A Argentina, maior exportadora mundial de farelo e óleo de soja processados, está prestes a importar soja dos Estados Unidos pela primeira vez desde 2019, impulsionada pela queda nos preços americanos, que agora são os mais baixos do mundo.
As empresas de processamento de soja na Argentina costumam complementar a oferta local comprando de países vizinhos, principalmente Paraguai e Brasil. As importações estão particularmente altas nesta temporada, segundo a Bolsa de Comércio de Rosario.
Baixos níveis de água no Rio Paraguai estão agora limitando o volume de embarques em barcaças para a Argentina. Esse cenário pode ter motivado a venda de soja dos EUA para a Argentina. As entregas de soja local argentina também tendem a desacelerar nesta época do ano, após a colheita, que termina em junho.
LEIA MAIS: Petrobras vai investir na Argentina para ampliar oferta e reduzir preço de gás natural
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a nação sul-americana comprou 88.400 toneladas de soja para serem enviadas durante a temporada atual. A aquisição ocorre justamente quando a colheita recorde nos EUA está começando.
“Fiquei extremamente surpreso”, disse John Baize, analista independente e consultor do Conselho de Exportação de Soja dos EUA.
As remessas dos EUA a partir de Nova Orleans, em outubro, custaram cerca de US$ 395 por tonelada, aproximadamente US$ 16 por tonelada mais baratas do que a soja argentina, segundo dados da Commodity3.
Indústrias processadoras de soja na Argentina, como as da Viterra, da Glencore, Cargill e Louis Dreyfus, frequentemente operam com capacidade ociosa elevada. Isso porque as expansões industriais das últimas duas décadas superaram o crescimento da produção agrícola, com os produtores enfrentando altos impostos e distorções cambiais.
O USDA não respondeu a perguntas sobre a venda.
— Com Gerson Freitas Jr.
Veja também
- São Paulo supera Mato Grosso na exportação do agro e vira líder do ranking no Brasil
- Brasil ganha com estímulos da China – mesmo se os pacotes não funcionarem
- Adoção da nova soja da Bayer no Brasil pode dobrar em 2024/25
- Produtos agrícolas caminham para maior alta mensal desde o início da guerra da Ucrânia
- China esfria interesse por grãos e pode aliviar pressão sobre a inflação global de alimentos