O bitcoin (BTC) subiu levemente na manhã desta sexta-feira (19), em reação à decisão de juros no Japão e a dados de inflação nos Estados Unidos.

O Banco do Japão elevou a taxa básica para 0,75%, o nível mais alto em cerca de 30 anos, e sinalizou que pode seguir apertando a política monetária caso inflação e salários continuem avançando.

A decisão pressiona o chamado carry trade, estratégia em que investidores tomam empréstimos em ienes, historicamente a juros baixos, para aplicar em ativos de maior retorno ao redor do mundo.

Os traders estavam com receio porque essas operações somam trilhões de dólares e qualquer desmontagem exige liquidez imediata. Isso costuma gerar venda de ativos de risco – de ações a criptomoedas – para levantar caixa e quitar financiamentos em iene. Mas a cripto conseguiu navegar bem.

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,2% em novembro, abaixo da expectativa do mercado, de 0,3%.

A leitura reforça apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o que historicamente favorece ativos de risco ao reduzir o apelo da renda fixa e ampliar a liquidez global.

O freio

Apesar do pano de fundo macro ajudar um pouco, o mercado cripto segue com o pé no freio. E esse freio tem nome e sobrenome: detentores de longo prazo.

Desde o início de 2023, cerca de 1,6 milhão de bitcoins que estavam parados há mais de dois anos voltaram a circular, o equivalente a US$ 140 bilhões, segundo a K33 Research. Só neste ano, quase US$ 300 bilhões em BTC que estavam inativos há pelo menos um ano também retornaram ao mercado.

Traduzindo para o português claro: muita gente decidiu vender. O problema é que não há compradores suficientes do outro lado. Os cenário nos ETFs (fundos negociados) à vista de bitcoin dos EUA é um exemplo.

Esses produtos até registraram fluxo positivo em 17 de dezembro, mas o quadro geral segue fraco. Os fundos – que são os preferidos dos investidores institucionais – acumulam saídas de US$ 139,9 milhões neste mês. Em novembro, vale lembrar, as retiradas somaram US$ 3,48 bilhões, o maior volume negativo da história.

Veja as cotações das principais criptomoedas às 10h:

Bitcoin (BTC):  +1,00%, US$ 87.886,09

Ethereum (ETH): +2,96%, US$ 2.954,45

XRP (XRP): -0,40%, US$ 1,87

BNB (BNB): +0,79%, US$ 845,17

Solana (SOL): +1,54%, US$ 125,79

Outros destaques do mercado cripto

Cripto em bancos e sem IOF. Enquanto o bitcoin tenta ganhar tração, um avanço importante veio de Brasília. A Comissão de Desenvolvimento Econômico (CDE) da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 2.338/2025, que abre espaço para os bancos usarem criptos em operações financeiras e cambiais. Na prática, a ideia é que instituições possam criar estruturas para operar com tokens. Detalhe: os ativos usados em operações internacionais ficariam livres de IOF. O texto ainda precisa passar por outras comissões antes de seguir para o plenário.

Brasileiro gosta de stablecoins e de renda fixa digital. Os brasileiros continuam mostrando preferência por cripto com menos volatilidade. Uma pesquisa divulgada pelo Mercado Bitcoin revelou que as stablecoins – criptos atreladas a outros ativos, como o dólar – foram as mais procuradas no país em 2025 em sua plataforma. A busca por esse tipo de ativo triplicou no período. Na sequência aparece a chamada renda fixa digital, que promete retornos mais elevados do que os títulos tradicionais. A procura cresceu 108% no ano.

Stablecoins nacionais mais transparentes. Quando o assunto é stablecoin, transparência segue sendo palavra-chave. A Mobiup, empresa de soluções em blockchain, fechou uma parceria com a Fact Finance para usar sua tecnologia de prova de reservas no RWA Monitor – plataforma que acompanha dados do mercado local em tempo real. Com isso, será possível verificar, ao vivo, se as stablecoins brasileiras realmente têm lastro para emitir novos tokens. Quanto mais clareza, melhor para o mercado – e para o investidor.

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