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Apple – finalmente – entra na onda da IA: entenda a Apple Intelligence e a parceria com o ChatGPT

Empresa largou atrás de Google e Microsoft, mas agora promete incorporar a IA de última geração aos seus aparelhos

Artificial Intelligence? Não: Apple Intelligence. Um ano e sete meses depois de a OpenAI chacoalhar o mundo com seu ChatGPT, a Apple finalmente entrou na onda da inteligência artificial generativa e mostrou como pretende tornar mais espertos os seus aparelhos – e isso inclui uma parceria com a própria OpenAI.

“Apple Intelligence” foi o nome que a maçã escolheu como guarda-chuva de um mundaréu de funções que pretendem reformular a maneira de usar o iPhone, o iPad e o Mac. Com a nova tecnologia, usuários terão uma experiência mais personalizada. Recursos e aplicativos nativos dos sistemas da Apple também estarão integrados e a IA generativa promete ser útil para criar textos, imagens e emojis.

Outra aposta importante da Apple é a Siri. A assistente de voz estreou no já distante ano de 2011 – e não mudou muito de lá pra cá. Agora ela renascerá mais inteligente. No exemplo apresentado durante a Worldwide Conference Developers (WWDC) desta segunda-feira (10), a Siri entendeu que a apresentadora precisaria buscar a mãe no aeroporto e soube responder o voo, o horário de pouso e o tempo para chegar até a área de desembarque. Tudo sem ter sido previamente informada, só “lendo” a conversa entre mãe e filha no iMessage.

Ela também será mais “conversacional”, com a proposta de criar uma interação usuário-assistente que se pareça mais com a dinâmica humano-humano. Ou seja, mais parecida com a Scarlett Johansson do que com o Hal 9000.

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Por se tratar de uma conferência de desenvolvedores, as funções da IA da Apple foram quase sempre apresentadas como parte dos aplicativos da própria empresa. A maçã agora espera que as grandes empresas desenvolvedoras criem integrações capazes de espalhar as funções da Apple Intelligence entre os apps.

Montagem Big Five: Microsoft, Apple, NVidia, Google, Amazon
Crédito: Montagem sobre Adobe Stock Photo

Uma das vantagens de chegar atrasada na festa da inteligência artificial é aprender com as gafes de quem apareceu mais cedo.

Dias atrás, a rival Microsoft anunciou que a badalada função Windows Recall estará desativada por padrão. A Recall é um recurso do Copilot, IA da Microsoft, que fica tirando print screens enquanto você utiliza o PC. Essas imagens são processadas pelo Copilot e permitem que o usuário encontre precisamente algo visto durante a navegação – esqueceu de salvar o link do modelo que você queria comprar? Basta pesquisar no Copilot por “tênis preto Nike” e voilá. Incrível. Mas especialistas alertaram que a ferramenta traz riscos à privacidade dos usuários – abriria brechas para hackers a fim de saber o que você digita, como a senha do seu banco.

A Apple deu ênfase à segurança e à privacidade no uso da IA em seus produtos. À semelhança da Microsoft, anunciou que o grosso do processamento de dados será feito pela IA no aparelho do próprio usuário, evitando ao máximo enviar dados para a nuvem – onde eles normalmente se cruzam com os gigantescos bancos de dados que são as bases das IAs generativas. Ainda assim, quando isso for necessário, somente determinadas informações serão remetidas à nuvem, e isso vai ocorrer mediante encriptação, o que torna os dados anônimos e reduz as possibilidades de captura criminosa.

Legal, né? Mas esse processamento todo no próprio aparelho significa que provavelmente você vai ter de trocar seu iPhone.

No site da Apple, somente os modelos 15 Pro Max e 15 Pro foram listados entre os smartphones que receberão as funcionalidades da Apple Intelligence. Entre os iPads e os Macs estão incluídos os aparelhos movidos por chips M1 (de 2020) ou superiores.

De novo, a OpenAI

Havia muita expectativa de que a Apple fizesse o anúncio de uma grande parceria com a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT e uma das responsáveis pela arrancada no valor das ações da Microsoft nos últimos meses – movimento que fez a empresa fundada por Bill Gates tirar da Apple o título de empresa com maior valor de mercado do mundo (US$ 3,18 trilhões).

De fato, há uma parceria, mas ela ocupou discretos dois minutos da apresentação de quase duas horas. A Apple afirmou que, sim, quer integrar aos seus aparelhos outras inteligências artificiais generativas. A primeira delas é o ChatGPT, que poderá ser acionado nas próprias funcionalidades do sistema, e também por meio da Siri.

O sistema vai sugerir e caberá ao usuário fazer uso dele ou não. Não será necessário fazer login na ferramenta da OpenAI para usar o GPT-4o, mas assinantes do recurso poderão usar suas funcionalidades extras diretamente nos aparelhos da Apple.

Ou seja, a Apple Intelligence não será movida pelo ChatGPT, como se especulou, mas poderá receber uma mãozinha dele quando você assim desejar.

A companhia de Tim Cook também deixou a porta aberta para o Google e seu Gemini serem integrados aos seus aparelhos. Mas, segundo a Bloomberg, ainda há uma trava: as empresas ainda não chegaram a um acordo sobre compartilhamento de dados dos usuários de iPhones e cia.

Enquanto isso, em Wall Street…

A apresentação da Apple não impressionou o mercado financeiro. As ações da empresa caíram durante a WWDC e terminaram o dia 2% mais baratas do que estavam no fechamento da última sexta (7).

LEIA MAIS: Apple anuncia a maior recompra da história. Entenda como isso valoriza as ações

A questão é se a Apple Intelligence vai gerar entusiasmo suficiente a ponto de convencer os usuários com aparelhos mais antigos a comprar novos iPhones, iPads e Macs. Uma onda de trocas viria a calhar para os investidores da Apple, já que as vendas de novos aparelhos estão estagnadas e a empresa tem perdido espaço no mercado chinês, o maior do mundo.

Chegou a hora da virada?

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