Em menos de uma semana, a Cosan transformou cerca de R$ 2,5 bilhões em caixa a partir de sua participação na Rumo. A holding de André Esteves e Rubens Ometto negociou aproximadamente 9,94% do capital da operadora ferroviária e, ao mesmo tempo, manteve a exposição econômica a essas ações por meio de contratos financeiros conhecidos como total return swap. A preços de tela, a Rumo vale R$ 26,9 bilhões na B3.

Na prática, a estrutura funciona de forma semelhante a uma alienação fiduciária: a Cosan transfere temporariamente a titularidade das ações a uma contraparte financeira como forma de viabilizar a operação, sem uma venda definitiva do ativo do ponto de vista econômico.

Com isso, a companhia consegue levantar recursos agora sem deixar de estar exposta ao desempenho da Rumo. Ao ceder as ações, o direito de voto sobre essa parcela passa a quem fica com os papéis, enquanto a holding segue participando da valorização ou desvalorização da ação e do recebimento de dividendos por meio do derivativo, mediante o pagamento de uma taxa financeira.

A Cosan não informou qual foi a contraparte dos contratos de total return swap. No mercado, esse tipo de operação costuma ser estruturado com bancos, que ficam com as ações e fazem a gestão do risco financeiro, enquanto repassam ao cliente a variação do papel mediante o pagamento de uma taxa.

Após as operações, a Cosan informou que sua participação econômica total na Rumo permanece inalterada. A holding detém atualmente 20,33% do capital da operadora ferroviária de forma direta, por meio de ações, e outros 9,94% por meio dos derivativos – sendo 4,96% negociados nesta segunda-feira (22) e outros 4,98% no último dia 15 de dezembro.

Reestruturação

O movimento ocorre em meio à reestruturação financeira do grupo, fundado por Rubens Ometto. Nos últimos meses, a Cosan anunciou um aporte de cerca de R$ 10 bilhões, liderado pelo BTG Pactual, para reforçar sua estrutura de capital e aliviar a pressão sobre o balanço da holding.

Em paralelo, a companhia vem discutindo alternativas para capitalizar a Raízen com outros R$ 10 bilhões, em um esforço para equilibrar a estrutura de capital da empresa de combustíveis, hoje a mais endividada do grupo.