Duas empresas devem disputar nesta sexta-feira (29) o leilão da rodovia Dutra e da BR/101 (SP/RJ): a CCR (CCRO3) e a EcoRodovias (ECOR3), grupos tradicionais na área de concessões rodoviárias no país. O mercado não esperava a vinda de novos investidores, mas contava com a participação daqueles que já estavam aqui, como Arteris e a gestora Pátria.
Especialistas avaliam que não houve um esforço muito grande por parte do governo para atrair novos investidores para essa disputa, como a realização de mais road shows (apresentação do projeto a investidores internacionais). Além disso, o tempo de 60 dias para se preparar para o leilão foi considerado curto. “Um investidor internacional, como fundos que ainda não estão aqui, precisa de mais tempo para avaliar todos os detalhes do projeto. São muitas novidades incluídas no processo”, diz o sócio da consultoria Vallya João Pedro Cortez.
Responsável pela movimentação de quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, a Dutra é considerada a “joia da coroa” nas concessões rodoviárias pelo tráfego e por ligar duas das regiões mais ricas do Brasil. Além disso, corta o importante polo industrial do Vale do Paraíba.
Com uma nova modelagem, o governo quer transformar a estrada num modelo para as demais concessões. A rodovia será pioneira na implementação de inovações como o free flow (sistema de cobrança sem praça de pedágio), programa de fidelidade para quem mais usar a estrada e Wi-Fi em toda a sua extensão. O desafio será fazer tudo isso e reduzir em 20% a tarifa de pedágio.
Atualmente, a estrada é administrada pelo grupo CCR, que assumiu a concessão em março de 1996. Na época, a Dutra estava sucateada pela falta de investimentos, e o número de mortos em acidentes era da ordem de 500 pessoas por ano.
Estrangulamento da rodovia
Nestes 25 anos, a rodovia teve muitos avanços na infraestrutura, com inúmeras obras. Mas, aos poucos, começou a enfrentar o estrangulamento das vias, sobretudo nas regiões metropolitanas. Seja em São Paulo, seja no Rio de Janeiro, a Dutra virou quase uma avenida, com intenso tráfego durante todo o dia na chegada às cidades.
O vencedor do leilão terá de investir R$ 15 bilhões. Pelas regras do edital de licitação, o leilão será híbrido. A disputa será pela menor tarifa de pedágio, mas com limite de 15% no deságio. Se mais de um concorrente chegar a esse patamar de desconto, o leilão irá para ofertas de outorgas, sem limite.
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