O Ministro da Agricultura, Carlos Favaro, disse que a promessa do Carrefour é parte de uma “ação orquestrada” por empresas francesas para sabotar o pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que as autoridades pretendem finalizar este ano.
Em publicação na mídia social dirigida aos líderes dos lobbies agrícolas da França na quarta-feira, o presidente-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que o acordo UE-Mercosul apresenta “risco da produção de carne transbordar para o mercado francês, deixando de atender às suas exigências e padrões”.
“O Carrefour quer formar uma frente unida com o mundo agrícola e hoje está se comprometendo a não vender nenhuma carne do Mercosul”, acrescentou.
Representantes do Carrefour disseram à Reuters que o varejista atualmente não vende na França carne do Mercosul. A empresa não respondeu a perguntas sobre o abastecimento de suas lojas em outras partes da Europa.
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A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa fornecedores de carne bovina, incluindo JBS, Marfrig e Minerva, chamou a promessa do presidente do Carrefour de “contraditória”, já que o Carrefour Brasil opera 1.200 lojas no país, vendendo principalmente carne bovina brasileira.
“Parece-me que eles estão tentando encontrar algum pretexto para que a França não assine…a finalização do acordo Mercosul-União Europeia”, disse Favaro.
No final de outubro, a Aprosoja Brasil, entidade que representa agricultores do país, afirmou que há “motivos de sobra” para produtores rurais brasileiros boicotarem a Danone após um alto executivo da companhia francesa dizer que a multinacional não mais compra a oleaginosa no país.
Em uma declaração separada, o Ministério da Agricultura afirmou que os controles rigorosos do Brasil tornaram o país o maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, vendendo para 160 países e atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive os da UE.
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Conrado Ferber, diretor do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, disse que a posição do Carrefour é “lamentável” e “comercialmente incompreensível” porque desconsidera a base do livre comércio que permite o crescimento das economias.
Em uma declaração à Reuters nesta quinta-feira (21), o Carrefour esclareceu que os comentários do presidente-executivo se aplicam apenas às lojas na França e não estão relacionados à qualidade da carne do Mercosul, mas sim às preocupações do setor agrícola francês.
O Carrefour disse que as unidades da empresa em todos os outros países onde o grupo está presente, incluindo o Brasil e a Argentina, podem continuar a comprar carne do Mercosul.