformar em uma das cinco maiores do mundo está a caminho de perder US$ 190 bilhões do Produto Interno Bruto até 2026 em relação à sua trajetória pré-guerra, de acordo com a Bloomberg Economics, aproximadamente o equivalente a todo o PIB anual de países como Hungria ou Kuwait.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa em Moscou 30/06/2022 Sputnik/Aleksey Nikolskyi/Kremlin via REUTERS

Mas, mesmo com a economia da Rússia tendo encolhido por três trimestres consecutivos até o final de 2022, sua desaceleração ao longo do ano foi uma fração do colapso de quase 10% previsto um mês após a invasão. O banco central do país estimou a queda em 2022 em 2,5% e projeta que o crescimento pode ser retomado já neste ano.

A retração provavelmente se intensificou no último trimestre em termos anuais e pode ser ainda pior a partir deste ano, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg.

“O efeito das sanções é prolongado”, disse Oleg Vyugin, uma ex-autoridade do banco central e funcionário do Ministério das Finanças.

“E o processo de sanções não terminou. Mais e mais novas estão sendo introduzidas.”

As sanções não abrangeram as principais exportações russas vitais para os mercados mundiais, como petróleo, gás e produtos agrícolas, embora algumas restrições à energia tenham sido adicionadas nos últimos meses.

Ainda assim, a resiliência mostrada até agora é resultado de anos de esforço de tecnocratas próximos a Putin para fortalecer a economia contra problemas, com políticas que estocaram receitas extras de energia e tentaram tornar a Rússia menos dependente de algumas importações.

O que está em jogo agora é a capacidade de Putin de sustentar o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial ao continuar a mobilizar os recursos, mas sem antagonizar uma população cada vez mais preocupada com seu bem-estar financeiro.

A tarefa só ficará mais difícil este ano, com medidas do governo Putin para evitar um colapso das receitas de petróleo e aumentar os gastos com programas sociais, em um momento em que a mobilização de centenas de milhares de homens esvazia o mercado de trabalho.

Sobrevivência

A análise da Bloomberg Economics identificou várias pistas para explicar a sobrevivência econômica da Rússia após a imposição de sanções sem precedentes, que incluíram o confisco de ativos visando indivíduos próximos a Putin e o bloqueio de cerca de US$ 300 bilhões em reservas internacionais.

Com a necessidade dos EUA e aliados de preservar o acesso à energia, chegou-se a um acordo para equilibrar medidas punitivas para atender seus próprios interesses. Na verdade, a Rússia bombeou mais petróleo e, com os altos preços das commodities, o país ganhou o suficiente para sustentar sua renda, aproveitando a demanda de países como China e Índia.

Nações que respondem por mais de 30% do PIB global mantiveram os laços comerciais e abstiveram-se de condenar a invasão, o que permitiu à Rússia reconstruir as cadeias de suprimento e combater o isolamento econômico.

Controles de capital e um forte aumento das taxas de juros – que desde então foi mais do que revertido – evitaram uma crise financeira. No entanto, isso teve um custo, pois reduziu os empréstimos no varejo e afetou o consumo.

Apesar de evitar um colapso, a economia da Rússia permanecerá sob pressão e ainda pode encolher 8% até 2026 em relação ao seu tamanho caso Putin não tivesse ordenado o ataque à Ucrânia em fevereiro de 2022, estima a Bloomberg Economics.

“O declínio das importações de tecnologia reduz o potencial de crescimento da economia a longo prazo, em vez de levar a uma queda única que se materializa em um único ano”, disse Natalia Lavrova, economista-chefe do BCS Financial Group.

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