A transação representa o primeiro movimento da AGI para integrar à sua estrutura industrial uma operação direta de armazenagem — um passo de verticalização que conecta sua expertise em engenharia e equipamentos com o cotidiano das operações agrícolas, o chamado “chão da armazenagem”.
Com o negócio, que ainda depende de aprovação do Cade, a AGI comprou 60% da AC Grãos e da propriedade dos dois armazéns da companhia, localizados em Nova Santa Helena e Paranatinga, ambos em Mato Grosso.
O grupo BWP, de origem mato-grossense e fundado pelos empresários Leandro Esteves Westphal, Nelson Pelle Júnior e Rafael de Castro Balizardo, permanecerá como acionista minoritário da AC Grãos, com 40% de participação.
Listada na bolsa de Toronto, a AGI é uma das maiores fornecedoras mundiais de soluções para armazenagem, transporte e processamento de grãos, sementes e fertilizantes. No Brasil, atua sob a marca AGI Brasil, com sede em Cândido Mota (SP), atendendo cooperativas, tradings e agroindústrias.
Um passo além
Até agora, a AGI era conhecida sobretudo como fabricante de tecnologia e equipamentos: silos, secadores, transportadores, estruturas metálicas e sistemas automatizados de armazenagem. Com a compra da AC Grãos, a empresa passa a atuar também no setor que sempre abasteceu, tornando-se prestadora de serviços de armazenagem.
Essa verticalização transforma a AGI de uma fornecedora de bens de capital em uma plataforma capaz de projetar, montar e operar armazéns agrícolas — num modelo que amplia margens, gera receita recorrente e aproxima a companhia da produção agrícola.
O movimento ocorre num momento em que a Kepler Weber também busca ir além da construção de armazéns, investindo em soluções de pós-colheita, manutenção e serviços digitais, que já se tornaram uma das principais fontes de receita da companhia.
Nos últimos anos, a AGI vem ampliando sua presença no país. Em 2024, a empresa lançou, em parceria com o BNDES e a gestora Opea, um FIDC de R$ 250 milhões voltado ao financiamento de silos para produtores rurais — com foco em regiões com déficit de armazenagem, como Norte e Nordeste.
A companhia também anunciou um plano para crescer 30% no Brasil com a diversificação de produtos e soluções integradas de pós-colheita, buscando fortalecer sua rede de clientes e serviços no agronegócio.