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O que é meta de inflação e quem a determina

Esse sistema foi criado em 1990, na Nova Zelândia, porém, só foi adotado pelo Brasil em 1999.

Prédio do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

De maneira geral, a inflação é o aumento que ocorre nos preços dos produtos e serviços. Mas o que seria a meta de inflação?

Muitos países ao redor do mundo aderiram ao regime de metas de inflação anual, definida de acordo com a situação política e econômica mundial do momento. Esse sistema foi criado em 1990, na Nova Zelândia, porém, só foi adotado pelo Brasil em 1999.

O InvestNews preparou um guia para explicar o que é, quem determina a meta de inflação, como ela funciona e qual a meta de inflação para os próximos anos.

O que é meta de inflação

A meta de inflação é um limite estabelecido sobre a variação máxima que a inflação deve sofrer naquele país em determinado período. 

Segundo o Banco Central (BC), ela funciona como “uma âncora para as expectativas dos agentes sobre a inflação futura”.

No Brasil, basicamente, ela é uma medida para monitorar e controlar o Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação no Brasil. A meta define o índice mínimo e máximo que o indicador deve atingir em um determinado ano.

Isso significa que, a partir dessa “faixa de tolerância”, o Banco Central toma uma série de medidas para que o aumento generalizado dos preços esteja em linha com a meta pré-estabelecida, calculada de acordo com o cenário político e econômico no país e no mundo.

A meta de inflação é adotada visando evitar o descontrole do indicador, a exemplo do que ocorria na época da hiperinflação brasileira no início da década de 90, garantindo mais segurança à economia.

“Após uma série de reformas monetárias, em destaque ao Plano Real, usando como base as teorias anteriores de Milton Friedman, surge o Tripé Macroeconômico. O Tripé é constituído de três elementos principais: meta fiscal, que visa o controle das contas públicas, câmbio flutuante, essencial para a manutenção das exportações e importações, e o regime de metas de inflação, que estabelece um parâmetro para a inflação”, explica Bruno Bitar, Economista e sócio da AçãoBrasil Investimentos.

Como funciona o regime de metas de inflação?

No regime de metas de inflação (RMI), anualmente, o Banco Central divulga uma nota oficial com a meta de inflação.

Esse índice é determinado com base em estudos relacionados a dados coletados de indicadores como o IPCA, Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e Produto Interno Bruto (PIB), além de análises do cenário internacional, nacional, e expectativas de efetividade perante as medidas previamente implantadas na economia, explica Bitar.

Além disso, é definido um intervalo de tolerância em pontos percentuais (p.p.) para cima e para baixo na meta de inflação. 

Caso a inflação ao final do ano esteja fora desse intervalo, o presidente do BC precisa divulgar publicamente carta aberta ao Ministro da Fazenda, explicando as razões do descumprimento e as providências a serem tomadas para assegurar o retorno do indicador aos limites estabelecidos e o prazo no qual é esperado que essas ações produzam efeito.

Atualmente, o sistema funciona com a definição da meta para a inflação de três anos-calendário à frente. Ou seja, em 2023 a meta é definida até 2025.

Segundo o Banco Central, o regime de metas de inflação envolve os seguintes elementos:

  • A meta de inflação é previamente e publicamente divulgada por meio de uma resolução
  • Para controlar a inflação, o Copom define a meta da taxa Selic (taxa básica de juros)
  • O BC realiza operações para influenciar a Selic
  • A Selic, por sua vez, por meio de diversos canais da economia, afeta a inflação

Importância da meta de inflação

Bitar explica que o Regime de Metas de Inflação, ou RMI, é necessário para que haja uma forma de controle da inflação, como um meio de evitar que haja um prejuízo à população em geral e afete seu poder de compra. 

Isso porque, com o RMI, é possível visualizar o resultado das políticas monetárias (conjunto de medidas utilizadas para controlar a quantidade de moeda em circulação na economia) passadas, e consequentemente, as medidas que deverão ser tomadas no presente, resultando em uma maior estabilidade e previsibilidade de expectativas nas tomadas de decisões individuais de investidores, empresários e consumidores. 

“Logo, se a inflação for maior que a meta esperada, a expectativa é que haja a adoção de medidas de políticas monetárias contracionistas, assim como, caso seja menor, haverá medidas de caráter expansionista.”

Quem determina a meta de inflação

A meta de inflação no Brasil é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) é quem adota as medidas necessárias para alcançá-la.

O CMN se reúne mensalmente e é responsável por formular a política da moeda e do crédito. Ele é composto pelo Ministro da Fazenda (presidente), pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo presidente do BC.

Bitar explica que, após a reunião dos membros do Conselho, em que cada um representa o seu órgão, trazendo consigo as informações referentes aos indicadores de importância à mensuração, é decidido por fim quais serão as metas da inflação, cabendo ao Banco Central colocar as medidas em prática, visando a manutenção da inflação dentro dos limites da meta estabelecida.

Histórico de metas de inflação no Brasil

As primeiras metas de inflação no Brasil tinham valores considerados altos, de 8% e 6%, devido à instabilidade econômica no país. Com o passar do tempo, esse valor foi diminuindo.

A inflação não atingiu a meta nos seguintes anos: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022.

Confira abaixo a tabela com a meta de inflação no Brasil desde a instauração do regime, em 1999, e o respectivo valor alcançado da inflação:

AnoNormaDataMeta (%)Tamanho
do intervalo +/- (p.p.)
Intervalo
de tolerância (%)
Inflação efetiva
(Variação do IPCA, %)
1999Resolução CMN nº 2.615
​30/6/1999​826-108,94
2000Resolução CMN nº 2.615
​30/6/1999​​6​24-85,97
2001Resolução CMN nº 2.615
​30/6/1999​​4​22-67,67
2002Resolução CMN nº 2.7446/28/20003,521,5-5,512,53
2003*Resolução CMN nº 2.842
Resolução CMN nº 2.972
28/6/2001
27/6/2002
3,25
4
2
2,5
1,25-5,25
1,5-6,5
9,30
9,30
2004*Resolução CMN nº 2.972
Resolução CMN nº 3.108
27/6/2002
25/6/2003
3,75
5,5
2,5
2,5
1,25-6,25
3-8
7,6
2005Resolução CMN nº 3.1086/25/20034,52,5451095,69
2006Resolução CMN nº 3.2106/30/20044,5​2,02,5-6,53,14
2007Resolução CMN nº 3.2916/23/20054,5​2,02,5-6,54,46
2008Resolução CMN nº 3.3786/29/20064,5​2,02,5-6,55,9
2009Resolução CMN nº 3.4636/26/20074,5​2,02,5-6,54,31
2010Resolução CMN nº 3.5847/1/20084,5​2,02,5-6,55,91
2011Resolução CMN nº 3.748​30/6/20094,5​2,02,5-6,56,5
2012Resolução CMN nº 3.8806/22/20104,522,5-6,55,84
2013Resolução CMN nº 3.991​30/6/20114,5​2,02,5-6,55,91
2014Resolução CMN nº 4.0956/28/20124,5​2,02,5-6,56,41
2015Resolução CMN nº 4.2376/28/20134,5​2,02,5-6,510,67
2016Resolução CMN nº 4.3456/25/20144,5​2,02,5-6,56,29
2017Resolução CMN nº 4.4196/25/20154,51,53,0-6,02,95
2018Resolução CMN nº 4.4996/30/20164,51,53,0-6,03,75
2019Resolução CMN nº 4.5826/29/20174,251,52,75-5,754,31
2020Resolução CMN nº 4.5826/29/2017​4,001,52,50-5,504,52
2021Resolução CMN nº 4.6716/26/20183,751,52,25-5,2510,06
2022Resolução CMN nº 4.724​27/6/20193,51,52,00-5,00​5,79
2023Resolução CMN nº 4.8316/25/20203,251,51,75-4,750
2024Resolução CMN nº 4.9186/24/202131,51,50-4,500
2025Resolução CMN nº 5.0186/23/202231,51,50-4,500
Fonte: Banco Central

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