Por volta de 12h57, o Ibovespa caía 0,73% a 157.037 pontos. O dólar subia 0,17% R$ 5,43. Mais cedo, a cotação alcançou R$ 5,4956, o maior nível desde 14 de outubro.
O gatilho das preocupações dos investidores vem da indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como o candidato “oficial”do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na sexta-feira passada, a notícia pegou o mercado de surpresa e levou o Ibovespa a recuar 4,31%. O dólar subiu 2,31% e encerrou cotado a R$ 5,43.
No fim de semana, o senador chegou a afirmar que poderia até sair da corrida presidencial, mas tinha um “preço” para isso: a anistia ao pai e a recondução do ex-presidente ao posto de candidato. Na segunda-feira (8), a possibilidade de desistir aberta pelo próprio pré-candidato ainda que sob condições pouco factíveis foi suficiente para a bolsa ensaiar uma tímida recuperação.
O principal índice da bolsa fechou em alta de 0,52%. Já o dolar terminou com leve baixa de 0,23%.
Porém, nesta terça-feira, o senador reafirmou que sua pré-candidatura ao Planalto em 2026 não está à venda e a classificou como irreversível. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por sua vez, declarou lealdade ao ex-presidente Bolsonaro e apoio ao filho.
Por que os mercados caem?
Os investidores de peso não escondem que seu nome preferido para a disputa eleitoral é o de Tarcísio, com a agenda liberal que ele poderia trazer. A escolha de Flávio elevou a incerteza sobre a articulação política da oposição.
Mesmo que o senador venha a se tornar o candidato único de uma frente oposicionista, as pesquisas mostram sua candidatura com menos força em um eventual segundo turno contra o presidente Lula comparado outros potenciais nomes para a corrida presidencial, como o do próprio governador de São Paulo ou o de Michele Bolsonaro.
Além disso, mesmo que Tarcísio ou outro nome da direita decida disputar o pleito a candidatura de Flávio pode dividir as forças contrárias ao governo. Sabe-se que Bolsonaro tem um eleitorado cativo, e que consegue transferir votos para o filho. Isso pode tornar mais fácil o caminho da reeleição do presidente Lula – cenário que o mercado não gostaria de ver, dado o desapego do atual governo pelo controle dos gastos públicos.
E sem um controle efetivo dessa parte, a fiscal, um cenário de juros em níveis razoáveis se torna menos provável. Tanto que os contratos de juros futuros dispararam, com todos os vencimentos entre 2027 e 2033 em alta e acima dos 13%. Desnecessário lembrar que, com os juros nas alturas a perder de vista, não há renda variável que aguente. Daí o sell off atual.
Tesouro Direto suspende negociação de manhã
No Tesouro Direto, as taxas também sobem, refletindo os temores eleitorais. Em um repeteco da sexta-feira, a plataforma do Tesouro Direto chegou a paralisar as negociações dos papéis IPCA+ e prefixados.
Na volta, os juros renovaram o ímpeto altista. O Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, que chegou a marcar uma mínima no ano de 7,64% na quinta-feira passada, antes das tensões políticas aparecerem, agora, por volta de 11h, já alcança 8% ao ano.
E quando as taxas sobem na renda fixa, caso de títulos como Tesouro IPCA+, os preços caem. Ou seja, o investidor passou a ver o saldo em reais da sua carteira menor.
O Tesouro IPCA+ 2040 estava com uma taxa de 6,93% na segunda-feira. E agora está sendo negociado na manhã de terça-feira a 7,01% ao ano.