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Negócios

Uber em crise? Número de motoristas diminui e usuários enfrentam problemas

22 milhões de usuários utilizam o aplicativo no Brasil, mas problemas têm ficado mais frequentes.

uber

Usuários do aplicativo de transporte Uber (U1BE34) têm relatado problemas ao solicitar uma viagem pela plataforma da empresa, enquanto motoristas também reclamam das condições de pagamento. Impasses envolvendo o serviço não são novos, mas a dificuldade em encontrar um motorista próximo e os cancelamentos das corridas ficaram mais frequentes.

“Pego Uber toda semana para a casa do meu namorado. Esperar 10 minutos para conseguir alguém que aceite a corrida já é quase uma lei. Pela manhã, já cancelaram umas quatro vezes, mas o pior é que só fazem isso depois de um tempo. Você fica esperando e acompanhando no aplicativo para depois de alguns minutos eles cancelarem”, relata Bárbara Siciliato, estudante de zootecnia e moradora da Zona Leste de São Paulo.

Com cerca de 22 milhões de usuários cadastrados no Brasil, a Uber e seus problemas não são exclusividade do país. Uma reportagem da “CNBC” relatou que passageiros europeus também estão sofrendo com cancelamentos e altos preços da plataforma em certas partes do Reino Unido.

“Sempre voltava de Uber do estágio, há 6 quilômetros de casa, mas minha vida começou a virar um inferno. Algumas vezes fiquei mais de 30 minutos esperando por um motorista, entre diversos cancelamentos e tempo de espera. Com isso, comecei a ter atrasos, tendo que implorar por carona e para que os motoristas não cancelassem, então não vi outra alternativa senão me mudar”, declara Giulio Sala, acadêmico de farmácia residente de Florianópolis.

A alta no preço dos combustíveis e a diminuição do número de motoristas não são os únicos causadores da “crise”. Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, o maior problema da plataforma são os percentuais dos valores repassados pela empresa aos motoristas. 

“Isso tem acontecido porque os motoristas estão migrando para outros ramos, devido à alta dos combustíveis e às taxas da Uber, que são bem altas. Depende da corrida, mas eles tiram de 25% a 45%, às vezes até 50%”, relata Vitor Paiva, veterinário e motorista cadastrado no aplicativo.

A insatisfação é crescente de ambos os lados, e não há previsão de melhora.

Alta dos combustíveis

Segundo Eduardo Lima, presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo de São Paulo (AMASP), para contornar a alta do custo com o preço dos combustíveis (que não é coberta pela Uber), os motoristas de aplicativo se veem forçados a escolher quais corridas vão aceitar e cancelam em cima da hora.

Claudomiro Alves, motorista de Uber há 6 meses, diz que, às vezes, a corrida que o motorista pega não vale o tempo que ele gasta para pegar o passageiro. “Com o preço do combustível hoje, não compensa gastar 20 minutos só pra ir buscar, então o motorista cancela”.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até 16 de outubro, o preço médio da gasolina comum no Brasil era de R$ 6,32, o que representa um aumento de 3,3% em relação à semana anterior. O combustível chega ao preço máximo de R$ 7,50. No ano até setembro, o preço nos postos chegou a avançar 32%.

Na última quarta-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que estabelece um valor fixo para a cobrança do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre os combustíveis, na intenção de reduzir os valores repassados aos consumidores. No entanto, os estados afirmaram que a medida não resolverá o problema. O projeto agora foi encaminhado para o Senado.

Uber: cancelamentos e até banimento

No final de setembro, a Uber chegou a banir 0,16% de sua frota de motoristas do aplicativo no Brasil por cancelamento excessivo, segundo nota da empresa. 

“Muitos motoristas estão desistindo. No mês passado, a Uber também fez uma exclusão em massa de 1.600 motoristas, e os que ficaram estão recebendo notificações de que serão punidos”, diz o presidente da AMASP.

Segundo ele, se tivesse havido um reajuste nas taxas e no valor repassado aos motoristas, não haveria problemas com cancelamentos, pois o aumento no preço dos combustíveis não os afetaria tanto.

A escassez de condutores na plataforma tem feito com que a abrangência das distâncias entre usuários e motoristas seja bem maior, o que resulta em um maior tempo de espera.

“Tive um relato de um motorista que estava a 15,9 km de distância do passageiro. O motorista aceita a corrida e, quando abre o mapa com a quantidade de quilômetros que vai percorrer, se depara com uma situação em que vai rodar 9 km, para depois correr 1,5 km na corrida solicitada e ganhar R$ 5,25, que sequer paga o combustível, o que resulta num cancelamento”, diz o presidente da AMASP.

Tem solução para a crise?

“Eles não vão mudar, porque eu posso sair hoje, mas amanhã entra outro que está desempregado. O dinheiro continua entrando para a empresa”, afirma Claudomiro.

A recente “solução” criada pela plataforma foi a opção de embarque rápido, chamada “Uber Prioridade”. Para os motoristas, há uma promoção de indicação de colegas, que gera um bônus de R$ 1 mil.

Eduardo Lima defende que tudo depende da Uber para resolver a situação. Segundo ele, o reajuste das taxas corrigiria os problemas em solicitações de corrida, mas isso ainda não aconteceu.

Procurada pelo InvestNews, a assessoria da Uber não havia retornado com um posicionamento até a última atualização desta matéria.

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