Quem se interessa pelo mercado financeiro provavelmente já ouviu falar em hedge. Esse termo se refere a uma estratégia de proteção de investimentos, usada para assegurar o preço do ativo diante de grandes variações.
Esse tipo de estratégia pode ser bastante interessante para investidores mais experientes. Veja abaixo os principais pontos para entender o conceito de hedge, como ele funciona e seus diferentes tipos.
O que é hedge?
Hedge é um tipo de estratégia comum no mercado financeiro, e que tem como objetivo proteger um determinado investimento (como ações, moedas e commodities) contra grandes variações de preço, reduzindo as chances de perdas futuras para os investidores e neutralizando a posição assumida.
Assim, o hedge pode ser considerado como uma espécie de seguro contra os riscos do mercado financeiro, proporcionando mais previsibilidade para quem faz uma aplicação, especialmente para ativos de renda variável.
O investidor que adota o hedge como estratégia não visa obter lucro por meio dela, e sim evitar possíveis perdas em sua carteira de ativos.
Existem diferentes maneiras de fazer uma operação de hedge, sendo que o caminho mais utilizado é por meio do mercado futuro.
Esse tipo de operação não é novidade no mercado financeiro. O hedge começou a ser usado no século 19, nos Estados Unidos, para proteger o preço das sacas de commodities agrícolas. Desde então, a estratégia se popularizou e passou a ser usada para proteger diferentes categorias de ativos.
No Brasil, as operações de hedge são regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e permitidas para proteção dos investimentos.
Como funciona o hedge?
Uma estratégia de hedge funciona a partir do uso de derivativos – como opções ou contratos futuros. Nesse caso, o investidor “congela” o preço de um ativo para negociação em data posterior.
Por exemplo, se a ação de uma empresa estiver sendo negociada a R$ 100 e o investidor acreditar que o preço tende a subir, ele pode utilizar opções (acordos de compra e venda por um valor definido em data pré-estabelecida) para “travar” esse valor.
Assim, ao final do contrato, mesmo que as ações tenham se valorizado, ele poderá comprá-las ainda pelo valor de R$ 100, garantindo a proteção da sua rentabilidade.
Outro tipo de estratégia de hedge que pode ser utilizada na prática é quando o investidor se posiciona comprando ativos com desempenho historicamente oposto ao mercado.
Por exemplo: o Ibovespa costuma ter uma performance oposta ao dólar americano, ou seja, quando a moeda se valoriza, o índice está em queda, e vice-versa.
Tipos de hedge
Existem no mercado financeiro diferentes tipos de hedge, de acordo com o tipo de ativo a ser protegido pela operação. Entenda melhor quais são essas categorias e como elas funcionam:
Hedge natural
Acontece “naturalmente”, ou seja, quando ocorre uma combinação de fatores que protege o investimento contra oscilações de preço, sem que haja um esforço específico para isso por parte do investidor ou empresa.
Geralmente, isso acontece quando o ativo e o passivo de uma organização sofrem impactos contrários ao mesmo tempo.
Por exemplo: uma empresa com ganhos e despesas em dólares americanos terá um impacto positivo nas receitas e negativo nos custos, caso haja uma alta nessa moeda.
Assim, o hedge acontecerá sem que seja preciso usar derivativos ou outros instrumentos financeiros.
Hedge em commodities
As commodities são produtos de agropecuária ou extração mineral produzidos em larga escala e com baixo grau de industrialização, geralmente voltados para a exportação.
O hedge de commodities é feito com compra e venda de contratos futuros, por meio dos quais os produtores podem pré-estabelecer um preço para as mercadorias, que será pago quando os produtos forem entregues pelos fornecedores.
Por meio do hedge de commodities, produtores conseguem se proteger contra eventos naturais que impactem a safra, por exemplo, ou contra situações de pressão internacional sobre os preços.
Hedge cambial
Esse tipo de hedge funciona com base no uso de moeda como estratégia de proteção financeira. Ele é usado por investidores que buscam eliminar o risco cambial de um ativo ou operação.
Um exemplo comum de hedge cambial pode ser visto em empresas exportadoras. Ao verificar uma projeção de queda do dólar, a organização pode comprar um contrato futuro para garantir a venda da moeda por um valor pré-estabelecido, evitando que suas transações sejam afetadas pela variação do câmbio.
Da mesma forma, uma empresa que importa produtos do exterior, ao visualizar uma tendência de alta do dólar, pode fazer uma estratégia de hedge para fixar o valor atual e garantir que a compra das mercadorias seja feita sem o efeito do aumento de preços.
Hedge em ações
O hedge de ações visa prevenir ou diminuir possíveis perdas decorrentes da oscilação dos preços de ações na bolsa de valores. O mercado derivativo é a principal estratégia utilizada, por meio da compra de opções sobre ações.
Por exemplo, se o investidor vê uma tendência de queda no valor da ação de uma empresa Y, mas não quer vender o ativo naquele momento, ele pode comprar uma opção para venda da ação em um preço fixado em data futura. Dessa forma, mesmo que a ação da empresa Y de fato desvalorize, o investidor não terá prejuízos, pois garantiu a venda pelo valor pré-fixado.
O hedge de ações também pode ser feito por meio de contratos futuros de índices de ações, e de ETFs (Exchange Traded Funds), os fundos de investimento atrelados a um índice de referência e negociados na B3, a bolsa de valores brasileira.
Hedge funds: o que são fundos de hedge?
Os hedge funds (também conhecidos como fundos de hedge ou de cobertura) são fundos de investimentos que visam proteger os ativos contra variações negativas e perdas financeiras, enquanto também buscam por rentabilidade. Para isso, eles costumam adotar estratégias arrojadas de investimento.
No Brasil, os hedge funds funcionam no formato de fundos multimercados e são regulados pela CVM. Sua principal característica é a flexibilidade das aplicações, já que não se limitam a apenas um grupo determinado de ativos, buscando sempre o maior rendimento possível para os cotistas.
Por terem um grau mais elevado de risco nas operações, os fundos de hedge são abertos apenas para investidores qualificados, que tenham certificações atestadas pela CVM e que possuam patrimônio a partir de R$ 1 milhão.