Os players do setor acham que o setor cripto entrou em um processo de ajuste técnico, e o principal sinal foi a derrubada da alavancagem – quando o investidor toma dinheiro emprestado para operar com valores maiores do que tem – em 10 de outubro. Naquele dia, os traders perderam cerca de US$ 20 bilhões com a queda do BTC em meio às tensões entre EUA e China.
Segundo Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset Management, tanto o bitcoin como as altcoins ainda estão se recuperando desse movimento de desalavancagem e continuam sendo os ativos mais sensíveis do mercado – ou seja, os primeiros a serem vendidos em momentos de estresse.
“Bitcoin e criptoativos em geral acabam sendo um proxy (indicador) de um mercado que ainda tem receio do seu rumo em meio a um cenário de shutdown, tarifas e guerras comerciais, conflitos externos e também sobre uma possível valorização exagerada de AI e tech”, disse Cortina.
André Franco, CEO da Boost Research, vai na mesma linha. Ela acha que a expectativa de curto prazo vai de neutra a levemente negativa. “As tensões comerciais renovadas e os resultados decepcionantes do setor de tecnologia (aqui ele está falando dos resultados trimestrais dos EUA) ampliam a aversão ao risco, o que tende a pesar sobre ativos mais voláteis, como o BTC”, disse.
Mais queda à vista?
Como ninguém tem bola de cristal, é preciso lembrar que uma fala de Trump aqui ou um aumento de tensão geopolítica ali podem mexer com tudo.
Mas na quarta-feira (22), Geoffrey Kendrick, head global de research de ativos digitais do banco Standard Chartered, afirmou em nota que a queda do bitcoin abaixo dos US$ 100 mil “parece inevitável” neste fim de semana, na visão da instituição.
O banco aponta duas razões principais: condições de liquidez mais apertadas, com menos dinheiro circulando no sistema, e sinais técnicos de esgotamento – quando o gráfico mostra que o preço perdeu força após subir rápido demais, abrindo espaço para uma correção de curto prazo.
Veja as cotações das principais criptomoedas às 7h40:
Bitcoin (BTC): +1,30%, US$ 109.507,13
Ethereum (ETH): + 1,34%, US$ 3.893,14
XRP (XRP): +1,25%, US$ 2,41
BNB (BNB): + 3,39%, US$ 1.099,30
Solana (SOL): +2,68%, US$ 189,01
Outros destaques do mercado cripto
Impulso bilionário. Enquanto o bitcoin e as principais altcoins registraram uma alta tímida, o token Hyperliquid (HYPE) disparou 11% no dia – a maior valorização entre todas as criptos. O motivo? A Hyperliquid Strategies, uma nova empresa de tesouraria de ativos digitais (mais uma delas), sinalizou à SEC – a “CVM dos EUA” – sua intenção de levantar US$ 1 bilhão. Parte dessa bolada deve ser usada para acumular o token HYPE no caixa. Hoje, a firma já detém 12,6 milhões de unidades da cripto, o equivalente a US$ 305 milhões.
Tokenização em alta. Ontem a gente publicou uma matéria sobre tokenização, mostrando como esse segmento vem crescendo no Brasil. E, no mesmo dia, o pessoal da Nexa e da Fintrender lançou o relatório Brazil Tokenization Report 2025 – The Convergence Moment (Relatório de Tokenização 2025 – O Momento da Convergência). E olha, o material mostrou que o setor está mesmo a todo vapor por aqui: segundo o estudo, já são 30 plataformas de tokenização no país, e a estimativa deles é de US$ 1 bilhão em emissões neste ano – número até maior do que os dados oficiais da CVM.