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Negócios

Chuvas no RS: o pesadelo logístico

Aeroporto Salgado Filho ficará inoperante por tempo indeterminado. Braskem e Gerdau paralisam unidades

O Rio Grande do Sul continua sofrendo com a interdição dos acessos rodoviários e aéreo, e por ora não há sinais de que esse quadro possa melhorar. Nesta manhã, a concessionária Fraport Brasil informou que o Aeroporto Internacional de Porto Alegre (Salgado Filho) seguirá inoperante por tempo indeterminado – antes, a interdição duraria até a próxima sexta-feira (10). Ao mesmo tempo, 102 trechos de 58 rodovias enfrentam bloqueios totais ou parciais.

Os aeroportos das cidades de Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Santo Ângelo seguem operando, mas ainda podem ser impactados pelas condições meteorológicas no Estado, afirma a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR).

Ainda é cedo para calcular o impacto econômico na região. Mas não há dúvidas de que ele será gigante. Várias indústrias instaladas no estado optaram por suspender a operação. É o caso da Braskem, que iniciou a paralisação das atividades nas unidades produtivas no Polo Petroquímico de Triunfo. A decisão foi feita de forma preventiva, diante de um possível cenário de interrupção na captação de água, visando uma parada segura.

A Gerdau paralisou as atividades das unidades de Charqueadas e Riograndense (Sapucaia do Sul), com o objetivo de garantir a segurança de seus colaboradores. A empresa informou, em nota, que essa decisão não afetará as entregas a clientes, e que nenhuma das unidades foi impactada pelos temporais.

Já a BRF acionou o seu plano de contingência no Rio Grande do Sul desde a semana passada, após as fortes chuvas que ocorrem na região. Mas quatro das cinco fábricas da companhia localizadas no estado já voltaram a funcionar hoje e a quinta unidade deve retomar a produção amanhã.

No varejo, a Lojas Renner informou que em torno de 4% do total de suas unidades
estão temporariamente fechadas. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destacou que não tem Centros de Distribuição no estado e que o “impacto de fornecimento de produtos vindos da nossa rede de parceiros é imaterial”.

Impacto no agro

A colheita da soja no Rio Grande do Sul começou no final de março, e 76% da área cultivada já passou pelo processo. A expectativa era de 22 milhões de toneladas, o dobro do ano passado. Mas aí vieram as chuvas. 

“Não acredito que chegaremos nem a 20 milhões de toneladas”, disse Luiz Fernando Fuchs, presidente da Associação dos Produtores de Milho e Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS) à revista Globo Rural.    

“As plantas que estão na lavoura agora serão bastante prejudicadas pelo excesso de água. Podemos dizer que será uma perda quase total”, afirmou. 

LEIA TAMBÉM: O que explica o volume de chuvas no Rio Grande do Sul

Entre 30% e 40% da produção diária de leite no RS, por exemplo, passa por alguma dificuldade para chegar à indústria desde o início das chuvas, de acordo com o Sindilat-RS, o sindicato de produtores de laticínios do estado. 

“Não tem luz, água. A ração para os animais também acabou. Jogamos 12 mil litros de leite fora, hoje de manhã nem conseguimos ordenhar as vacas, por não ter mais combustível”, disse o fazendeiro Diogo Ferraboli à jornalista Gisele Loebleinm, da GZH.

Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, pelo menos 300 foram afetados pelas chuvas, de acordo com a Defesa Civil do estado. Até a tarde de segunda (6), eram 83 mortos e 149 mil desalojados. 

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