O Mercado Livre (MELI34) viu seu lucro avançar no terceiro trimestre, uma vez que o robusto crescimento do seu braço de serviços financeiros compensou uma desaceleração no negócio principal de comércio eletrônico.
A companhia com sede na Argentina anunciou nesta quinta-feira (3) que teve lucro líquido de US$ 129 milhões de julho a setembro, aumento de 35,8% sobre um ano antes. O número veio pouco acima da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de US$ 124,15 milhões.
Isso mesmo com as vendas em seu marketplace (GMV) crescendo 17,8%, a US$ 8,6 bilhões, estendendo uma desaceleração recente, uma vez que o comércio físico retomou espaço com o fim dos lockdowns impostos durante a pandemia.
“O negócio de ecommerce está muito desafiado neste ano, especialmente nas vendas de eletrônicos”, disse à Reuters o vice-presidente de estratégia e desenvolvimento corporativo do Mercado Livre, Andre Chaves, mencionando fatores como inflação e juros mais altos, que comprimiram a renda dos consumidores.
Ainda assim, ele disse que o grupo teve crescimento acima da média do mercado no trimestre, uma vez que concorrentes menores tiveram maiores dificuldades, com investidores de risco reduzindo a oferta de capital para negócios ainda não rentáveis.
Já no Mercado Pago, braço de fintech, o volume de pagamentos no trimestre cresceu 52,9% em dólar (+76,4% em moeda local) sobre mesma etapa de 2021, para US$ 32,2 bilhões, com ajuda do impulso de mais de 1 milhão de terminais (POS).
A carteira de crédito ficou quase estável na comparação sequencial, fechando setembro em cerca de US$ 2,8 bilhões, à medida que a deterioração das condições para empréstimos levou o Mercado Livre a conter novas concessões.
“Tomamos a decisão de desacelerar”, disse Chaves. Ele não mencionou números, admitiu que o índice de atrasos cresceu, mas disse que o negócio seguiu rentável. Em relatório, o Goldman Sachs considerou que o chamado NPL subiu a cerca de 20%, ante 18% no fim de junho.
Investimentos e M&A
Segundo Chaves, mesmo com a desaceleração recente no ecommerce, o plano de investir US$ 17 bilhões no Brasil em 2022 está sendo executado, uma vez que o Mercado Livre segue vendo a redução dos prazos de entrega de encomendas como forma de se destacar da concorrência. Segundo a empresa, 55% das encomendas no portal da companhia foram entregues em um dia no terceiro trimestre.
“Ainda não estamos prontos para reduzir investimentos em logística”, disse o executivo.
Nesta semana, porém, o Mercado Livre foi levado a elevar prazos de entregas para alguns clientes, devido aos efeitos de bloqueios feitos por caminhoneiros em centenas de estradas pelo país, manifestando insatisfação com o resultado da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial.
“Não houve grande disrupção, disse ele, sem detalhar.
Chaves disse ainda que o Mercado Livre quer expandir operações com itens de supermercados, um segmento que ganhou interesse do comércio eletrônico nos últimos trimestres, dado o potencial de recorrência de compras de consumidores no marketplace.
No entanto, o grupo tem praticado política de subsídios distinta, com frete grátis para compras acima de 200 reais no Brasil, ante gratuidade para compras a partir de R$ 80 nos demais itens.
O executivo descartou no momento interesse do Mercado Livre em aquisições de rivais, mesmo com a queda recente do valor desses negócios. “Não temos nada em vista no momento”, disse.
O Mercado Livre fechou setembro com 88,3 milhões de usuários únicos, aumento de 12,2% em 12 meses.
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