Enquanto todo mundo fala das stablecoins de dólar, um outro movimento acontece mais perto da gente. As versões latino-americanas estão ganhando cada vez mais espaço no cenário cripto.

Um estudo divulgado pela Iporanga Ventures nesta semana mostra que as stablecoins do Brasil, México e Colômbia já movimentaram, juntas, R$ 25,6 bilhões em 2025. A expectativa é que o total até o último dia do ano alcance R$ 32 bilhões.

Ainda é pouco se comparado à USDT – que sozinha tem volume diário cerca de três vezes maior do que isso -, mas o avanço chama atenção

E o Brasil é o grande destaque da região. Sozinhas, as stablecoins atreladas ao real brasileiro devem registrar um volume negociado de R$ 21,3 bilhões até o final do ano.

Hoje, o país conta com seis criptos ligadas à sua moeda oficial: BRZ, BRLA, cREAL, BBRL, BRL1 e BRLV. De acordo com o estudo, elas colocam o Brasil como o terceiro maior mercado do mundo em circulação e volume desse tipo de ativo, atrás apenas de tokens de dólar e de euro.

Detalhe: há mais uma cripto “brazuca” prestes a ser criada. Ontem, a B3 anunciou que deve lançar, ainda no primeiro semestre, a sua própria stablecoin. A moeda digital será lastreada em reais e criada para permitir a liquidação de ativos tokenizados dentro da bolsa.

Vale lembrar que esses criptoativos são lastreados, em grande parte, por títulos públicos – o que ajuda a ampliar a demanda por dívida soberana e entra, inclusive, no radar das discussões sobre financiamento do setor público.

Quem usa stablecoins latinas?

No fim do ano passado, investidores profissionais e as chamadas “baleias” (pessoas ou grupos com grandes volumes de ativos digitais) respondiam por 60% do volume movimentado. Os institucionais representavam apenas 5%, enquanto o varejo somava 35%.

Em 2025, esse cenário se inverteu. Hoje, 84% do volume já vem de investidores institucionais, 12% de profissionais e apenas 4% de varejo.

“Stablecoins locais estão se tornando uma ponte entre a economia latino-americana e o sistema financeiro global. Elas já movimentam bilhões de dólares – e dezenas de bilhões de reais -, estão sendo adotadas por instituições e começam a reescrever como câmbio e pagamentos acontecem on-chain”, disse Rodrigo Trindade, research lead da Iporanga Ventures.

Veja as cotações das principais criptomoedas às 9h50:

Bitcoin (BTC):  -0,12%, US$ 87.050,09

Ethereum (ETH): -0,68%, US$ 2.929,45

XRP (XRP): -0,81%, US$ 1,90

BNB (BNB): -0,92%, US$ 859,17

Solana (SOL): -0,44%, US$ 127,90

Outros destaques do mercado cripto

Stablecoins nos bancos dos EUA. O Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência federal dos Estados Unidos, está desenvolvendo uma estrutura para que bancos regulados possam pedir autorização para emitir stablecoins de pagamento. Por enquanto, a proposta está em consulta pública e só depois deve virar regra. Mas a direção é clara: as stablecoins estão deixando de ser um experimento cripto para entrar, de vez, no sistema financeiro tradicional.

Fed mais amigável às criptos? O presidente dos EUA, Donald Trump, está avaliando possíveis substitutos de Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve (Fed). Nesta quarta (17), ele vai entrevistar Christopher Waller, diretor do banco central americano. Waller é visto como pró-cripto e já declarou apoio, no passado, especialmente às stablecoins e às finanças descentralizadas (DeFi).

Leilão público com tecnologia cripto. A blockchain também começa a avançar no setor público. O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) vai realizar, agora em dezembro, o primeiro leilão público usando essa tecnologia. O sistema foi desenvolvido pela empresa InspireIP. Todo o processo – edital, laudos, fotos, anexos, retificações e o histórico completo de alterações – foi registrado em uma estrutura cripto.

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