A Ambipar deu um passo importante para desatar os nós criados pelas dezenas de aquisições realizadas nos últimos anos. Desde que teve suas ações listadas na B3 em julho de 2020 até início de 2023, a holding fez 43 aquisições, sendo 32 concentradas em 2022.
O conselho de administração do grupo aprovou uma proposta de reorganização societária que vai simplificar uma estrutura que atualmente conta com 28 CNPJs e 31 sócios fundadores apenas das empresas compradas pela Ambipar. Segundo o fato relevante divulgado nesta quinta-feira (29), esse conjunto representa aproximadamente 75% da receita líquida das subsidiárias do grupo no Brasil.
As participações minoritárias desses sócios vão ser trocadas por ações da Ambipar Participações, a holding principal. Essa estrutura controla os dois principais negócios do grupo, a Ambipar ESG, responsável pelas soluções de gestão ambiental, e pela Ambipar Response, que tem ações listadas nos EUA e concentra as atividades de prevenção e atendimentos de acidentes ambientais.
A reorganização, conforme a empresa, vai simplificar a estrutura societária, fortalecer o perfil de crédito e otimizar a gestão de caixa.
A operação vai ser efetivada com a emissão de mais de 10 milhões de novas ações da Ambipar Participações, representando 5,68% do capital social. Além disso, serão pagos R$ 215,9 milhões aos fundadores das adquiridas que converterem as ações, ao longo de três anos.
O peso do crescimento acelerado
A companhia começou como uma transportadora de resíduos empresariais em 1995 e, ao longo dos anos, passou a diversificar a atuação. Hoje é uma multinacional brasileira com presença em 40 países. Fez dezenas de aquisições para verticalizar a operação. Montou usinas de tratamento de resíduos, plantas de geração de energia, frotas de transportes e atendimento e investiu até em um porto no Espírito Santo.
O portfólio do grupo inclui gestão de materiais descartados, reciclagem, compostagem, redução de desperdícios de água e energia, tratamento de água para indústrias, geração de energia a partir de resíduos, descarbonização de processos, gestão de créditos de carbono e respostas a emergências ambientais, como derramamento de óleo no mar. Para se capitalizar diante dos custos trazidos pelas incorporações, a companhia fez grandes emissões de dívida e uma oferta subsequente de ações (follow on).
No fim de 2022, a dívida bruta atingiu R$ 7,1 bilhões, com um crescimento de 163% frente a 2021. No terceiro trimestre do ano passado, a linha do balanço aponta uma cifra de R$ 8,6 bilhões. No meio do caminho, em outubro de 2023, a companhia fez uma oferta primária subsequente que angariou R$ 700 milhões e ajudou a aliviar o peso do endividamento.