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Negócios

China investiga excesso de importação de carne bovina e preocupa produtores do Brasil

Importações aumentarem entre 2019 e 2024, o que foi um golpe na indústria chinesa

A China está iniciando uma investigação sobre importações de carne bovina para avaliar se um aumento nas remessas do exterior prejudicou a indústria doméstica, disse o Ministério do Comércio na sexta-feira (27).

A investigação, lançada a pedido de associações da indústria doméstica, deve terminar em oito meses, mas pode ser estendida em circunstâncias especiais, de acordo com uma declaração no site do ministério.

Qualquer medida de salvaguarda tomada pelo maior comprador de carne bovina do mundo pode prejudicar os principais exportadores, como Brasil, Argentina e Austrália.

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As importações aumentaram entre 2019 e meados de 2024, desferindo um golpe na indústria nacional, disseram grupos que representam o setor de pecuária de várias regiões produtoras importantes em suas petições. Os produtores de carne bovina da China estão enfrentando enormes perdas depois que os preços locais caíram para mínimas de vários anos devido ao excesso de oferta e ao consumo lento.

A investigação mais recente e qualquer ação provável podem prejudicar fazendeiros e produtores no Brasil, que responde por quase metade das importações totais de carne bovina da China. Embora o Brasil tenha abraçado laços mais estreitos com Pequim, também resistiu a uma percebida enxurrada de exportações baratas da China.

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O Brasil impôs novas tarifas sobre vários produtos da China e de outras nações asiáticas em outubro, incluindo um aumento de impostos sobre fibras ópticas e cabos, e produtos de ferro e aço.

Na sexta-feira, a Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina disse que estava “acompanhando de perto” a investigação.

“Como um grande parceiro comercial, estamos comprometidos em cooperar com as autoridades chinesas e brasileiras”, disse o grupo em um comunicado.

Algumas investigações anteriores da China contra outros países resultaram em impostos pesados. Ela aplicou taxas antidumping em 2020 à cevada australiana, à medida que as tensões diplomáticas aumentavam entre os dois parceiros comerciais.

Queda nas ações

As ações da JBS SA, a maior empresa de carne do mundo, e de outros produtores brasileiros de carne bovina caíram com a notícia de que a China está iniciando uma investigação sobre suas importações de carne, que aumentaram nos últimos anos.

O maior frigorífico estava entre os piores desempenhos no índice de referência Ibovespa do Brasil na sexta-feira, caindo até 3,3%. A Minerva SA caiu 3,1%, e a Marfrig Global Foods SA perdeu até 7,8%.

O Brasil responde por quase metade das importações totais de carne bovina da China, e o país asiático tem importância semelhante para o país, normalmente comprando quase metade das exportações nacionais de carne bovina.

“É um incômodo, claro”, disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina. Ainda assim, ele diz que os produtores brasileiros podem ser competitivos mesmo em um cenário de tarifas mais altas. O grupo também trabalhará para abrir novos mercados para a carne bovina brasileira na esperança de diversificar as exportações a longo prazo. Os esforços em andamento incluem negociações com o Japão, Vietnã, Coreia do Sul e Turquia, disse Perosa.

O Ministério da Agricultura, o Ministério do Comércio e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil disseram em uma declaração conjunta que o país buscará demonstrar que suas exportações de carne bovina não causam nenhum tipo de dano à indústria chinesa e simplesmente complementam a produção local.

A medida da China também pode ser um golpe para as empresas norte-americanas.

As exportações de carne bovina dos EUA para a China e Hong Kong subiram 16% em outubro para o maior valor em mais de um ano, de acordo com a Federação de Exportação de Carne dos EUA. Ainda assim, as exportações gerais para a China no período de janeiro a outubro caíram 8%. A USMEF disse que está ciente da investigação e monitorará seu progresso.

Na Argentina, o chefe do grupo da indústria de carne bovina argentina Ciccra Miguel Schiariti disse que o país é um exportador muito menor e, portanto, menos provável de ser alvo de quaisquer tarifas potenciais da China.

Algumas investigações anteriores da China contra outros países resultaram em impostos pesados. Ela aplicou taxas antidumping em 2020 sobre a cevada australiana, à medida que as tensões diplomáticas aumentavam entre os dois parceiros comerciais.

Embora o Brasil tenha abraçado laços mais próximos com Pequim, também resistiu a uma percebida enxurrada de exportações baratas da China.

O Brasil impôs novas tarifas sobre vários produtos da China e de outras nações asiáticas em outubro, incluindo um aumento de impostos sobre fibras ópticas e cabos, e produtos de ferro e aço.

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