As principais construtoras brasileiras já reportaram seus balanços financeiros referentes ao primeiro trimestre deste ano. Mas quem levou a melhor? Para a XP Investimentos e a VG Research, os resultados vieram mistos.
Os analistas destacaram especialmente os números apresentados pela Cyrela (CYRE3), no segmento de alta renda, além de MRV (MRVE3) e Plano & Plano (PLPL3), na média e baixa renda.
Para Luan Alves, analista-chefe da VG Research, de uma maneira geral as companhias apresentaram resultados melhores, especialmente em rentabilidade, retorno sobre patrimônio (ROE) a e velocidade de vendas.
Ao mesmo tempo, Ygor Altero, da XP investimentos, ponderou que em ambos os segmentos a maioria das empresas ainda relata “pressão na margem bruta, impactadas por custos sob pressão e maiores descontos”.
Veja as análises por segmento:
Média e baixa renda
Altero avaliou que as empresas de baixa renda como Plano&Plano e MRV tiveram desempenho operacional “sólido” em termos de vendas líquidas.
“A Plano&Plano foi o destaque deste trimestre combinando um sólido crescimento no lucro líquido e uma melhoria significativa na margem bruta, superando nossas expectativas”.
Ygor Altero, da XP investimentos
A companhia registrou margem bruta de 36,1% no primeiro trimestre, alta de 8,3 pontos percentuais no comparativo anual, superando as estimativas da XP de 32,2%.
O desempenho foi impulsionado por controle consistente do custos ao longo de 2022 e eficácia no repasse de inflação na carteira de recebíveis, apontou Altero.
Já sobre a MRV, o analista considerou que a empresa apresentou resultados mistos conforme esperado, “embora continue demonstrando sinais de uma recuperação gradual da rentabilidade (principalmente na margem bruta)”. A margem bruta da MRV&CO alcançou 20,9%, acima das estimativas da XP de 20,5%.
Luan Alves, analista-chefe da VG Research, também destacou positivamente a MRV. Segundo sua análise, a companha está bem preparada para entregar resultados melhores, principalmente entre 2024 e 2025, diante dos novos projetos em andamento.
“A empresa esta começando a virar seus resultados, reduzindo a queima de caixa, com perspectivas melhores para frente”, explicou.
Média e alta renda
No segmento de média e alta renda, Luan Alves destacou a rentabilidade elevada da Cyrela. “Foi uma das empresas que mais entregou entre as empresas de alta renda durante um período difícil da economia”, afirma.
“Em um período posterior de melhora, na medida em que o Banco Central consiga reduzir a taxa básica de juros e o arcabouço fiscal passe (no Congresso), a gente deve ter um rali forte dessas empresas, e a Cyrela deve despontar nesse ambiente”
Luan Alves, analista-chefe da VG Research
Altero, da XP, também destacou os dados da Cyrela, com resultados “ligeiramente positivos”, explicados por uma receita líquida “resiliente” atingindo R$ 1,3 bilhão, alta de 4,2% ante o primeiro trimestre do ano passado, e estável em relação as previsões da XP, “devido a sólidas vendas líquidas no trimestre; reconhecimento de receita aumentando, motivado pelo Eden Project, que deve continuar impulsionando o reconhecimento de receita líquida nos próximos trimestres”.
O que esperar?
Para Luan Alves, da VG Research, o setor está passando por uma virada de chave. “A gente teve um 2022 bem fraco, as empresas de alta renda sofreram bastante com relação a velocidade de vendas e estão começando a melhorar os resultados nesse primeiro trimestre. Acho que a dinâmica para o primeiro semestre vai ser de uma melhora contínua”, explica.
Na visão do analista da VG, que tem preferência pelas ações de Cyrela e MRV entre as construtoras listadas, o setor está relativamente barato. “Tem muitos múltiplos descontados. As empresas apresentaram resultados muito ruins em 2022 e muitas ações caíram. Há muitas empresas negociando abaixo de seu valor patrimonial”, diz.
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