O valuation de uma empresa representa o quanto ela vale no mercado. Ou seja, serve para responder a seguinte questão: se esse negócio fosse vendido hoje, quanto ele valeria?
Investidores e empreendedores precisam saber como calcular esse indicador, pois ele é fundamental para determinar se um negócio está barato, caro ou na média do mercado.
Veja abaixo os principais pontos para entender o que é valuation, o passo a passo de como calcular e os tipos de métodos existentes.
Caso prefira, confira o conteúdo abaixo em áudio:
O que é valuation?
Valuation é o valor quantitativo da empresa no mercado, ou seja, é o processo para avaliar se o preço é coerente com o valor do empreendimento.
Embora sejam considerados diversos indicadores financeiros atuais e futuros da empresa, estimar o valor depende também de vários fatores subjetivos, como a percepção do mercado, a liderança, a carteira de clientes, o potencial do mercado consumidor entre outros.
Quando falamos em valuation, é importante considerar que existe o valor de mercado e o valor intrínseco. O primeiro é o valor que o mercado precifica uma empresa na bolsa de valores, enquanto o segundo é o valor percebido, considerando a expectativa de valorização futura, por exemplo.
Qual é o objetivo do valuation?
O objetivo do valuation é descobrir o valor justo de um negócio e, assim, avaliar se é uma boa opção investir nele ou não.
Em termos práticos, para entender como funciona o valuation, responda: você pagaria R$ 100 em um lápis comum? Imaginamos que não. Agora, e se fosse R$ 100 em um iPhone 14 Provavelmente, você avaliaria a primeira opção como caro e a segunda barata devido à sua percepção de valor.
Na bolsa de valores, acontece de forma parecida. Algumas empresas, estão com o seu preço muito acima do seu valor de mercado — supervalorizadas no mercado. Já outras estão com o seu preço bem abaixo, estando, portanto, subvalorizadas.
Contudo, além do preço, é preciso analisar outros fatores para saber se o ativo está “barato” ou não, como o valor percebido de um título com base na expectativa de rendimentos futuros.
Tipos de valuation
Fluxo de caixa descontado (FCD) ou discounted cash flow (DCF)
Trata-se de um modelo de valuation que estipula seu valor com base na expectativa de fluxo de caixa futuro, incluindo uma taxa de desconto referente aos riscos do negócio no mercado. Em resumo, esse método se baseia nas projeções de lucro futuro e riscos relacionados ao investimento.
Basicamente, estima o valor da empresa hoje, considerando a geração de dinheiro futura (em geral, em um prazo entre cinco e dez anos) e desconta uma taxa, que pode ser a taxa Selic, por exemplo.
Entre as vantagens desse modelo, podemos citar:
- análise de riscos da empresa;
- previsão de caixa nos próximos anos;
- projeção que pode ser ajustada conforme diferentes cenários.
Em compensação, trata-se de uma metodologia de valuation mais complexa, precisando de uma análise mais aprofundada. Além disso, é uma estimativa de futuro, não números reais — e diversos fatores podem influenciar no final, como a demanda do mercado.
No entanto, paralelamente aos bons resultados que ela pode trazer, essa metodologia é mais dispendiosa e exige mais esforço e tempo de trabalho.
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Múltiplos de mercado
É a avaliação de uma empresa com base no comparativo com outros empreendimentos do mesmo segmento.
Em resumo, pega-se algum indicador referencial, como o EBITDA da empresa e compara-se com as outras, preferencialmente, similares. Desse modo, é possível realizar uma “regra de três” com o valuation do outro negócio e descobrir o seu.
A grande vantagem dessa metodologia é ser fácil, já que, em poucos minutos, o investidor consegue descobrir o valuation do negócio. Contudo, o problema é encontrar empresas do mesmo segmento com o mesmo modelo de negócio para conseguir comparar. Além disso, desconsideram-se outros indicadores financeiros e qualitativos importantes no cálculo.
Valuation contábil
Essa metodologia de valuation considera somente o patrimônio líquido da empresa, retirando descontos de desvalorização ou amortização do empreendimento.
Apesar de usado, não é o método mais indicado, visto que desconsidera uma série de fatores que influenciam na percepção de valor no mercado, como o branding.
Valuation de liquidação
Consiste em um tipo de valuation bem simples: o investidor soma todos os ativos e subtrai os passivos. É um modelo que considera o curto prazo, tipo: se a empresa fosse vender tudo hoje, quanto ela receberia?
Em geral, é a metodologia mais utilizada em empresas que vão fechar e precisam estimar quanto sobraria de patrimônio.
Valuation pré-investimento
Também conhecido como pre money, é o valuation antes da entrada de um investimento de mercado na empresa.
Valuation pós-onvestimento
É o valuation após o investimento, conhecido como post money, que considera a participação do investidor como um sócio da empresa. Nesse caso, é preciso ponderar não apenas a quantia que entrou no negócio, como também as novas vantagens que o investidor trouxe para a marca, como maior reconhecimento no mercado.
Modelo de Gordon
É um tipo de valuation que considera a estimativa de dividendos pagos pela empresa. Criado por Myron Gordon e Eli Shapiro, esse modelo considera o crescimento constante do lucro líquido distribuído entre os acionistas. Os dividendos variam ao longo do tempo, então, utiliza-se o dividendo esperado para os próximos 12 meses.
Sua fórmula é a seguinte:
P0 = D1 / (K – G)
Sendo:
- D1: dividendo por ação esperado nos próximos doze meses.
- K: a taxa de desconto esperado pela ação.
- G: a taxa de crescimento constante dos dividendos.
- P0: preço do ativo.
Para empresas que não distribuem dividendos com constância, esse não é o melhor método.
Como calcular o valuation de uma empresa?
Para descobrir como calcular o valuation de uma empresa, é necessário escolher um método. A título de exemplo, a seguir, utilizaremos o fluxo de caixa descontado, que é um dos mais utilizados. Acompanhe o passo a passo:
1- Saiba o fluxo de caixa de um determinado período
Pegue o fluxo de caixa dos últimos cinco anos da empresa. Dependendo da estabilidade do negócio, pode ser mais ou menos tempo.
Para isso, basta pegar o montante que entrou e tirar o montante que saiu.
Vamos considerar o exemplo do fluxo de caixa abaixo:
1 ano | R$ 100.000 |
2 anos | R$ 200.000 |
3 anos | R$ 150.000 |
4 anos | R$ 250.000 |
5 anos | R$ 300.000 |
2- Defina a taxa de desconto
Essa taxa se refere ao potencial de desvalorização do dinheiro nos próximos anos — a inflação. Embora não exista um parâmetro fixo, o indicado é utilizar um percentual maior do que a taxa Selic para contabilizar outros riscos.
Algumas taxas recomendadas pelos especialistas são:
- rendimento médio de empresas na bolsa de valores;
- média de rendimentos em renda fixa;
- custo de capital da empresa + riscos do setor.
Escolha a taxa que você achar mais conveniente. Aqui, utilizaremos uma taxa de 15% como base.
3- Desconte o percentual nos fluxos de caixa
Por fim, desconte a taxa dos fluxos de caixa, some e você tem o valuation da empresa.
Período | Fluxo de caixa | Valor descontado | Valor final |
1 ano | R$ 100.000 | R$ 15.000,00 | R$ 85.000,00 |
2 anos | R$ 200.000 | R$ 30.000,00 | R$ 170.000,00 |
3 anos | R$ 150.000 | R$ 22.500,00 | R$ 127.500,00 |
4 anos | R$ 250.000 | R$ 37.500,00 | R$ 212.500,00 |
5 anos | R$ 300.000 | R$ 45.000,00 | R$ 255.000,00 |
R$ 850.000,00 |
Sendo assim, R$ 850 mil seria o valuation da empresa.
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