A notícia de que a empresa brasileira de serviços ambientais Ambipar (AMBP3) pretende listar sua nova subsidiária na bolsa de Nova York representa “um novo capítulo brilhante” para sua história, avaliou o Itaú BBA em relatório. No entanto, analistas da Ativa Investimentos, embora concordem que a operação é positiva, ponderaram que a abertura de capital de mais de uma classe de ações pode interferir na governança.
Nesta quarta-feira (6), veio a público um acordo entre a companhia e a HPX para formar a Ambipar Emergency Response, que terá ações negociadas na Nyse.
Após a divulgação do comunicado, as ações da Ambipar chegaram a disparar 18% na véspera, fechando o pregão com alta superior a 10%. Na tarde desta quinta-feira (7), contudo, os papéis passavam por ajuste, recuando ao redor de 3%.
O negócio deve ser concluído até setembro, quando a subsidiária da Ambipar deve ser negociada em Wall Street sob o ticker AMBI. “O anúncio sugere um novo capítulo brilhante na história de crescimento da empresa, enquanto reduz preocupações em torno da capacidade de seu balanço para sustentar o ritmo de aquisições inorgânicas dos últimos anos”, escreveram analistas do BBA em relatório.
Métricas atrativas, governança em xeque
Segundo o BBA, os detalhes da transação são atrativos para a empresa e vão ajudá-la a crescer em um ambiente contracíclico, com acesso a um mercado muito mais competitivo.
O BBA projeta uma valorização para a ação da Ambipar de 89% até o final de 2022, com preço-alvo de R$ 47,50. O papel é negociado hoje ao redor de R$ 25.
Estima-se que a operação vai gerar uma relação de 11 vezes o EV/Ebitda (Enterprise value ou valor da empresa, e Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, do inglês). O indicador ajuda a entender se a empresa é capaz de gerar lucro.
“Nossa visão positiva do negócio da Ambipar Response na América do Norte é sustentada por seu
mercado exclusivo, no qual os dois principais serviços de campo ambiental e industrial concorrentes têm menos de 5% de participação de mercado nos EUA”, conclui o Itaú BBA no relatório.
Os analistas da Ativa Investimentos comentaram em relatório que, com a abertura de capital da subsidiária na América do Norte, o montante que entrará no caixa da companhia é suficiente para reduzir a alavancagem (nível de endividamento) da holding “praticamente pela metade”.
No entanto, a equipe de research pondera que a listagem em duas classes de ações pode ser interpretada como algo negativo em termos de governança. “O histórico recente aponta que o desempenho recente de empresas que se uniram a Spacs após a sua listagem efetiva no mercado americano pode não ser dos mais satisfatórios”, disseram os analistas no relatório.
Detalhes do acordo
Segundo a Reuters, o acordo com a HPX, companhia de cheque em branco (conhecida como Spac) listada nos Estados Unidos, dá à empresa combinada uma avaliação de R$ 3,1 bilhão e deve impulsionar seu crescimento nos mercados globais. O ‘equity value’ da nova companhia é estimado em R$ 2,9 bilhões.
A medida ocorre menos de um ano após Ambipar cancelar uma oferta pública inicial de ações (IPO) de sua empresa de gestão de resíduos Environment ESG, devido a condições de mercado desfavoráveis.
A Ambipar disse que o acordo inclui uma capitalização mínima garantida de US$ 168 milhões na Ambipar Response. Se não houver resgate de ações pelos atuais acionistas da HPX, a capitalização pode chegar a US$ 415 milhões.
No âmbito da capitalização, a Ambipar vai entrar com US$ 50 milhões em meio a aportes de um grupo de investidores, disseram executivos da empresa em conferência com analistas.
Os recursos serão utilizados para acelerar o crescimento orgânico e inorgânico da Ambipar Response, disse a Ambipar, que permanecerá como acionista majoritária da empresa combinada, com cerca de 71,8% de seu capital social.
Ambipar Response
A Ambipar Response possui uma carteira de mais de 10.000 clientes em localidades como EUA, Brasil, Canadá e Reino Unido, e assumirá o papel da Emergência como prestadora de serviços industriais e resposta a emergências ambientais.
Segundo a Reuters, executivos da companhia afirmaram que a listagem de BDRs (sigla para Brazilian Depositary Receipts) da Response na B3 é uma possibilidade, mas a ser discutida apenas depois do lançamento das ações nos EUA. Os BDRs são recibos lastreados em ativos negociados no exterior.
*Com informações da Reuters
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