A Hidrovias do Brasil aprovou na sexta-feira (28) um aumento de capital de R$ 1,2 bilhão, com a emissão de 600 milhões de novas ações ordinárias ao preço de R$ 2,00 por papel, valor levemente superior à cotação de fechamento do dia, que foi de R$ 1,98.
A medida complementa a estratégia de desalavancagem da companhia, que no mesmo dia anunciou a venda de suas operações de cabotagem para a Norsul por R$ 715 milhões. Juntas, as duas ações visam reduzir significativamente o nível de endividamento líquido, que atingiu 6,7 vezes o lucro operacional (Ebitda) no final do quarto trimestre de 2024. Com as iniciativas anunciadas, a alavancagem deve cair para cerca de 2,8 vezes até o final deste ano.
A Ultrapar, que detém aproximadamente 40% do capital da Hidrovias, já confirmou que exercerá seu direito de preferência integralmente, inclusive por meio da conversão do adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC) de R$ 500 milhões aprovado pelo Conselho de Administração em dezembro de 2024.
Além de reduzir dívidas, a Hidrovias também planeja usar parte dos recursos para aumentar sua capacidade no Corredor Norte, considerado estratégico para a empresa. O corredor conecta Miritituba a Barcarena e é usado principalmente para o escoamento de soja e milho.
O prazo para exercício do direito de preferência pelos acionistas será de 10 de março a 10 de abril de 2025. Os acionistas poderão exercer seus direitos na proporção de 78,90% sobre a posição acionária que tiverem no encerramento do pregão de 7 de março.
Esta é a segunda tentativa da empresa de realizar um aumento de capital. No segundo semestre do ano passado, a Hidrovias havia anunciado uma captação de R$ 1,5 bilhão que acabou sendo cancelada em dezembro.
A companhia passa por dificuldades após um 2024 marcado por secas que afetaram suas operações no Arco Norte e no corredor Sul. No ano passado, a receita líquida caiu 30%, e a empresa registrou prejuízo de R$ 622 milhões, contra um lucro de R$ 18 milhões em 2023.