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Solução financeira própria da C&A é positiva, segundo analistas; ação sobe

A empresa informou que a recompra visa o lançamento do C&A Pay, a partir de dezembro de 2021, que será integrado ao seu programa de relacionamento.

c&a
Divulgação/ site C&A

A C&A Modas (CEAB3) informou que concluiu as negociações com o Bradesco para recomprar o direito de oferecer seus próprios serviços e produtos financeiros até então explorados, de forma exclusiva, pela instituição financeira. A empresa, que vai pagar R$ 415 milhões ao banco até janeiro de 2023, informou que a recompra visa o lançamento de sua nova solução de pagamento, chamada de C&A Pay, a partir de dezembro de 2021.

A notícia foi considerada positiva pelas casas de investimentos que cobrem a companhia. Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas da XP Investimentos, enxergam a oferta de crédito proprietária como um diferencial competitivo para varejistas, especialmente com um público-alvo de classes mais baixas. Os analistas estimam que a transação poderá destravar muito valor à medida que ganhe escala.

Por outro lado, os analistas da XP acreditam que os benefícios devem demorar para serem refletidos nos resultados da companhia que deve, primeiramente, investir na construção da equipe e da plataforma para apoiar a operação. Além disso, a migração dos consumidores deve ser gradual à medida que eles vão se familiarizando com o novo serviço.

Em relatório do BBI, os analistas Richard Cathcart, João Andrade e Renan Sartorio afirmaram que a notícia é boa para C&A, pois “resolve’ um problema de longa data que atuou como um obstáculo para o crescimento da empresa. “Devemos, portanto, esperar ver soluções de crédito próprias com maior penetração nas vendas da C&A, com a gestão visando níveis semelhantes aos pares dentro de 3 e 5 anos”, disseram os analistas.

Por outro lado, eles ponderaram ser difícil estimar como exatamente isso impactará no lucro e nas perdas da C&A nos próximos anos, o que dependerá de quantas pessoas vão querer aderir a nova solução de crédito, quantas delas não compravam na loja por não conseguirem acesso à credito (ou seja, quanto isso será incremental às vendas), além das despesas e provisões.

“Acreditamos que a prioridade é acelerar o crescimento no negócio de varejo, em vez de gerar lucro considerável com a operação de serviços financeiros. Um ativo que a C&A usará para acelerar o crescimento é o programa de fidelidade C&A e VC, que atualmente conta com 18 milhões de clientes cadastrados, dos quais aproximadamente metade terá limites de crédito pré-aprovados”, acrescentou a equipe, que tem recomendação neutra e preço-alvo de R$ 8,5 por papel, ante cotação atual na casa de R$ 7,82.

Cálculos iniciais dos analistas do BBI apontam que um aumento de receita de 10 a 20% até 2024 e um pequeno lucro de serviços financeiros a partir do terceiro ano seriam suficientes para cobrir o preço pago ao Bradesco. “Os riscos são comuns a todas as operações de crédito – especificamente o risco de crédito e esta é uma área em que a C&A tem menos experiência do que seus concorrentes. No geral, vemos as notícias como positiva para a C&A, mas isso não nos leva a alterar nossa classificação neutra”, disse a equipe. O banco de investimento estima preço-alvo de R$ 10 para as ações da empresa.

Nova solução de pagamento

A nova solução de pagamento, a C&A Pay, terá como objetivo disponibilizar diferentes serviços ao clientes, como cartão private label, além de acesso à seguros, recargas, saques e empréstimos.

Ele também será integrado ao C&A&VC, programa de relacionamento da varejista que tem atualmente mais de 18 milhões de clientes. Durante apresentação realizada na manhã desta quarta-feira para o mercado, a companhia enfatizou que desde sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) comunicou a importância de endereçar o assunto crédito/ produtos e serviços financeiros – uma das quatro alavancas de seu plano de crescimento. “Entendemos que existe um potencial de geração de valor adicional relevante ao recuperarmos a decisão sobre oferta de produtos e serviços financeiros, com baixo risco de execução dado nosso conhecimento, em função das vendas adicionais do varejo”, mencionou a empresa.

A nota da varejista esclarece que, pelo período de 2 anos, a partir de dezembro de 2021, haverá uma transição na qual as duas soluções (cartão C&A e outros produtos do Grupo Bradesco e do C&A Pay) coexistirão mediante o cumprimento de regras acordadas no contrato.

Ainda de acordo com a companhia, a base atual de cartões C&A da parceria será preservada para que não haja ruptura dos serviços para os clientes. “O Grupo Bradesco continuará sendo um parceiro financeiro importante para a C&A, prestando diversos outros serviços à companhia, inclusive contratados no contexto da recompra, como adquirência, folha de pagamento, serviços bancários e outros”, afirmou a C&A.

O mercado reagiu bem à notícia. Os papéis da varejista avançavam 7,29% por volta das 16h40 desta quarta-feira.

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