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Após resultado fraco no 4º tri, Bradesco despenca na B3; reestruturação segue no foco

Ações do banco operavam em forte queda e lideravam perdas do Ibovespa após dados frustrarem projeções.

Após divulgar seu balanço do 4º trimestre de 2023, o Bradesco (BBDC4) tinha suas ações negociadas em forte queda na B3 no pregão desta quarta-feira (7). A queda de mais de 10%, com o papel preferencial do banco cotado abaixo da faixa de R$ 15,00, lidera as perdas do Ibovespa (IBOV), pressionando o índice acionário, que volta a ficar abaixo da marca dos 130 mil pontos. Por volta de 13h45, o papel recuava mais de 16%.

O desempenho do mercado doméstico reflete a decepção com o lucro recorrente do banco, que totalizou R$ 2,878 bilhões. Apesar da alta de 80,4% em relação ao mesmo período de 2022, o consenso entre analistas era de um resultado quase duas vezes maior, de R$ 4,5 bilhões. 

Reprodução

Além disso, no confronto com o terceiro trimestre de 2023, houve queda de 37,7% no lucro recorrente. O retorno sobre o patrimônio médio líquido (ROAE) também decepcionou, encerrando o ano de 2023 em 10,0%, ante 13,1% em 2022. Apenas entre outubro e dezembro, essa medida ficou em 6,9%, de 11,3% nos três meses anteriores.

Segundo o próprio Bradesco, o último trimestre de 2023 foi impactado por um aumento no custo de crédito, decorrente de um caso no segmento de atacado, e por um aumento em outras despesas operacionais. Trata-se de um evento extraordinário que pode ser explicado pelo impacto da Americanas entre seus credores, tal qual se viu no Santander

“Os resultados do Bradesco continuaram fracos no quarto trimestre de 2023, abaixo do esperado e também da média do setor”

Fernando Siqueira, analista da Guide Investimentos, em relatório

Porém, a reação negativa na bolsa brasileira reflete uma leitura mais imediatista. Siqueira destaca que as previsões (guidance) apresentadas pelo banco para 2024 junto com o balanço, de modo geral, são bastante positivas e indicam que o resultado financeiro neste ano deve mostrar uma “recuperação substancial”.

Nas estimativas do banco para este ano, a carteira de crédito deve crescer entre 7% e 11%, ante queda de 1,6% em 2023 – o que deve impulsionar a margem financeira para em torno de 3% a 7%. Ao mesmo tempo, as despesas operacionais devem cair para a faixa de 5% a 9%, após alta de 10,4%, e as provisões (PDD) deve seguir em até R$ 39 bilhões.

Bradesco: Realizado 2023 x Guidance 2024

Indicador20232024
Carteira de crédito -1,6%7% a 11%
Margem financeira-1,8%3% a 7%
Receita de serviços-0,1%2% a 6%
Seguros, previdência e capitalização21,1%4% a 8%
Despesas operacionais10,4%5% a 9%
Provisões – PDD (R$ bilhões)R$ 39,5R$ 35 a R$ 39

Reestruturação é o que importa

“Quem se importa com os resultados fracos?”, indaga a equipe de analistas do setor financeiro da XP Inc, em relatório. Para Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, os números do Bradesco no quarto trimestre não devem ser vistos como o principal para os investidores, pois “todos os olhos estão postos na reestruturação”. 

Aliás, no início desta semana, o Bradesco deu continuidade a uma série de mudanças que vêm sendo promovidas na alta administração, na esteira da escolha de Marcelo Noronha como o novo CEO. Enquanto na segunda-feira (5) foram anunciadas diversas mudanças no nível dos diretores, no dia seguinte (6), foram escolhidos dois novos vice-presidentes.

“O novo plano estratégico do banco deve levar a mudanças relevantes com o intuito de voltar a entregar resultados mais consistentes”

Ygor Araújo, analista da Genial Investimentos, em relatório

Com isso, embora o Bradesco esteja em queda livre na B3, um dia após os papéis do setor financeiro – em especial dos “bancões” – terem brilhado no Ibovespa, a expectativa é de que a ação do segundo maior banco privado do Brasil deixe de olhar para o retrovisor e comece a refletir mais o que está por vir. 

“Em nossa opinião, o preço das ações do BBCD4 será impulsionado principalmente pelas mensagens que o novo CEO deve apresentar sobre as mudanças que pretende promover durante seu mandato”, afirmam os analistas da XP Inc., em relatório. Em comunicado, o Bradesco afirma que vai executar um plano estratégico sem paralelo na história do banco.

Longo caminho

Apesar da leitura otimista, há quem diga que não é bem assim. Para o Itaú BBA, o guidance do Bradesco para 2024 aponta para um processo de recuperação de receitas muito gradual, o que sugere que o banco deve seguir com um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) abaixo do custo de capital por um tempo. Na mesma linha, o Safra afirma que ainda há um “longo caminho” para o Bradesco retornar ao nível de lucro pré-pandemia. A conferir.

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