
Han Jong-Hee, co-CEO da Samsung e uma das figuras-chave na transformação da gigante sul-coreana na maior empresa de eletrônicos do mundo, faleceu nesta terça-feira aos 63 anos. A causa da morte foi uma parada cardíaca, segundo comunicado da empresa. Ele deixa a esposa e três filhos.
As ações da Samsung chegaram a recuar na bolsa de Seul após a notícia, mas se recuperaram ainda durante o pregão.
Han era um veterano da companhia, com mais de três décadas de trajetória — começou no setor de displays e foi fundamental para que a Samsung superasse rivais japoneses, como a Sony.
“Sua contribuição para o negócio de eletrônicos de consumo é imensurável”, afirmou Sanjeev Rana, analista da CLSA Securities Korea. “Sob sua liderança, especialmente a divisão de TVs manteve uma posição dominante no mercado nos últimos 20 anos.”
Rana destacou que Han teve um papel de supervisão estratégica no setor de smartphones, enquanto o presidente da divisão móvel, TM Roh, cuidava das operações do dia a dia.
Conhecido pelo lema “eterno número 1”, Han era a personificação da cultura de trabalho árduo e resiliência da Samsung. Promovido a vice-presidente em 2021, ele comandou a divisão Device Experience, responsável por TVs, eletrodomésticos e smartphones.
Recentemente, Han liderava a incorporação de inteligência artificial nos produtos da Samsung, antecipando a demanda por dispositivos com funções de IA no cotidiano. Sob seu comando, a empresa passou a equipar geladeiras, lavadoras e aspiradores de pó com chips de inteligência artificial.
Em entrevista à Bloomberg News em janeiro, ele destacou o posicionamento único da Samsung como líder não só em dispositivos móveis, mas também em eletrodomésticos, impulsionando a tecnologia de casas inteligentes. O executivo admitiu que a empresa busca conectar melhor seus 500 milhões de dispositivos vendidos anualmente para compensar falhas em áreas como memórias de alta performance e IA generativa, onde concorrentes levaram vantagem.
Sua morte ocorre em um momento crítico para a Samsung. O avanço de marcas chinesas, com produtos mais baratos e competitivos, ameaça sua liderança global. A empresa também tenta recuperar terreno contra a SK Hynix no mercado de memórias para IA e enfrentar rivais dos EUA e China.
Na assembleia de acionistas da semana passada, Han reconheceu os desafios e afirmou que 2025 seria um ano difícil, mas que a Samsung buscaria fusões e aquisições para impulsionar o crescimento.
Ele dividia a liderança da companhia com o vice-presidente Jun Young-hyun, responsável pelo estratégico setor de semicondutores, enquanto Han gerenciava as demais operações.
“No fim, nosso objetivo é criar produtos que as pessoas nunca imaginaram”, disse Han à Bloomberg em janeiro. Agora, a Samsung terá que seguir sem uma de suas mentes mais visionárias.