O desempenho foi impulsionado por três fatores: crescimento forte nas vendas, aumento da eficiência e avanço das margens. A receita líquida consolidada somou R$ 2,64 bilhões no trimestre, alta de 13,9% na comparação anual.
O destaque ficou para o indicador de vendas em mesmas lojas (aquelas com 1 ano ou mais de operação) para a categoria de vestuário, que cresceu 15,8% — o oitavo trimestre consecutivo de alta. A margem bruta de mercadorias chegou a 53,4%, enquanto a de vestuário foi ainda maior: 57,3%, marcando o sétimo trimestre seguido de expansão.
Analistas têm chamado atenção para a resiliência dessa margem, que segue avançando mesmo diante de um ambiente macroeconômico desafiador e da concorrência crescente no varejo de moda. “É uma combinação de crescimento potente com uma margem crescente, que se multiplica e cria um efeito exponencial de resultado”, diz o CEO André Farber em entrevista ao InvestNews. “Além disso, temos o nosso core forte de serviços financeiros, que continua gerando resultado”, completa.
No trimestre, a operação financeira Midway reportou EBITDA de R$ 111 milhões, com alta de 24,1% sobre o segundo trimestre do ano passado. O segmento segue como um dos pilares do modelo integrado da Guararapes — ao lado da fábrica própria, que abastece cerca de 40% da produção da Riachuelo e tem papel relevante no ganho de produtividade.
A estratégia de investir mais em moda, com foco em produtos de maior valor agregado, também começa a se refletir no portfólio, de acordo com o CEO. Um exemplo é a nova coleção D-Ultra, com tecidos tecnológicos, como aqueles com proteção térmica ou impermeáveis. Toda a coleção é produzida na fábrica de Natal.
Os ganhos operacionais são acompanhados pela queda da alavancagem financeira. A dívida líquida caiu para R$ 772 milhões e a alavancagem recuou para 0,5x, ante 0,7x há um ano. “Essa redução veio toda pela melhora operacional”, afirma o CFO Miguel Cafruni. “A gente conseguiu manter uma geração de caixa muito saudável e destinou boa parte para reduzir a alavancagem, sem depender de venda de ativos.”
Mesmo com o ambiente competitivo mais acirrado — primeiro com o avanço da Shein e, agora, com a chegada da sueca H&M ao Brasil —, a Guararapes se diz preparada para manter o ritmo. “O mercado de moda no Brasil é enorme, com mais de R$ 200 bilhões. A gente ainda tem só 3,5% a 4% de share, então depende da gente executar bem. Se fizermos o nosso trabalho bem feito, ainda tem muito espaço para crescer”, afirma o CEO.
A visão de longo prazo também se reflete na estratégia de capital. Apesar de considerar as ações descontadas, a empresa não vê espaço, por ora, para um programa de recompra. “Queremos aumentar a liquidez do papel. Achamos que o mercado vai reconhecer, com o tempo, essa consistência que estamos entregando: oito trimestres de crescimento, sete de expansão de margem, e agora um lucro recorde”, diz Farber.