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FOFs: o que são os fundos de fundos

Modalidade de investimento permite investir nas cotas de outras carteiras; confira.

Foto de um notebook com um gráfico de ações, ilustrando o tema "FOFs". Foto de Tech Daily/Unsplash

Os fundos são uma modalidade de investimento cada vez mais comum no mercado e, no Brasil, segundo a Anbima, existem mais de 15 mil tipos deles. Há fundos de ações, fundos imobiliários (FIIs) e fundos multimercado, por exemplo. Mas já ouviu falar do FOF

O significado de FOF, “fund of funds”, é conhecido no Brasil como “fundo de fundos”, e representa um tipo dessa modalidade de investimentos. 

Por via de regra, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), instituição que fiscaliza o mercado, um FOF precisa investir pelo menos 95% do seu patrimônio em cotas de outros fundos. Ou seja, FOFs investem diretamente em diversos outros fundos. 

Quer entender melhor o que são fundos de fundos, como os FOFs funcionam e tirar suas dúvidas? Confira.

O que são os FOFs e como funcionam?

Os FOFs são fundos de investimento e possuem esse nome “fundo de fundos” pois aplicam nas cotas de outros fundos. O FOF também é referido pela Comissão de Valores Mobiliários como “fundo de investimento em cotas de fundos de investimento”.

“Os FOFs, fundos de fundos, em sua legislação e composição na CVM, têm a liberdade de comprar cotas de outros fundos, então eles podem misturar estratégias de fundos relacionados à mesma área de atuação”, explica Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT CAPITAL.

Mas o que isso quer dizer? 

Se você já conferiu outros guias do InvestNews, já sabe que os fundos de investimento são considerados uma espécie de “condomínio” de investimentos, que é dividido em cotas, representadas pelos apartamentos; os condôminos, os donos das cotas; e um síndico pago pelos seus serviços de administrar as tarefas do condomínio, um gestor ou administrador do fundo. A soma do dinheiro de todos esses investidores é o patrimônio líquido do fundo.

Todo fundo possui um ou mais ativos como foco de seus investimentos: um fundo de ações aplica seus recursos em ações; um fundo imobiliário investe em empreendimentos do ramo imobiliário; fundos de renda fixa investem em títulos de renda fixa, e assim por diante.

Já no caso do FOF, ele não investe diretamente em um ativo, ele é um fundo que investe em outros por meio da compra de cotas.

No geral, um FOF funciona de maneira similar a outros fundos e é administrado por uma gestora de recursos, responsável por selecionar os fundos de investimento que serão investidos. O gestor responsável pelo FOF avalia o desempenho dos fundos, seus resultados e nível de risco envolvido na aplicação.

Negociação

Richetti esclarece que, quanto à negociação dos FOFs, há dois tipos: 

“Temos os FOFs imobiliários, que são conhecidos como os FIIs, negociados via book de ofertas na nossa bolsa de valores, a B3; e já os demais FOFs com essas características são negociados e adquiridos, seja na na parte de compra ou na parte de liquidação nas plataformas dos fundos das corretoras nas quais os clientes tem conta. Existe um processo que chamamos de cotização, onde você tem o valor da cota e decide quantas cotas você irá adquirir mediante esse valor de face”, diz Richetti. 

Montagem e administração de carteira

“A se tratar da a montagem, gestão e administração da carteira desses fundos de investimentos, eles estão diretamente ligados a um gestor profissional. Esse gestor é que faz a escolha da política dos fundos que irão fazer parte da da estrutura do FOF, bem como a estratégia que será executada. Então tudo passa por esse gestor”, comenta Richetti. 

Distribuição de dividendos

Falando especificamente de dividendos de FOFs, também há duas formas diferentes de trabalhar: os fundos de investimentos imobiliários (FIIs), FOFs que pagam esses dividendos yields diretamente na conta dos seus clientes, e nos outros fundos, multimercado, de renda fixa, de ações, os dividendos são incorporados no PL (patrimônio líquido) do fundo. 

“E como isso se reflete para o investidor? Como o PL aumenta, ele aumenta a valorização das cotas. Então o cliente acaba se beneficiando desta valorização da cota do fundo”, comenta Richetti.

  • Confira: o que é CDB, quanto rende e mais

Tipos de FOFs

A classificação de um FOF pode ser dividida em 4 tipos, basicamente:

  • Fundos de Fundos Imobiliários: “Entre os 4 tipos de FOFs, temos os fundos de investimentos imobiliários, e aí dentro de sua carteira, eles adquirem outros fundos, Fundos de shopping, logística, papéis. Tudo em um único fundo. Então são fundos de investimentos imobiliários, seja de papel, seja de tijolo, seja de desenvolvimento também”, conta Richetti.
  • Fundos de Fundos Multimercado: Esses FOFs investem em uma variedade de fundos de investimento, incluindo fundos de ações, fundos de renda fixa, fundos de multimercados e fundos de hedge. Ou seja, têm estratégias tanto de renda variável quanto fixa;
  • Fundos de Fundos de Ações: Esses FOFs investem exclusivamente em fundos de ações. “Nessa linha de ações, pode ter empresas small caps, blue chips, BDR, tudo que for atrelado ao mercado de renda variável, especificamente de ações”, esclarece Richetti;
  • Fundos de Fundos de Renda Fixa: Esses FOFs investem exclusivamente em fundos de renda fixa, que podem ter créditos privados, títulos do governo, títulos bancários, etc. na sua composição. 

“Os fundos classificados como “Renda Fixa” apresentam como principal fator de risco de sua carteira a variação da taxa de juros, de índice de preços, ou ambos. Devem ter pelo menos 80% da sua carteira investida em ativos que estejam relacionados a esses fatores de risco”, diz o Portal do Investidor do Gov.com. 

Vantagens e desvantagens

As vantagens do segmento de FOF estão relacionadas principalmente à diversificação que eles proporcionam. Alguns de seus pontos positivos:

  • Carteira diversificada;
  • Profissionalização (gestão profissional);
  • Diluição de riscos.

“Eles permitem ter investimentos de forma indireta, já que o investidor não participa das escolhas dos ativos, mas em compensação, ele tem diluição dos riscos. Ele tem dentro do mesmo segmento, por exemplo, de ações, eles podem ter vários segmentos: small caps, blue chips, empresas de dividendo, BDRs, então podem se expor a diversos ativos, com uma diversificação maior. Isso é importantíssimo”, aponta Richetti. 

“Um outro ponto muito legal do FOF é a compensação entre fundos. O que quer dizer essa compensação? Se o fundo A apresenta prejuízo e o fundo B apresenta lucro, ele pode compensar esse lucro/prejuízo. Então como você tem fundos que têm uma gestão diferente, um portfólio diferente, um e outro pode compensar, trazendo um equilíbrio maior para os investidores”, complementa o especialista.

Já com relação às desvantagens, são basicamente duas. Segundo Richetti, o investidor deve se atentar à taxa de administração. 

“Como tem um gestor que faz essa administração dos fundos, tem uma taxa. Alguns fundos também cobram taxa de performance quando ele atinge um benchmark maior do que o proposto. Então também é um cuidado. E o outro ponto de desvantagem é a participação passiva. Você não tem direito a escolha nenhuma. Tudo cabe à gestora e às pessoas que detém o FOF”, alerta.

Confira também o comparador de fundos do Investnews

Como escolher as melhores opções de FOFs

Imagem: Iqbal Nuril Anwar/Pixabay

Alguns dos principais pontos para levar em conta antes de escolher um FOF:

  • Alinhamento com o perfil do investidor e nível e objetivos: “Se você é conservador, vai entrar num FOF de renda fixa; se você busca dividend yield diretamente na sua conta, por exemplo, você vai buscar, por exemplo, fundos imobiliários; se você quer arriscar, digamos, e ser um meio termo, você vai buscar um FOF multimercado. Então tem que estar muito alinhado à estratégia, ao plano que o investidor deseja. Esse é o primeiro ponto”, defende Richetti. 
  • Conhecimento sobre a gestora do FOF: outro fator importante é a gestora a ser escolhida. “O segundo ponto para escolher um FOF é conhecer a gestora, conhecer o know-how da gestora que for escolher o fundo. Tem gestoras mais novas, tem gestoras mais consolidadas, mas é sempre importante conhecer a gestora que detém o FOF”, aponta o sócio da GT Capital. 
  • Análise das taxas: Richetti também menciona outra questão, que é olhar tanto para taxa de administração quanto para taxa de performance, o quanto é cobrado, porque isso vai diminuir a rentabilidade do investidor.

“Quanto maior a taxa, se o fundo não entregar proporcionalmente bons resultados, você acaba tendo uma rentabilidade bastante abaixo do esperado. Também sempre aconselho aos investidores acompanhar a rentabilidade do fundo, versus a taxa]’, comenta. 

“Pagar a taxa não é o problema, desde que o fundo entregue uma rentabilidade muito superior ao que, digamos, o mercado entrega. Então comparativamente isso é importantíssimo fazer”, complementa o especialista.

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